Ex-Funcionário da 'Blue Origin' Cria Startup Espacial e Aposta em ‘Design Diferenciado’ Para Foguetes Reutilizáveis
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então amigos, segue agora uma interessante matéria postada
hoje (11/10)
no site ‘Olhar Digital’, destacando
que um ex-funcionário da Blue Origin cria
startup inovadora (Stoke Space) e aposta em ‘Design
Diferenciado’ para reutilizar foguetes de forma mais rápida.
Pois é, olhem ai
amigos, é isso que gostaríamos de observar no Brasil, um grande exemplo
do uso do modelo que chamamos de New Space, mas infelizmente para nós, da
forma como as coisas são conduzidas neste ‘Território de Piratas’ tupiniquim,
isto jamais ocorrerá, não mesmo, especialmente com essa cultura destrutiva que
mina totalmente qualquer iniciativa séria e frutífera de desenvolvimento nesta
área.
Brazilian Space
CIÊNCIA E ESPAÇO
Ex-Blue Origin Aposta em Design Diferenciado para
Reutilizar Foguete de Forma Mais Rápida
Por Flavia Correia
11/10/2022 - 09h44
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Andy Lapsa, um ex-funcionário da Blue Origin que
trabalhou arduamente para ajudar a avançar o desenvolvimento de alguns dos motores de foguetes mais avançados do mundo, tem pretensões
ambiciosas na carreira de engenheiro aeroespacial: ele almeja construir um
veículo com design totalmente novo, que possa ser rapidamente reutilizável.
“É
o inevitável estado final”, disse Lapsa sobre foguetes de baixo custo capazes de decolar, pousar e voar novamente no dia seguinte.
“Isso vai acontecer. É apenas uma questão de quem faz isso e quando”.
Quando trabalhava na empresa de Jeff Bezos, ele ajudou a desenvolver o poderoso motor BE-4,
atuando posteriormente como diretor do programa BE-3. “Eu amo a visão de Jeff
para o espaço”, disse Lapsa em entrevista ao site Ars Technica.
“Trabalhei em estreita colaboração com ele por um tempo em diferentes projetos
e estou basicamente 100% a bordo com a visão. Além disso, acho que diria que
deixarei a história de execução deles falar por si mesma e pensei que
poderíamos nos mover mais rápido”.
Imagem: Stoke Space/Divulgação
Esta pode ser uma maneira educada de dizer que mais de
duas décadas depois que Bezos fundou a Blue Origin, a empresa ainda não
alcançou a órbita — seus voos são classificados como suborbitais. “Enquanto no
voo orbital, a nave consegue circular a Terra, ou seja, partir e retornar à
atmosfera a partir de um mesmo ponto, o voo suborbital não tem velocidade para
completar essa trajetória, então a nave sobe até um ponto máximo e depois cai
de volta à Terra”, afirmou o astrofísico do Centro Universitário FEI, Cássio
Barbosa, em entrevista ao G1.
Assim, três anos atrás, Lapsa e seu colega Tom Feldman,
também cientista de foguetes, começaram a procurar um lugar para fazer a
diferença mais rápido, motivados por um desejo de iniciar a era do baixo custo,
acesso regular ao espaço e ao futuro que poderia desbloquear para a humanidade.
Os engenheiros de propulsão analisaram a indústria dos
EUA, que consistia em dezenas de empresas de foguetes. Depois de verificar
alguns possíveis cenários favoráveis, finalmente, eles consideraram a
SpaceX.
Lapsa disse que ele e Feldman estavam procurando três
ingredientes-chave em uma empresa: foguetes rápidos e reutilizáveis, a equipe
de engenharia certa e uma história de “execução habitual”.
A SpaceX preenchia praticamente todos os requisitos, já que o
foco principal da empresa era o revolucionário e reutilizável foguete Starship.
Além disso, mantinha “a maior e mais talentosa equipe de engenheiros de
foguetes do mundo”, e nenhuma outra empresa voava mais que ela.
No entanto, ainda assim, Lapsa achou que não era o mais
adequado. “Eles, sem dúvida, têm uma incrível história de execução, de coisas
inspiradoras que transformaram absolutamente nossa indústria”, disse o
engenheiro aeroespacial. “Mas, eu acho que há espaço para um estilo diferente
de empresa. Falamos muito com pessoas que saem da SpaceX depois de três, cinco,
dez ou 15 anos. Eles estão exaustos”.
Nascia a Stoke Space
Então, no final de 2019, Lapsa e Feldman não encontraram
outra opção senão fundar sua própria empresa, a Stoke Space, movidos por uma
forte convicção de que o futuro que eles queriam não estava acontecendo — mas
estava ao alcance. “Demos um salto de fé e pulamos de um penhasco”, disse
Lapsa.
A maioria das empresas de foguetes primeiro constrói um
pequeno foguete dispensável como um meio de aprender a chegar ao espaço. No
entanto, a Stoke Space começou com o objetivo de construir um foguete
totalmente reutilizável desde o primeiro dia — não importando se outra empresa
privada ou agência governamental tivesse feito o mesmo ou não.
Primeiro, eles tiveram que criar um projeto que fosse
executável, ou seja, “que não exigia novas descobertas científicas”. Eles
também queriam um veículo que pudesse ser recuperado o mais rápido possível,
para estar pronto para voar novamente já no dia seguinte.
Esses requisitos de alto nível impulsionaram as decisões
de design da Stoke. O foguete teria que ser robusto e capaz de tolerar uma
possível falha sem ser perdido, tudo isso sem exigir inspeções detalhadas ou
reformas significativas entre os lançamentos.
A SpaceX já havia mostrado o caminho no lançamento e
recuperação de primeiro estágio com o Falcon 9 e sua decolagem e pouso
verticais, então o pessoal da Stoke optou por fazer isso com o segundo estágio.
“A indústria realmente não sabe como é um segundo estágio reutilizável ainda”,
disse Lapsa.
Enquanto a pequena equipe trabalhava na engenharia, Lapsa
também começou a aprender noções de arrecadação de fundos financeiros. Como viu
a indústria espacial comercial atrair bilhões de dólares em capital de risco e,
posteriormente, investimento público através de Empresas de Aquisição de
Propósitos Especiais, ele achou que não seria tão difícil levantar dinheiro
para um conceito inovador de lançamento. Mas… ele estava errado.
“A maior surpresa para mim é que é muito, muito difícil
levantar dinheiro”, disse Lapsa. “Você vê um monte de manchetes como XYZ
levanta um zilhão de dólares, e eu estava tipo ‘OK, quão difícil isso pode
ser?’. Bem, é muito difícil. Você tem que ter um nível muito alto de convicção
no que está fazendo para navegar mentalmente nesse caminho”.
Até o fim de 2020, a empresa fechou uma rodada de
financiamento inicial de US$9 milhões (aproximadamente R$46 milhões), que
permitiria um crescimento modesto no ano seguinte.
Com esse financiamento e um projeto de engenharia em
mãos, a empresa acelerou o desenvolvimento. Nos 20 meses que se seguiram desde
sua rodada inicial de financiamento, a Stoke construiu um motor de segundo
estágio, um protótipo para o segundo estágio, turbobombas e instalações de
fabricação. Também aumentou seu número de funcionários para 72 pessoas e
finalizou o projeto geral do foguete, que tem uma capacidade de elevação de
1,65 toneladas para órbita baixa da Terra, em modo totalmente reutilizável.
Estrutura de Aparência Estranha Simula Segundo Estágio
do Futuro Foguete em Teste
No mês passado, a empresa começou a testar seus motores
de estágio superior. O vídeo publicado no Twitter mostra um anel de aparência
intrigante com 15 propulsores discretos disparando por vários segundos.
Segundo a Stoke, a estrutura circular tem três metros de
diâmetro, e seu design é a resposta da empresa para um dos maiores desafios de
obter um segundo estágio de volta da órbita.
Normalmente, um foguete tradicional tem um estágio
superior com um único motor, que tem um bico maior — muitas vezes em forma de
sino — para otimizar o fluxo de escape do motor em um vácuo.
Como todas as partes de um foguete são projetadas para
serem o mais leves possível, esses bicos estendidos são muitas vezes bastante
frágeis porque eles só são expostos acima da atmosfera da Terra. Então, um
problema em recuperar o estágio superior, especialmente se você quiser usar o
motor para controlar e retardar sua descida, é proteger esse grande bico.
Uma forma de fazer isso é enterrar o bico do motor em um
grande escudo térmico, o que exigiria demais da estrutura e da massa, podendo
não ser dinamicamente estável. A solução encontrada pela Stoke foi usar um anel
de 30 propulsores menores.
No vácuo, as plumas desses bicos são projetadas para se
fundir e agir como uma só. E durante a reentrada, com um número menor de
propulsores menores disparando, é mais fácil proteger os bicos.
Outro problema significativo no segundo estágio é
proteger todo o veículo da atmosfera superaquecida durante a reentrada. Os
ônibus espaciais da NASA conseguiam isso com telhas térmicas frágeis, mas essas
peças exigiam 30 mil horas de dedicação dos funcionários para inspeção, testes
e reforma entre os voos.
Lapsa pensou que fazia mais sentido tentar um escudo
térmico regenerativo. A camada externa metálica dúctil do veículo será forrada
com pequenas cavidades para fluir propelente através do material para mantê-lo
frio durante a reentrada. O segundo estágio, portanto, pode retornar à Terra um
pouco como uma cápsula espacial — base primeiro, com o escudo térmico resfriado
regenerativamente.
Stoke Space tem um longo caminho pela frente para chegar
ao espaço. Os testes do motor são um passo importante, mas apenas o primeiro da
longa jornada. Em seguida, virão os testes de “salto” com uma versão em larga
escala do segundo estágio. Esse protótipo não terá uma carenagem como seria
durante o lançamento, mas ainda assim terá mais de 5,5 m de altura.
Inicialmente, os testes serão de baixa altitude, provavelmente
atingindo algumas centenas de metros. “Se houver uma necessidade de engenharia
para ir mais alto, a empresa vai considerar”, disse Lapsa. “Mas, por enquanto,
o objetivo é provar a capacidade de controlar o foguete durante a subida e
descida e fazer um pouso suave”.
Esse é um problema de orientação, navegação e controle
bem importante, especialmente com um novo sistema de propulsores distribuídos.
“Este é uma espécie de ponto de prova final desta arquitetura”, disse Lapsa. “É
novo. É diferente. É estranho, não é? É original. Havia um monte de perguntas
que tínhamos sobre como essa coisa vai funcionar. Mas já mitigamos muito
risco”.
Se a Stoke conseguir pousar o estágio superior, a empresa
pode avançar com o primeiro estágio e começar a transformar o foguete ainda sem
nome em um veículo orbital.
É justo dizer que Lapsa e Feldman ainda estão caindo
depois de pular do penhasco há três anos. Ainda falta um tempo para
descobrirmos se sua empresa e seu foguete proposto terão um pouso suave.
Comentários
Postar um comentário