Brasil Pode Perder Chance de Usar o Telescópio da ESO
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada ontem (17/01) no site do
jornal “O Estado de São Paulo” destacando que o Brasil pode perder a chance de
usar o maior telescópio do mundo devido até agora não ter enviado a votação no
Congresso o acordo assinado com a ESO.
Duda Falcão
Brasil Pode
Perder Chance de
Usar o Maior
Telescópio do Mundo
País se comprometeu
a aderir a observatório,
mas acordo nem
foi enviado à votação no Congresso
Herton Escobar,
de O Estado de S.
Paulo
17 de janeiro de
2012 | 23h 41
ANTOFAGASTA, CHILE - O Brasil corre sério risco de perder
sua vaga no projeto de construção do maior telescópio do mundo caso não
ratifique seu contrato de adesão ao Observatório Europeu do Sul (ESO) ainda
neste primeiro semestre, alerta o diretor geral da organização, o holandês Tim
de Zeeuw. O acordo foi assinado no fim de 2010 pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), com o compromisso de que seria aprovado até o fim de 2011,
mas até agora não foi enviado para votação no Congresso -- que precisa
ratificar o contrato para que ele se torne válido, por tratar-se de um acordo
entre os governos do Brasil e dos 14 países europeus que já fazem parte do ESO.
Veja também:
Herton Escobar/AE
Frente do telescópio Vista, um dos
instalados no Observatório de Paranal
|
"O contrato diz que, após um ano, ambos os lados
podem pedir uma renegociação", afirmou Zeeuw, em um almoço com jornalistas
brasileiros em Santiago, no Chile, país onde estão localizados os telescópios
do ESO. E deixou claro que, se não houver uma sinalização forte de avanço nos
próximos meses, os países europeus pedirão essa renegociação. Detalhe: sem
garantia de que os descontos concedidos ao Brasil na primeira vez serão mantidos.
Pelo contrato atual, o País tem um desconto de 30% no custo total de
participação pelos primeiros dez anos. Em vez de E$ 370 milhões, poderá pagar
E$ 260 milhões, segundo o ESO, além de outros benefícios.
"Os países membros concordaram com esses termos
porque viram a participação do Brasil como uma vantagem estratégica, mas não
posso garantir que isso será mantido se tivermos de renegociar o
contrato", alertou Zeeuw. Na pior das hipóteses, disse ele, o convite
feito ao Brasil para se juntar ao ESO poderá ser revogado. "Não estou
fazendo uma ameaça, estou apenas afirmando um fato", disse. "Houve
uma decisão unânime por parte dos membros de assinar o acordo com o Brasil, e
esperamos que o País honre seus compromissos."
Zeeuw foi simpático, educado e diplomático durante toda a
entrevista. Mas ficou óbvio que a paciência e a boa vontade dos europeus está
no limite. "É um bom contrato, então não entendo porque deveríamos
renegociá-lo", disse. "Se não houver progressos significativos até a metade
do ano, todo mundo ficará muito descontente."
O contrato foi assinado no final da gestão do presidente
Lula e do ministro Sérgio Rezende. Desde então, Zeeuw diz que não recebeu
nenhum comunicado do novo ministro, Aloizio Mercadante, e que tentou marcar
reuniões com ele, mas não foi atendido. O silêncio do governo foi total.
Assim, é natural que os europeus estejam se perguntando
se poderão, de fato, contar com o Brasil em seus próximos projetos. O mais
audacioso deles, é a construção do Telescópio Extremamente Grande Europeu
(E-ELT, em inglês), projetado para ser o maior instrumento de pesquisa
astronômica do planeta, com um espelho coletor de quase 40 metros de diâmetro
-- cinco vezes maior do que os maiores telescópios atuais. O custo estimado do
projeto é de E$ 1 bilhão, previsto para entrar em operação no prazo de dez
anos.
O projeto do telescópio já está pronto, o local de
construção já foi escolhido (também nos Andes chilenos), e o dinheiro já está
praticamente garantido por parte dos europeus. Se o Brasil não ratificar sua
adesão ao ESO, porém, não só ficará fora do E-ELT como colocará em risco o
andamento do projeto para o outros participantes. "Não podemos começar a
construir o E-ELT sem o Brasil", disse Zeeuw. "Quase todo mundo já
está pronto. Mas precisamos saber exatamente o que vai acontecer daqui para
frente. Neste momento, o Brasil é essencial."
Apesar dos custos envolvidos, a maior parte dos
astrônomos brasileiros apoia a entrada do Brasil no ESO, o que garantiria ao
País direitos iguais de uso da infraestrutura de pesquisa do observatório --
considerado o melhor do mundo em várias áreas da astronomia. Sem falar no
E-ELT. Desde o início de 2011 o Brasil já é tratado como membro do consórcio,
apesar de o contrato não ter sido ainda sancionado pelo Congresso. Os
astrônomos brasileiros já fazem uso das instalações. A bandeira do Brasil
figura no site do observatório (www.eso.org)
e o país é citado como membro em todos os materiais de divulgação do grupo.
Falta o Brasil assinar o que prometeu e começar a pagar sua parte do acordo.
Para o astrônomo Claudio Melo, que trabalha para o ESO há
dez anos, o Brasil não pode abrir mão dessa oportunidade. "É um bonde que
só vai passar uma vez. Se não pegarmos agora, não pegamos nunca mais",
diz. Um país não pode simplesmente pagar para entrar para o ESO. A participação
é permitida apenas via convite formal, e o Brasil seria o primeiro país não
europeu a fazer parte do consórcio.
……
O repórter viajou ao Chile a convite do ESO.
Fonte: Site do Jornal O Estado de São Paulo
Comentário: Olha, sem comentários.
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