Sem Satélites Para Monitorar, Brasil Perdeu Chance de Perceber Óleo Antes
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria postada hoje (22/11)
no site de tecnologia ‘Tilt’ do Portal UOL. Confira!
Duda Falcão
INOVAÇÃO
Sem Satélites Para Monitorar, Brasil Perdeu Chance de Perceber
Óleo Antes
Por Carlos Madeiro
Colaboração para Tilt
22/11/2019 - 04h00
Imagem: Diogo Nigro/Governo do Estado de Pernambuco/AFP
Mancha de óleo em praia de Maragogi, no Alagoas.
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Além da tragédia ambiental por si, o vazamento de óleo no
mar que chegou ao Nordeste e ao Espírito Santo nas últimas semanas mostrou as
falhas brasileiras na área de satélites. O país está bem atrás hoje de países
sul-americanos e foi obrigado a depender de apoio internacional para investigar
o caso —ainda sem resolução.
Um exemplo é o projeto Sabiá-Mar, que estava sendo
desenvolvido com a Argentina e previa —por meio de um termo assinado em 2014— a
construção de dois satélites para monitorar a costa brasileira. Mas a falta de
recursos fez o país sair do projeto.
Por conta da nossa saída, a Argentina resolveu fazer o
primeiro satélite totalmente por lá e devem lançar em 2023", conta ao Tilt
Carlos Augusto Moura, presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira).
Atualmente, o Brasil usa serviços gratuitos ou gasta
altos valores com a compra de imagens de satélites. E estes últimos não são
controlados pelas necessidades do Brasil —ou seja, não se pode deslocar um
satélite para um determinado trecho do oceano em um caso grave como o vazamento
de óleo na nossa costa.
A ideia do Brasil é reativar a parceria com a Argentina
para voltar o projeto. Desde o início do ano, conversas e visitas a argentinos
ocorreram. "A gente modificaria um pouco as condições, mas manteríamos a
parceria", diz.
Segundo Moura, um satélite como o que deve ser feito pela
Argentina custa em torno de R$ 150 milhões e é do tipo de baixa resolução,
usado para monitoramento de áreas mais extensas.
Caso o Brasil já tivesse um satélite desses, diz, poderia
ter percebido a mancha de óleo ainda em alto-mar e poderia monitorar, por
exemplo, sua dispersão.
"Esse satélite tem diversas bandas de observação, e
como supomos que o vazamento foi bem grande, você poderia detectar alguma coisa
anormal na região. Ele seria útil, poderia detectar", conta.
Imagem: Divulgação/INPE
Satélite CBERS para monitoramento de desmatamento.
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Não falta só um satélite...
Entretanto, caso os especialistas brasileiros tivessem
notado a mancha, seria necessário acionar um outro tipo de equipamento: o
satélite-radar, que tem mais poder de resolução e poderia captar imagens mais
próximas.
"A primeira captação seria como uma foto tirada de
longe. Na hora que detecta, seria preciso o satélite de maior resolução. Mas
sabendo [da mancha], poderíamos manobrá-lo para uma determinada área. Por isso
a importância de não falar só em um satélite, mas de uma família de satélites.
Queremos que nosso Programa Espacial tenha um conjunto de sensores",
explica.
A construção de uma satélite-radar é um sonho brasileiro
antigo, mas que tem um custo muito mais alto que o que está sendo pretendido
com a Argentina. Com os cortes de recursos nos últimos anos, a AEB acabou
deixando o projeto de lado.
Mas com a promessa de mais recursos para o próximo ano, o
órgão retomou os estudos para desenvolver um projeto que remonta aos anos 2000
e garantir o que —diz Moura— seria também uma questão de soberania nacional.
"Nosso satélite-radar nos daria, digamos assim, mais
liberdade de investigar algumas áreas em que, às vezes, não há satélites
disponíveis no mercado", conta Moura, sem especificar valores. "É um
satélite bem mais caro, é mais específico. Mas não temos ainda valor, depende
dos requisitos que vamos utilizar.”
Poucos Tipos de Satélites
Segundo Dino Lincoln, professor de pós-graduação em
design e engenharia aeroespacial da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do
Norte), o Brasil possui hoje apenas três categorias de satélites.
O primeiro deles são os SCD, sigla para satélites de
coleta de dados. "Eles basicamente recebem dados como antenas no espaço.
Com isso a gente consegue ter nosso serviço atualizado de meteorologia e
alimentar aviação", afirma.
Outro tipo é da linha CBERS, que produzem satélites em
parceria do Brasil com a China. No próximo dia 17, haverá o lançamento do CBERS
04A em Tayuan, na China. "Ele é de sensoriamento remoto, não tem como
fazer uma análise profunda", explica.
A última categoria vem de uma parceria com a França: o
SGDC, satélite geoestacionário de estratégia de defesa e comunicações.
"Ele já está mandando banda larga a várias instituições escolas e
instituições em regiões onde a internet normal não chega. Para inclusão, é fantástico",
afirma.
Segundo ele, nenhum dos satélites tem alta resolução, que
poderia ajudar na busca de óleo. "Às vezes também não está em uma posição
para vasculhar esse tipo de coisa."
O coordenador do LAPIS (Laboratório de Análise e
Processamento de Imagens de Satélite), da UFAL (Universidade Federal de
Alagoas), Humberto Barbosa, acredita que também é importante a participação da
indústria brasileira no desenvolvimento de tecnologias espaciais. "Com
isso, haverá uma transferência tecnológica para diversos setores econômicos. A
sociedade também se beneficia", diz.
Ele elogia as parcerias internacionais que o país faz por
meio do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial). "Elas são um bom
exemplo de sucesso, como no caso dos CBERS —que já vamos para o quarto
lançamento. É importante quando o Brasil participa dessas missões, mesmo como
colaborador, porque ele está trocando informações numa área extremamente
estratégica para um país de área continental", diz.
Para ele, a tecnologia satelital beneficia toda economia.
"Quando o governo faz investimento em desenvolvimento na área do espaço,
na área de monitoramento por satélite, significa que a indústria e todos os
segmentos econômicos vão se beneficiar. É uma cadeia que traz benefício para
desenvolvimento tecnológico. Não há dúvida que o investimento é alto, mas o
retorno é garantido em ciência e tecnologia", garante.
Fonte: Site Tilt do UOL - https://www.uol.com.br/tilt
Comentário: Disse o autor da matéria: “Um exemplo é o
projeto Sabiá-Mar, que estava sendo desenvolvido com a Argentina e previa —por
meio de um termo assinado em 2014— a construção de dois satélites para monitorar
a costa brasileira”. Bom leitor, não é bem assim, na verdade essa iniciativa
com a Argentina remota a 10 novembro de 1998, quando foi assinado em Buenos
Aires o “Programa de Cooperação Entre a Agência Espacial Brasileira e a ComissãoNacional de Atividades Espaciais da República Argentina Referente ao ProjetoSABIA-3”, quando então esse satélite era denominado de SABIA-3, ou seja, essa
novela com os argentinos é bem mais antiga e de lá para cá mudou de nome, de
forma, aumentou de tamanho, de número de satélites em diversos negociações realizadas
entre as partes e creio que enchemos o saco dos argentinos com a nossa falta de
foco e de compromisso. Tomara mesmo que agora essa parceria possa sair de
verdade, pois se depender dos Argentinos eles vão lançar o satélite ou
satélites. Quero aqui agradecer ao nosso leitor Bernardino Silva pelo envio
dessa notícia.
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