Entrevista com o Gen. Celso José Tiago sobre o SGB
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista com o General-de-Divisão
Celso José Tiago (responsável pelo Programa SGB do Ministério da Defesa) publicada
na edição de dezembro da revista “Tecnologia e Defesa” e postada dia (26/01) no
blog “Panorama Espacial”.
Duda Falcão
Entrevista com o General-de-Divisão
Celso José Tiago, Responsável pelo
Programa SGB no Ministério da Defesa
Revista Tecnologia & Defesa
26/01/2011
Como o projeto do SGB se insere dentro da Estratégia Nacional de
Defesa?
A Estratégia Nacional de Defesa determina que as Forças Armadas realizem
o monitoramento das fronteiras terrestres e marítimas o que pressupõe o
estabelecimento de diferentes sensores ao longo dessas fronteiras, os quais
necessitarão enviar seus produtos para um centro de análise e decisão. Para a
remessa desses produtos, serão necessárias vias de comunicações alternativas,
onde se insere o satélite geoestacionário de comunicações como uma das mais
importantes.
O senhor poderia falar um pouco sobre a importância e a
expectativa com a participação de indústrias nacionais no projeto?
O Brasil, ainda segundo o que estabelece a Estratégia Nacional de
Defesa, doravante terá que investir mais no setor espacial. Penso que teremos,
em médio prazo, dois a três satélites geoestacionários de comunicações
estatais, devendo o primeiro ser lançado em 2014 para operar em banda Ka e X.
Serão necessários ainda satélites de navegação, de vigilância, meteorológicos,
entre outros.
O ideal é que essa demanda venha a ser atendida, de uma maneira
crescente, pela indústria nacional. Para o primeiro satélite a ser lançado em
2014, a Telebras se juntou à Embraer Defesa e Segurança e criaram uma nova
empresa que fará a aquisição do satélite. Após o lançamento e testes em órbita,
o satélite será de propriedade da Telebras, que irá operá-lo, não só no
posicionamento orbital, como nas comunicações em banda Ka. A banda X será
totalmente operada pelo Ministério da Defesa.
Imagina-se que essa empresa, recentemente criada pela Telebras e
Embraer Defesa e Segurança, adquira, paulatinamente, know how no setor espacial
e venha, no futuro, a competir nesse mercado, priorizando a indústria nacional.
Nos últimos anos, o governo brasileiro firmou parcerias
estratégicas com alguns países, dentre os quais França e Itália, que abrangem
cooperação em defesa, inclusive comunicações militares via satélite. Como esses
países podem contribuir para o SGB?
Sabe-se que dificilmente um país passa tecnologia estratégica para
outro. No entanto, o Brasil já possui uma razoável capacidade tecnológica na
área espacial, principalmente no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e no
Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Esse patamar
tecnológico aliado a uma robusta e regular injeção de recursos governamentais
na contratação de pessoal mediante concurso, em pesquisas e nas parcerias com
países possuidores dessa expertise, não há dúvida, colocará o Brasil no caminho
certo para conquistar a tão desejada autonomia tecnológica no setor espacial.
Fonte: Revista Tecnologia & Defesa n.º 127- Dez de 2011 – via Blog
Panorama Espacial
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