Presidente da Agência Espacial Brasileira Concede Entrevista Exclusiva ao JP
Olá leitor!
Segue abaixo uma entrevista do presidente da Agência
Espacial Brasileira (AEB), o Sr. Carlos Moura postada hoje (27/11)
no site do “Jornal Pequeno”, um dia antes de sua visita a Região de Alcântara no Maranhão.
Duda Falcão
Presidente da Agência Espacial Brasileira Concede Entrevista Exclusiva ao JP
Engenheiro afirma que Alcântara pode se tornar um polo de desenvolvimento espacial, com ampla repercussão
socioeconômica.
Fonte: Gil Maranhão
Jornal Pequeno
Data de publicação: 27/11/2019
Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o
engenheiro Carlos Augusto Teixeira de Moura visita o Maranhão nesta quinta-feira
(28).
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“Alcântara pode se tornar um polo de desenvolvimento
espacial, com ampla repercussão socioeconômica. Da mesma forma como São José
dos Campos (SP) nucleou o desenvolvimento, no Vale do Paraíba, de um cluster
aeronáutico, acreditamos que Alcântara e São Luís podem desempenhar papel de extrema relevância no
desenvolvimento do setor espacial”.
A afirmação é do presidente da Agência Espacial
Brasileira (AEB), engenheiro Carlos Augusto Teixeira de Moura, que visita o Maranhão
nessa quinta-feira (28). Em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno, em
Brasília, ele falou da agenda intensa que terá no estado até sexta-feira.
Um dos compromissos é uma palestra sobre o status e
desafios do Programa Espacial Brasileiro na Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
onde também vai conhecer a estrutura do Curso de graduação e pós-graduação em
Engenharia Aeroespacial. O curso é fruto de um acordo de cooperação acadêmica e
técnica firmando em 2017, entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
de São José dos Campos, e o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e a UFMA, e
vem sendo realizado em rede com outras universidades do Nordeste.
Carlos Moura falou das expectativas da Agência com o
Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), após a aprovação do Acordo de Salvaguardas
Tecnológicas (AST) pelo Congresso Nacional e promulgação pela Presidência da
República, este mês. Também discorreu sobre iniciativas para preparar a
população do Maranhão para melhor usufruir deste projeto. E afirmou que é
possível o Brasil estabelecer acordos com outros países, similares ao feito com
os Estados Unidos, assinado no dia 18 de março deste ano, entre os presidentes
Jair Bolsonaro e Donald Trump, em Washington.
JORNAL PEQUENO – Na sua agenda ao Maranhão, o
senhor priorizou encontro com a comunidade acadêmica para falar sobre o
Programa Espacial Brasileiro. Que tópicos serão abordados nessa palestra?
CARLOS MOURA – Pretendo apresentar o status e os
desafios do Programa Espacial Brasileiro. O mercado espacial passar por expressiva
mudança disruptiva; tanto pelos aspectos técnicos,
como pelos de modelos de negócios e de regulação. Devo
mostrar como esse período de expressivas mudanças traz ótimas oportunidades
para o Brasil reinserir-se com protagonismo nesse mercado. Afinal, temos
infraestrutura, capacidade científica, tecnológica e industrial, academia e
mercado, atributos que nos vocacionam para sermos atores relevantes no mercado
espacial. Finalmente, pretendo destacar ações que estamos empreendendo para ter
um Programa Espacial mais bem preparado para ser um instrumento a serviço da
integração do País, colaborando para viabilizar diversas políticas públicas,
tão essenciais para nosso povo, em particular para o Maranhão.
JP – Após a aprovação do Acordo, que ações e obras
de infraestrutura serão executadas para que a Base de Alcântara entre em pleno
funcionamento? Qual o custo dessas obras (previsão)? Quem vai pagar?
CM – Entende-se o Centro Espacial de Alcântara
(CEA) como um espaço-porto de classe mundial, capaz de fornecer serviços de lançamento
e rastreio para os mais diversos tipos de operadores de sistemas espaciais.
Para a fase inicial, que poderíamos chamar de implantação do CEA, devemos
aproveitar toda a infraestrutura técnica e logística já operada pela Aeronáutica,
com os devidos aprimoramentos para fornecer serviços em bases comerciais. Se considerarmos
apenas o curto prazo e operadores de veículos de pequeno porte, não haverá
necessidade de investimentos em estruturas específicas. No médio prazo, para
operadores de veículos maiores, certamente teremos que considerar a implantação
de complexos de lançamento dedicados. Por ora, pretende-se aprimorar, por exemplo,
o sistema de energia elétrica, as condições para hospedagem e, destaco, a
elevação do aeródromo de Alcântara para a condição de um Aeroporto Internacional. Os
projetos estão em fase de revisão, tendo sido alocados, pela Secretaria de
Aviação Civil, recursos da ordem de R$ 70 milhões (setenta milhões de reais)
para aplicação em pouco mais de três anos.
JP – Acordos similares como este que o Brasil
firmou com os Estados Unidos serão feitos com outros países para uso da Base de
Alcântara?
CM – O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os
EUA é fundamental pelo nível de participação da tecnologia norte-americana nos
sistemas espaciais. De cada dez satélites ou veículos lançadores, oito carregam
algum componente dos EUA. Todavia, já temos acordo similar com outro país, e
deveremos, se demandados, estabelecer o mesmo tipo de compromisso com qualquer
outro país que queira operar de Alcântara e assim o requeira.
JP – Que tipo de programas e parcerias a AEb
pretende firmar com as universidades, institutos técnicos de nível médio para
levar conhecimentos e preparar o maranhense para que ele, na prática, possa se
beneficiar deste novo momento que o AST vai proporcionar ao estado?
CM – Uma das funções da AEB é justamente trabalhar
para o desenvolvimento da capacitação tecnológica do País. Atreladas a isso,
temos atividades de estímulo às vocações para o que se convenciona chamar de STEM (ciência, tecnologia,
engenharia e matemática, na sigla em inglês), onde se incluem as diversas e multidisciplinares
atividades para o campo espacial. Portanto, assim como fazemos no Brasil todo,
precisamos intensificar essas ações no Maranhão, pois Alcântara pode se tornar
um polo de desenvolvimento espacial, com ampla repercussão socioeconômica. Da
mesma forma como S. José dos Campos nucleou o desenvolvimento, no Vale do
Paraíba, de um cluster aeronáutico, acreditamos que Alcântara e S. Luís podem desempenhar
papel de extrema relevância no desenvolvimento do setor espacial.
Temos que lembrar sempre: Alcântara tem condições muito favoráveis
como espaço-porto; os sistemas podem ser os da mais alta qualidade, assim como
os processos de operação; mas tudo isso necessita de engenharia de sistemas e
de operadores bem qualificados para fazê-los funcionar. Ademais, a grande parte
dos recursos espaciais está na prestação de serviços. Logo, precisamos incentivar
nossos jovens a utilizar os sistemas espaciais como ferramenta para viabilizar
serviços, aplicações que resolvam problemas concretos de nosso cidadão. Esse é
o desafio, e o maranhense tem capacidade de vencê-lo.
Fonte: Site Jornal Pequeno do Maranhão - https://jornalpequeno.com.br
Comentário: Pois é leitor, vamos ver no que vai resultar
de produtivo essa visita do Presidente da AEB a Região de Alcântara, mas quem
devia ir não foi ainda, o que é uma pena, enfim... Aproveito para agradecer ao
nosso leitor maranhense Edvaldo Coqueiro pelo envio dessa matéria.
Caro Duda,
ResponderExcluirO presidente da AEB fala de disrupção. Começo a achar que o PR poderia dar um sinal explícito de apoio ao PEB, e tentar entender de perto essa segmentação desfuncional no PEB .
Dados os atrasos deliberados de décadas, o PEB precisa mesmo é de uma "transrupção"!
Infelizmente, por mais que eu queira acreditar em melhoras, parece mais do mesmo. Como sempre "terceirizando" a responsabilidade e mirando o futuro, deixando o presente, agenda para ações atuais, vazia. Tudo depende de parcerias, de investimentos e no estimulo para o desenvolvimento. Nada é para já. Nada é para agora. No geral, não apenas nesta entrevista, vê-se que não há nada de novo para os próximos quatro anos, exceto o aluguel do centro de lançamentos de Alcântara e a torcida para que alguma empresa aeroespacial se interesse por aquilo... Triste...
ResponderExcluirConcordo, Vítor!
ExcluirDo jeito que vai, parece que vai pra lugar nenhum. Estruturas administrativas que se sobrepõem, mas não se compõem.