Análise: Parceria é o Principal Foco do Programa Espacial do País

Olá leitor!

Segue abaixo uma artigo publicado ontem (09/12) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que parceria é o principal foco do programa espacial do país.

Duda Falcão

CIÊNCIA

Análise: Parceria é o Principal Foco
do Programa Espacial do País

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
09/12/2013 - 21h11

Perda de espaçonave por falha de foguete é uma inevitabilidade no mundo inteiro. Mas a destruição do satélite CBERS-3 é um revés mais sentido porque representava o principal foco do programa espacial brasileiro.

Forjado em 1988, o acordo de cooperação com a China foi durante duas décadas prioridade absoluta no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Originalmente, o programa teria quatro satélites. Acabou ganhando um quinto, no meio do caminho, batizado de CBERS-2B. O atual lançamento seria o quarto da série.

Uma olhadinha no orçamento da Agência Espacial Brasileira em 2012 revela o viés dessa escolha. Quase metade da verba anual destinada a desenvolvimento de satélites (R$ 126,4 milhões) foi para o programa CBERS (R$ 59,6 milhões).

Enquanto isso, outros projetos focados no desenvolvimento de satélites 100% nacionais acabaram escanteados e sofreram atrasos de pelo menos cinco anos, na melhor das hipóteses.

E agora uma quantidade significativa de dinheiro (estima-se um custo de R$ 289 milhões para a parte brasileira do satélite) foi perdida.

Sem o CBERS-3, a única solução é acelerar o desenvolvimento do CBERS-4, para lançá-lo já no ano que vem. E isso provavelmente acarretará em mais adiamentos para os outros projetos sob encargo do INPE.

Moral da história: enquanto o governo mantiver o programa espacial caminhando a conta-gotas, permanece o fantasma de falhas capazes de fazê-lo descarrilar.

FALHAS ANTERIORES

Vale lembrar que o projeto brasileiro de desenvolver um foguete lançador de satélites ainda não se recuperou do acidente na base de Alcântara, no Maranhão, em 2003. Na ocasião, 21 técnicos e engenheiros morreram.

Aquela era a terceira tentativa de lançamento do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), totalmente desenvolvido no Brasil. As duas operações anteriores, realizadas em 1997 e 1999, também haviam fracassado, mas sem produzir vítimas.


Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 09/12/2013

Comentário: A única coisa boa que podemos tirar dessa catástrofe é que o PEB esta na mídia, como talvez não estivesse se o lançamento fosse bem sucedido. Veja o caso do blog, as discussões e a participação dos leitores estão aumentando e isso é muito bom. Quem sabe isto de alguma forma ajude em médio prazo a mudar esta situação ferrando de vez a DILMA e seus energúmenos de plantão.

Comentários

  1. Sem dúvida o que ainda parece mover o nosso moribundo programa espacial são as parcerias internacionais. Talvez seja por isso que o governo ainda tem olhado para o PEB com o fim de liberar alguns recursos.

    Isso parece ser a prova clara que o programa espacial brasileiro está fora da lista de prioridades. Outra prova é o fato de não termos outro objetivo sem ser a tal "missão espacial completa" que se limita a colocar satélites em órbita.

    Ninguém é capaz de pensar em grande?

    - Tentar levar um homem brasileiro em órbita com recursos próprios;
    - Procurar aterrizar na Lua, Marte ou sei lá onde;
    - Ter planos para construir uma estação espacial brasileira;

    Nem tudo pode ser feito a toque de caixa, e vemos que mesmo as parcerias estão sendo feitas dessa maneira, o que em episódios já irritou muitos dos nossos colaboradores. Não existe forma de avançar neste programa espacial se não houver um projeto grande, que implique não somente a simples colocação de satélites mas também os feitos que são ambicionados por outras potencias.

    Infelizmente o problema é bem simples: não existe estímulo.

    Existem idealizadores (visionários), existem técnicos, mas não existe uma classe política que procure impulsionar esse tipo de projeto e que demonstre ambição para isso. "Lá não se pinta, porque é sem vaidade" (Chico Buarque), o pensamento típico de favelas. Não tem ninguém que vise reerguer o orgulho nacional deste país?

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  2. Talvez não me tenha feito perceber. Precisamos de gente "louca" nos nossos institutos de pesquisa. Não é gente que gosta de de dar soluções, porque isso já temos de sobra. Para levar o programa espacial avante é preciso aparecer alguns loucos AFIRMANDO que nós iremos a Marte e à Lua e por homens em órbita, e que o governo tem impedido o sonho (isso se quiserem ao menos completar a Missão Espacial Completa, que já data de 1979 - altura bem diferente da nossa). Talvez o governo para calar os chatos, ambiciosos, termine ao menos com o que tem planeado. Mas o brasileiro ainda tem medo de ser chamado de louco e de sofrer as consequências de visionário. Sinceramente não vejo solução moderada, e muito menos revolucionária (quebrando o pau da barraca), então tem-se que partir para a polemica. Pode parecer meio tosco, mas o que vejo é um pais não avançar por faltar coragem a muitos (para não o dizer de todos).

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    1. Caro Israel,

      Seja por um rompante de "loucura" ou por uma alternativa mais sóbria (que eu proponho a seguir), o que não resta a menor dúvida é que o pessoal diretamente envolvido naquilo que ainda insistimos em chamar de PEB, precisa tomar alguma atitude enérgica para mudar esse estado de torpor no qual todo o programa se encontra.

      A palavra chave é ATITUDE !

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    2. O brasil previsa ousar..
      Decidir ser!

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  3. Então, é como eu digo: se de um orçamento pífio de R$ 126,4 milhões, metade é direcionado para um único satélite, chamar isso de programa espacial, é chamar a TODOS de idiotas.

    O "programa espacial" que o Brasil teria condições de executar com um orçamento desses, é um lançador pequeno (o VLM) e um pequeno satélite científico para acompanhá-lo. Isso se tanto.

    Todo o restante das necessidades de satélites do país deveriam ser supridas por fornecedores internacionais que tenham renomada capacidade para tal, e as verbas deveriam sair dos ministérios que deles fizessem uso.

    Estão tendo vender uma coisa que não são capazes de realizar. Uma grande quantidade de projetos de altíssimo nível sem ter orçamento para isso.

    Só não vê quem não quer.

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  4. O problema é que o programa espacial tem duas mães e cada uma que ser a principal mas só tem um pouquinho de leite, e cada uma tem objetivos diferentes para esta criança. A FAB ve no PEB um programa militar e o VLS um ICBM. A AEB só vê ciência e bem estar social. Para quê serve o PEB? Aonde queremos chegar? É um interesse de Estado?

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  5. Problema é todo politico, as coisas parecem que só funciona se algum politico se beneficiar financeiramente muito em cima dos investimentos.

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  6. Duda, será possível arranjar fotografias do lançamento?

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    1. Caro Rui,

      Até o momento não surgiu nenhuma.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  7. o mais ridículo é o brasil ter uma uma agencia espacial simplesmente administrativa como a AEB, como se um orçamento meia boca desses precisa-se de uma autarquia só para administra-lo. A AEB é pura burocracia inútil, só para dar gasto. os argentinos projetam satélites geoestacionários próprios com a INVAP, uma empresa pequena mas que mostra serviço, que alias também está projetando o nosso reator nuclear multipropósito. O que falta ao PEB, além de dinheiro, é gestão, me parece que um dos pontos que atrasam o VLS é justamente querer complicar muito, imitando os americanos, por exemplo, ao invés de fazer integração horizontal mais simples, eles constroem uma imensa torre de lançamento no maior estilo foguete saturno, que custou uns 200 milhões. os americanos podem fazer extravagancias porque eles tem um orçamento sem igual, mas no Brasil não é possível com o orçamento atual.

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  8. Nesse curto espaço de debate, podemos fazer um resumo:

    1 - Em sociedade, TUDO é política. Na verdade, viver em sociedade é exercitar a política.

    2 - O Brasil tem uns "separatismos" completamente sem sentido, mesmo que com fundamentos históricos. Assim como a tenebrosa separação das nossas polícias entre civil e militar (e agora ainda tem essas guardas municipais), o nosso "programa espacial" permanece dividido entre civis e militares, ficando a Aeronáutica incumbida dos lançadores e Centros de Lançamento e o INPE dos satélites. Pra piorar, um é subordinado ao Ministério da Defesa e outro ao de Ciência e Tecnologia. Uma unificação dessas áreas é condição mínima para um programa espacial planejado de forma integrada.
    3 - É necessário ter dois tipos de metas: uma mais sóbria com o simples objetivo de colocar o Brasil na lista de países que chegaram ao espaço com um pequeno lançador, pode ser o VLS sem os boosters que já está praticamente pronto (e o VLM na sequência), acompanhado de um pequeno satélite de cerca de 100 kg; a segunda meta seria mais arrojada, e viria na sequência. Algumas foram mencionadas acima. Eu gostaria de propor uma extremamente arrojada. Qual seja o desenvolvimento de motores completamente diferentes dos atuais e muito mais avançados do que os que hoje existem.

    Então, um programa espacial coerente com a situação atual é bem simples (no meu ponto de vista é claro), e se resume a poucos itens na sequência.
    1 - Viabilizar um lançador simples e confiável movido a combustível sólido. Na prática um VLS sem os boosters.
    2 - Viabilizar uma plataforma de pequenos satélites científicos de até 100 kg
    3 - Lançar, lançar e lançar esse conjunto o máximo de vezes possível de forma a obter um conjunto extremamente confiável.
    4 - Com o processo de lançamentos em sequencia já em curso, iniciar o projeto de um novo motor completamente revolucionário que irá permitir efetivamente as viagens interplanetárias.

    Reitero aqui, que as necessidades que o país tem hoje de satélites de grande porte, tanto para sensoriamento quanto para telecomunicações, deve ser suprida por fornecedores estrangeiros enquanto o programa espacial que é viável no momento para nós com essa limitação orçamentária.

    Eu sinceramente prefiro ver o Brasil colocar em órbita um satélite bem simples de 100 kg com um lançador próprio, do que ficar tentando colocar em órbita um satélite de quase duas toneladas usando lançadores de outros países sem ter orçamento adequado para tal.

    Esse é um caminho factível proposto para discussão. Isso na verdade deveria ser proposto por alguém com conhecimento técnico e de dentro do programa. Mas já que ninguém parece querer se manifestar e tomar atitudes mais enérgicas nesse sentido, está aí a proposta, mais uma vez aberta para debate.

    Abs.

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  9. Depois de tanta espera, esse é o resultado. O PEB é motivo de risos por todo o planeta, aposto que os EUA vendo a incompetência geral, já nem se preocupa mais em sabotar, vide que o interesse deles com a espionagem era a Petrobrás.
    .

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  10. Estou rezando aqui para que eles não resolvam lançar o CBERS-4 através do Cyclone-4.

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  11. Além da repercussão na mídia outra coisa me faz crer que este acidente pode ter vindo para o bem.
    O projeto CBERS estava marcado por uma espécie de "excesso de êxito" que fazia o Brasil se comportar com excesso de otimismo.
    Isso ficou claro agora com a decisão de não montar o satélite spare do CBERS-3.
    Inclusive acho que o pronunciamento do Vice-presidente do INPE falando em integrá-lo no Brasil como estava previsto de uma imensa falta de visão e SENSO do momento. Se há a possibilidade de integrar um novo satélite com as peças já produzidas a URGÊNCIA gerada pelo insucesso do satélite titular IMPÕE que se o CBERS-3B puder ser integrado que seja feito na CHINA.
    Na verdade o BRASIL é a parte que segura o andamento do programa e a MINHA ESPERANÇA é que as imagens do CBERS-3 sejam TÃO NECESSÁRIAS a China que eles imponham um calendário duro em investimento e tempo para a integração do CBERS-3B com o seguinte adendo, a CHINA precisa deste satélite ou vocês inventem imediatamente e neste cronograma ou faremos o satélite nós mesmos e apenas compraremos diretamente das empresas no Brasil as partes já feitas ou que não pudermos substituir. Um tipo ultimato DÁ ou desce...

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  12. Através do acordo com os chineses o próximo CBERS deve ser feito no Brasil. Também quero ver ser lançado daqui pelo Cyclone 4.

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