Motor de Foguete Chinês Falha e Brasil Perde Satélite CBERS-3

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada ontem (10/12) no site do jornal “O VALE”, destacando que o motor do foguete chinês falhou e o Brasil perdeu o Satélite CBERS-3.

Duda Falcão

REGIÃO

Motor de Foguete Chinês Falha e
Brasil Perde Satélite CBERS-3

Satélite sino-brasileiro caiu após funcionar por 30 minutos;
para direção do INPE, fracasso foi provocado por falha no
último estágio de foguete chinês, que deixou de funcionar
11 segundos antes do previsto

Chico Pereira
São José dos Campos
December 10, 2013 - 05:18

Foto: Flavio Pereira
Pesquisadores do INPE reunidos para avaliar
falhas no lançamento do CBERS-3.

Uma falha no foguete chinês Longa Marcha 4B durante o voo provocou o fracasso do lançamento do satélite sino-brasileiro CBERS-3, que caiu após funcionar durante 30 minutos.

Segundo informações divulgadas ontem pela direção do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos, a falha ocorreu no terceiro estágio do Longa Marcha, onde estava o satélite.

O motor desse estágio, o último do foguete deixou de funcionar 11 segundos antes do previsto.

O CBERS-3 foi lançado, mas não atingiu a velocidade necessária para permanecer em órbita.

A operação de lançamento ocorreu normalmente. O foguete foi lançado no horário previsto, 1h26 ( horário de Brasília), da base chinesa de Taiyuan, distante 776 km de Pequim.

O problema somente foi detectado uma hora após o voo do foguete e confirmado por volta das 4h30.

Segundo o vice-diretor do INPE, Oswaldo Duarte Miranda, o satélite deveria atingir velocidade horizontal entre 7 e 8km/s. No entanto, ficou bem abaixo do previsto. Além disso, o orbitador também foi lançado fora da órbita prevista. Ele deveria atingir 778 km de altitude, mas foi lançado a 720 km.

O Brasil vai permanece até 2015 sem satélite próprio para monitorar desmatamentos, queimadas, safras agrícolas, entre outras aplicações do CBERS-3, que iria substituir o CBERS-2B, desativado em 2010.

Operação

Depois de lançado, o CBERS-3 chegou a funcionar durante 30 minutos.
"Todos os parâmetros do satélite funcionaram. O painel solar foi aberto, o computador de bordo funcionou e o satélite enviou dados do seu funcionamento para o centro de rastreamento", disse o vice-diretor.

Depois de meia hora, os sinais do satélite não foram mais captados. A possibilidade mais provável é que o CBERS-3 tenha reentrado na Terra. Ao cair, deve ter se desintegrado.

"Nenhum centro de rastreio conseguiu identificar a trajetória do CBERS na queda", disse Miranda.

Ele avalia que não houve fracasso porque o satélite funcionou como o esperado.

"Não podemos falar em fracasso, porque o satélite funcionou conforme o previsto. O que ocorreu foi uma falha no lançador", disse Miranda.

As causas da falha no lançador serão investigadas pelos chineses.

Segundo o INPE, o Longa Marcha 4B é um lançador seguro, com bagagem de 34 lançamentos realizados sem nenhum problema.

A operação de lançamento do CBERS-3 custou cerca de US$ 30 milhões. Metade paga pelo Brasil.

Pressão

Brasileiros e chineses vão se reunir hoje na China para tratar da possibilidade de antecipar o lançamento do CBERS-4, gêmeo do CBERS-3, para o próximo ano. Inicialmente, o lançamento está programado para 2015.


Fracasso de Lançamento Frustra Cientistas

O fracasso do lançamento do CBERS-3 provocou um sentimento de frustração entre os pesquisadores do INPE que participam do programa sino-brasileiro.

"É uma ducha de água fria", resumiu o vice-diretor do instituto, Oswaldo Miranda.

Foram nove anos de planejamento, desenvolvimento de tecnologia e contratação da indústria nacional para a produção de componentes para o CBERS-3.

Além disso, o Brasil teve que superar barreiras, como embargo dos Estados Unidos para comprar alguns equipamentos para o satélite.

Os Estados Unidos não autoriza a venda de componentes para programas de cooperação com a China.

José Carlos Neves Epiphanio, coordenador do segmento de aplicações do programa CBERS, disse que os usuários de imagens do CBERS também devem estar frustrados.

"São mais de 30 mil usuários que aguardam pelo kit de imagens do CBERS-3 e que vão ter que esperar pelo CBERS-4", disse o coordenador.

Para ele, a perda do CBERS-3 é como perder um amigo no dia do casamento.

Programa Com China Começou em 1988

O programa CBERS (satélite sino-brasileiro de recursos terrestres) foi iniciado em 1988. Inicialmente, os custos foram rateados na proporção de 30% para o Brasil e o restante para a China. Foram lançados três satélites dessa família. Todos cumpriram a missão prevista. No programa do CBERS-3, a participação Brasileira passou a 50%. O mesmo percentual para o CBERS-4.

Investimento Foi de R$ 160 milhões

O investimento do Brasil no projeto e construção do CBERS-3 foi de R$ 160 milhões somente com contratos com a indústria nacional para o desenvolvimento e produção de componentes e equipamentos para o satélite. Apesar da perda do dinheiro, o INPE avalia que o conhecimento tecnológico alcançado é patrimônio do país.


Fonte: Site do Jornal “O VALE” – 10/12/2013

Comentários

  1. Bom, por tudo que foi divulgado até agora, parece mesmo que o problema ocorreu no último estágio do foguete que tendo desligado antes do previsto, não conseguiu atingir a velocidade necessária colocando o satélite numa órbita muito baixa, ocasionando a reentrada quase imediata do mesmo.

    Os chineses já dão sinais de que a prioridade deles em relação ao projeto CBERS, é completamente diferente da nossa. O que é bastante previsível, pois eles já estão na terceira ou quarta geração desse tipo de satélite enquanto nós estamos presos numa versão melhorada da primeira.

    Então, nessa hora, ninguém para e pensa numa revisão completa desse projeto? Vale realmente a pena insistir nele? Não seria melhor comprar uma solução pronta completa bem mais moderna?

    O acordo com a China, teve sua razão de ser, teve o seu momento político-financeiro. O Brasil, como sempre, não soube aproveitar a oportunidade. Já os chineses, fizeram tudo certo. Usaram o nosso conhecimento, aprenderam, copiaram e evoluíram a nossa tecnologia, melhorando muito a qualidade dos satélites DELES. Como eles já tinham lançadores confiáveis com tecnologia bastante semelhante ao que a Ucrânia está tentando nos fornecer, apesar dos conhecidos problemas ambientais, que por lá ficam em terceiro ou quarto plano, eles hoje estão anos luz à nossa frente.

    Eu sinceramente tenho MUITAS dúvidas se esse projeto CBERS é uma boa alternativa para o país nos dias de hoje. Gostaria de ver uma estudo sério de custo / benefício entre manter esse projeto de um satélite "nacional" de tecnologia já defasada, e comprar um pacote completo usando tecnologia realmente de última geração no exterior.

    O grande resultado prático desse projeto CBERS até hoje, pelo que eu entendi, foi o desenvolvimento local de uma câmera de alta resolução por uma empresa privada nacional, a Opto eletrônica. Tecnologia que a essa altura, até os chineses já dominam. E para piorar, como o Brasil não gera demanda, qual é a empresa que vai conseguir se sustentar com a encomenda de uma dessas câmeras a cada década. Os chineses evidentemente tem uma demanda muito maior, pois já lançaram e continuam lançando vários satélites de monitoração ambiental nesse período.

    Aqueles que ainda tentam defender o PEB devem, em minha opinião, repensar suas posições em relação a esse projeto.

    Não seria muito mais inteligente e útil para o país, que o ministério da agricultura que é um ministério "rico" e privilegiado por esse "governo", comprasse satélites de monitoração ambiental no mercado com verbas do próprio orçamento, evitando dividir o já combalido orçamento do PEB, retirando metade dele para apenas um desses satélites?

    Ficar discutindo se a culpa foi do foguete ou foi do satélite, é dar atenção ao que menos importa no contexto. O que realmente precisa ser discutido é: quem é que está se beneficiando com o projeto CBERS? Uma coisa para mim, é certa: não é o país que se beneficia dele, pois é muito óbvio que existem no mercado opções bem melhores em termos técnicos que o satélite CBERS. Também não é o PEB, que tem metade do seu orçamento anual, que já é muito limitado, direcionado para apenas um satélite, que nesse caso infelizmente acabou falhando. Quem se beneficia com ele? Seriam os “servidores” do INPE? Seria o “governo” e seus interesses políticos internacionais, se é que eles tem esse nível de sofisticação (eu duvido muito).

    Será que alguém da área técnica pode dar um parecer sobre tudo isso? Afinal de contas, sendo estritamente pragmático. Manter esse projeto CBERS é bom para o país, é bom para o PEB como um todo? Eu estou cheio de dúvidas.

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  2. foguete a propelente sólido é instável e difícil controle. O propelente para o VLS tem que ser líquido, querosene mais NOX. O ´solido depois da ignição queima até o final, sem controle. Estamos atrasados 40 anos ou mais nisso. qume o diga Robert Hutchings Goddard, 1926, inventor do foguete a propelente líquido , que impulsionou o SATURNO, foguete que levou o homem a lua.

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  3. Para chegar a uma orbita espacial precisa de velocidade elevadas que um lançamento não pode perder potência. VLS tem que ter propelente líquido

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  4. porque não lançam de Alcântara no Maranhão, CBERS,e a China monta e transporta seus foguetes para cá? Assim acho o CBERS, viável

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