A Nova Corrida Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (02/01) no site da
Agência Espacial Brasileira (AEB) destacando a nova Corrida Espacial na Ásia.
Duda Falcão
Notícias
A Nova Corrida Espacial
Quatro países
buscam supremacia asiática na exploração do
cosmos. Mas
disputa política pode levar ao desperdício de recursos
Max Milliano Melo
Estado de Minas
02-01-2012
Brasília – Entre
1957 e 1975, o mundo testemunhou uma das mais acirradas disputas da história.
Durante quase 20 anos, Estados Unidos e União Soviética concorreram pela
supremacia no cosmos, durante a chamada corrida Espacial.
Décadas depois, quando americanos e russos – que herdaram o Programa Espacial Soviético após a
desintegração do país comunista no fim dos anos 1980 – já se tornaram
parceiros, é na Ásia que se desenvolve uma nova disputa. Índia, China, Japão e Coréia
do Sul lideram o movimento, que, segundo um artigo publicado recentemente na
revista científica Nature, pode ter conseqüências negativas para a ciência.
O primeiro dos
quatro países a adquirir experiência Espacial
respeitável foi o Japão, que, tradicionalmente, divide com a Europa o terceiro
lugar na lista dos líderes espaciais. Em crescimento acelerado desde meados dos
anos 1990, a China foi a primeira a desafiar a supremacia japonesa na Ásia. Com
orçamentos pomposos e metas ambiciosas, o país desenvolveu tecnologia capaz de
levar seus taikonautas para fora da Terra. Por último chegou a Índia, que
promete investir pesado no próximo ano para alcançar os vizinhos. Correndo por
fora, com um programa menos suntuoso, mas mais objetivo, está a Coréia do Sul.
Em entrevista ao
Estado de Minas, o pesquisador norte-americano James Clay Moltz, da Escola de
Pós-Graduação Naval de Monterrey, nos Estados Unidos, explica que a nova
corrida Espacial tem duas faces. Por um
lado, ela estimula o avanço científico e aumenta a presença humana no espaço.
No entanto, ela também acirra as tensões já existentes na região. "Parte
do problema da Ásia é que a conquista Espacial está
sendo influenciada pelo histórico geopolítico de rivalidades entre a China e o
Japão, a Índia e a China, ou entre as Coréias", analisa o especialista.
"Mas mesmo entre os países menos desenvolvidos, como Cingapura, Vietnã e
Malásia, estamos vendo a nova rivalidade no espaço", conta.
Uma das conseqüências
do uso de programas espaciais para demonstração de poder, assim como ocorreu
com EUA e União Soviética, é o desperdício de recursos. Exemplo disso foi a
retomada das missões lunares, iniciadas em 2007. "A considerável
competição em ciência Espacial leva
à duplicação das missões. Por exemplo, houve três missões de mapeamento lunar,
feitas por Japão, China e Índia. É um desperdício de recursos", cita
Moltz.
Na visão do
especialista, duas nações atualmente lideram a briga asiática. "Do ponto
de vista científico, o Japão é o líder atual no continente. O país tem a
tecnologia mais sofisticada e se tornou pioneiro no mundo em coleta e retorno
para a Terra de amostras de um asteróide", analisa. "No entanto, do
ponto de vista da tecnologia para o uso militar, quem lidera é a China, que tem
muitos equipamentos, incluindo armas espaciais."
O crescimento
militar Espacial chinês é algo que vem
tomando a atenção tanto dos competidores vizinhos quanto das nações do
Ocidente. "Armas espaciais da China representam uma ameaça potencial para
todos os países. A destruição de um dos seus próprios satélites em um teste
militar em janeiro de 2007 gerou mais de 3 mil peças de lixo Espacial. Ser atingido por um
deles é algo que precisará ser evitado nos próximos 50 anos", alerta.
Impulsionados pela
disputa, os programas espaciais da Ásia representam uma possibilidade de
crescimento para a tecnologia brasileira. Desde 1988, o principal parceiro do
Brasil na região é a China. A cooperação sino-brasileira resultou em três
satélites: os CBERS 1, 2 e 2B. "O último deixou de operar no ano passado.
Eles foram muito importantes para o monitoramento da Amazônia", conta José
Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
"Está tudo acertado para que, em novembro de 2012, seja lançado mais um
satélite, o CBERS 3. A previsão é que o CBERS 4 vá para órbita em 2014."
Cooperação - Embora o país já tenha desenvolvido pequenos
projetos com o Japão, a cooperação ainda não conseguiu engrenar. "Brasil e
Japão têm estruturas e interesses muito diferentes. Ainda não conseguimos
encontrar o denominador comum", diz Monserrat. O mesmo ocorre com a Coréia
do Sul, que desenvolve um programa Espacial parecido com o brasileiro,
focado em lançadores e satélites.
União de Esforços
Em 1970, a Europa tomou a decisão de reunir seus recursos
e tecnologia na Agência Espacial Européia (ESA, na
sigla em inglês), que inclui atualmente 18 países. Esse quadro de cooperação
tem favorecido os esforços conjuntos e reduzido a competição e o desperdício. A
estratégia também tem impedido o surgimento de tensões militares espaciais na
região, garantem os especialistas.
Briga de gigantes
Veja as principais potências espaciais em crescimento na
Ásia
Japão
Gastos anuais: US$ 3,8 bilhões
Funcionários do programa Espacial: 8,3 mil
Lançamentos por ano: 3
Astronautas enviados ao espaço: 9
Principal trunfo: Tradicional colaborador do programa Espacial norte-americano, o
Japão faz parte da Estação Espacial
Internacional (foto), onde construiu os laboratórios Kibô 1 e 2.
Ponto fraco: Apesar da tradição, a colaboração com outros países impediu o país
de desenvolver sua própria tecnologia em várias áreas, como o transporte de
humanos ao espaço.
China
Gastos anuais: US$
2,2 bilhões
Funcionários do
programa Espacial: 80 mil
Lançamentos por
ano: 15
Astronautas
enviados ao espaço: 5
Principal trunfo:
Depois da Rússia e dos Estados Unidos, foi o primeiro país a criar os próprios
equipamentos de visita ao espaço, os foguetes Shenzhou.
Ponto fraco: O país chegou tarde à corrida Espacial.
Apenas na última década o número de lançamentos aumentou. O primeiro vôo Espacial tripulado foi em 2003,
19 anos depois da Índia e 13 depois do Japão.
Índia
Gastos anuais: US$
1,3 bilhão
Funcionários do
programa Espacial: 32 mil
Lançamentos por
ano: 3
Astronautas
enviados ao espaço: 2
Principal trunfo:
Tem um programa híbrido em que desenvolve sua própria tecnologia com
participação de outros países. Em colaboração com a França, por exemplo, surgiu
o PSLV-C18, foguete lançador de satélites.
Ponto fraco: Com
menos recursos financeiros e de pessoal que os vizinhos, o país tem dificuldade
de fazer frente ao avanço chinês e à tradição japonesa.
Coréia do Sul
Gastos anuais: US$
220 milhões
Funcionários do
programa Espacial: 2,5 mil
Lançamentos por
ano: 1
Astronautas
enviados ao espaço: 1
Principal trunfo:
Apesar dos poucos recursos, a Coréia desponta como uma alternativa mais enxuta
à exploração Espacial. Em
2009, o país enviou o KSLV-1, seu primeiro lançador com tecnologia totalmente
própria.
Ponto fraco: Seu
programa ainda é incipiente se comparado aos de Índia, China e Japão. Seus
recursos representam 10% do que é investido pelos chineses.
Fonte: Agência Espacial Brasileira
(AEB)
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