Raupp - Empresas do País Devem Investir em Ciência
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada dia (25/01) no site do jornal
“Folha de São Paulo” destacando que segundo o Ministro Raupp as empresas do
país devem investir em Ciência.
Duda Falcão
Ciência
Empresas do País Devem Investir
em Ciência, Diz Ministro Raupp
Em entrevista à Folha, novo ministro da ciência
reforça papel das parcerias com setor privado
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
25/01/2012 - 11h12
O físico Marco Antonio Raupp assumiu ontem o MCTI (Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação) e já elegeu como prioridade o estímulo da
ciência por meio de parcerias com empresas.
"Temos exemplos de sucesso na ciência brasileira. Precisamos
parar de reclamar de falta de recursos e nos espelhar neles", disse.
Para o físico, que deve seguir a linha de seu antecessor, Aloizio
Mercadante, a ciência que dá certo no país está nos setores de petróleo,
agricultura e aviação, em que as pesquisas são feitas com a colaboração entre
universidades e grandes empresas.
Em entrevista exclusiva à Folha, Raupp afirmou que quer reformular
o programa espacial brasileiro. A ideia é que AEB (Agência Espacial Brasileira)
e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), duas instituições que Raupp
já comandou, parem de concorrer entre si.
Alan Marques - 24.jan.12/Folhapress
Tecnologia e Inovação no lugar de Aloizio Mercadante
Folha - Qual será
o maior desafio da sua gestão?
Marco Antonio Raupp - É estabelecer uma
parceria com o setor produtivo para dar consistência à pesquisa tecnológica no
país.
Folha - Mas poucas empresas
fazem ciência no Brasil.
Raupp - Temos exemplos de empresas que fazem pesquisa de ponta. O
sistema de pesquisa e inovação da Petrobras levou à superação de questões
importantes na produção de petróleo. Importávamos petróleo e, hoje, somos
exportadores. Também temos o bom exemplo da Embrapa [Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária]. Hoje, produzimos no Centro-Oeste, que até há pouco
tempo não tinha nada. Isso sem falar na Embraer [Empresa Brasileira de
Aeronáutica]. Temos de seguir esses exemplos. Há propostas que quero
implementar para isso.
Folha - Quais propostas?
A Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial], que o
[Aloizio] Mercadante deixa para eu implementar. O que a Embrapa fez para a
agricultura a Embrapii tem de fazer para a indústria. Nesse momento em que as
exportações estão caindo, isso é vital.
As empresas têm de investir também. Precisamos criar condições para que
elas vejam que poderão ter benefício econômico a partir de pesquisa. Esse é um
grande desafio para o plano plurianual que vou desenhar para os anos de 2012 a
2015.
Folha - Falta pesquisador no Brasil?
Raupp - Sim. Nossa pós-graduação se concentrou em formar pessoas para as
próprias universidades. Agora, precisamos de gente para trabalhar nas empresas
e nas instituições governamentais. Temos uma brutal necessidade de engenheiros.
É preciso formá-los e trazer gente de fora. O programa Ciência sem Fronteiras
possibilita justamente isso.
Folha - Embrapii e Ciência sem Fronteiras são
projetos da gestão de Mercadante. Seu governo será de continuidade?
Raupp - É o mesmo governo. Não vou reinventar a roda. Minha missão é acelerar a
roda.
Folha - Há grandes projetos
aprovados ainda sem recursos, como o reator multipropósito do Ipen (Instituto
de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o novo anel de luz síncrotron e a
parceria com o ESO (Observatório Europeu do Sul). Qual será a sua prioridade?
Raupp - Esses projetos são importantes para a ciência
brasileira. É preciso viabilizá-los mesmo que tenhamos de distribuir o
orçamento em vários anos. E há outros, como o programa espacial.
Folha - O programa espacial será o foco da sua
gestão?
Raupp - Sempre foi prioridade, mas existem muitos
problemas. Sempre fui crítico à maneira como o sistema espacial está
articulado, com duas instituições concorrendo entre si: a AEB e o INPE. No
ministério, olharei para essa questão.
Folha - INPE e AEB serão unificados?
Raupp - Não, a idéia é manter as instituições de maneira que AEB e INPE
não concorram entre si. Não podemos misturar política espacial com fazer
satélite. Mas INPE e AEB têm de atuar juntas. O governo não quer as duas
trabalhando separadamente porque isso é perder dinheiro.
Folha - O INPE tem sofrido para contratar
pessoas após a aposentadoria de funcionários. Como resolver essa questão?
Raupp - Temos de ter um aparato legal para conseguir
contratar de maneira mais flexível. Mas me pergunto se é o Estado que deve
contratar todas as pessoas para fazer pesquisa no país. É evidente que não. Por
isso insisto nas parcerias com o setor privado.
Folha - As parcerias com o setor
produtivo são a sua estratégia para aumentar os recursos para ciência? Hoje
temos 1,1% do PIB em ciência. A meta para 2010 era 1,5%...
Raupp - Não adianta a gente ficar falando que precisa de
mais recursos para fazer um projeto se não justificamos a proposta. E
precisamos buscar o dinheiro. Não podemos ficar parados esperando alguma coisa
acontecer.
Fonte: Jornal “Folha de São Paulo” - 25/01/2012 - Via NOTIMP do
site da FAB
Comentários
Postar um comentário