Astronomia Amadora | Conheça Grupos Que Fazem Encontros Pelo Brasil
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessantíssima matéria postada ontem
(18/11) no site “Canaltech”, tendo como destaque os Grupos de Astronomia
Amadora que fazem encontros pelo Brasil.
Duda Falcão
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Astronomia Amadora | Conheça Grupos Que Fazem Encontros Pelo
Brasil
Por Daniele Cavalcante
Canaltech
18 de Novembro de 2019 às 22h20
A astronomia é uma ciência complexa, mas ela não é feita
apenas por acadêmicos e cientistas de grandes agências espaciais, nem se limita
aos que têm acesso a poderosos telescópios. Em todo o mundo, uma gigantesca
comunidade de astrônomos amadores também observam o céu, fazem descobertas de
novos objetos e fenômenos espaciais, e promovem a divulgação científica.
No Brasil não é diferente. Existem grupos amadores de
astronomia em grandes e pequenas cidades, geralmente organizados por alguém
mais experiente e apaixonado pelo assunto. Esses grupos organizam observações
noturnas do céu e eventos, e mais pessoas são atraídas para participar dessas
atividades. O Canaltech esteve em um desses encontros para conferir de
perto como tudo isso acontece.
O Que é Astronomia Amadora?
Se você é apaixonado por astronomia, também pode se
tornar um astrônomo amador.
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Quando falamos em “astronomia amadora”,s é preciso deixar
claro que o termo “amadorismo” não tem nenhuma relação com o nível de
conhecimento ou a capacidade do astrônomo, muito menos com a ideia de
“principiantes”. Na verdade, muitos deles são formados em alguma área da
ciência e possuem telescópios profissionais, instalados em observatórios
construídos por eles mesmos - embora nada disso seja necessário para se tornar
um astrônomo amador.
Miguel Fernando Moreno, advogado, empresário e Pós
Graduado em Astrobiologia pela UEL, afirmou em entrevista ao Canaltech que “a
Astronomia Amadora é a mais pura expressão da democracia na Ciência”. Ele é
fundador e coordenador do GEDAL (Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de
Londrina), e nos disse que “todos, desde o mais renomado acadêmico, até aquele
senhor analfabeto, todos são iguais à ocular de um telescópio, maravilhando-se
com a beleza do Cosmos”.
Também conversamos com Denis Zoqbi, radialista,
empresário e gestor do Clube de Astronomia de São Paulo (CASP). Praticante de
astronomia desde desde seus 11 anos de idade, após conhecer e frequentar a casa
de grandes notáveis da área, ele afirma que “amador é todo aquele que faz o que
gosta, pela satisfação pessoal de realizar algo que ele em si, ama por si só”.
Amadores em astronomia, de acordo com Denis, costumam ser pessoas versáteis,
que gostam de ler e estudar e no geral são atraídas por cultura. “Amador,
portanto, é todo aquele que gosta de se incluir no Universo como um todo”,
define.
Para diferenciar os amadores dos profissionais,
principalmente no Brasil, Denis explica que a maioria do segundo grupo são
aqueles que estudam física com especialização em astronomia. Assim, “enveredam
na pesquisa científica em busca de conhecimento com método acadêmico”,
tornando-se “profissionais que vivem da astronomia”. No Brasil há poucas vagas
em grandes instituições, e as que existem exigem cada vez mais dos candidatos,
de acordo com o gestor do CASP.
A Importância da Astronomia Amadora
(Foto: Acervo Pessoal)
João Ribeiro e Cristóvão Jacques construíram seu próprio
observatório e se tornaram os primeiros brasileiros a descobrir um cometa.
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O trabalho dos grupos de astronomia amadora é importante
tanto para a comunidade científica quanto para a sociedade. Por um lado,
astrônomos amadores estão sempre fazendo novas descobertas, como é o caso do
canadense Scott Tilley que, em 2018, encontrou um satélite perdido pela NASA
há uma década. Ele montou seu próprio centro de observação em sua casa para
rastrear radiofrequências de satélites e encontrou, por acaso, o Image, desaparecido
desde 2005. Em 2010, o irlandês Dave Grennan descobriu uma supernova enquanto
observava o céu com um telescópio em seu jardim. E há incontáveis outros casos
importantes como estes.
Por outro lado, a astronomia amadora também ajuda a
sociedade em geral a se voltar à ciência e compreender a importância de apoiar
pesquisas científicas. Miguel afirma que ela “é fundamental para ajudar a criar
um sentimento de proximidade e encantamento pela Ciência como um todo”. Em seu
trabalho no GEDAL, Miguel não busca "criar novos cientistas ou
astrônomos”. Seu objetivo é “criar nas pessoas um sentimento que fará com que
elas entendam como fundamental o investimento em Ciência, que sejam cidadãos
conscientes, exigindo de seus representantes uma postura de valorização da
Ciência”.
Denis lembra um outro papel importante dos grupos de
astronomia: o acolhimento de pessoas, fazendo com que “os entusiastas se sintam
acolhidos e pertencentes a um grupo de pessoas iguais a eles”. Denis afirma que
“esta deveria ser a razão de qualquer clube de astronomia existir. Acolher
pessoas”.
O Que Fazem Esses Grupos de Astronomia?
(Foto: Canaltech)
CEDAI, observatório e planetário localizado em Londrina,
reservado para excursões escolares.
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O Canaltech foi conferir de perto um dos encontros
internos do GEDAL no CEDAI (Centro de Estudos Digitais Astronômicos
Integrados), e descobrimos que grupo cria espaços para muito mais do que apenas
observar o céu, pois proporciona oportunidades para que jovens falem de seus
projetos.
Afastado do centro urbano para fugir da poluição luminosa
da cidade, o CEDAI oferece um planetário e um observatório exclusivamente para
excursões escolares, mas abriu uma exceção para que o GEDAL pudesse apresentar
projetos, assistir a sessões de planetário e fazer observações de planetas com
telescópios. No auditório do CEDAI, Miguel colocou o grupo a par das próximas
atividades do grupo e planos para o futuro e, após, jovens apresentaram alguns
de seus trabalhos.
O primeiro foi Lucas Lima Gomes, de 16 anos, estudante do
segundo ano do ensino médio, que, ao lado de seu colega Paulo César de Oliveira
Mitsi, também 16 anos, apresentou um projeto de startup para exploração
espacial. O objetivo é “tornar o espaço possível para todos”, de acordo com
Lucas. “O principal problema para chegar ir para o espaço (órbita) hoje é o
custo altíssimo”, disse ao Canaltech. “Para deixar esse preço mais baixo você
precisa de um modo mais eficiente de lançar a carga ou no nosso caso ter uma
infraestrutura já em órbita que providencie combustível para reabastecer em
órbita”.
(Foto: Canaltech)
Lucas e Paulo César, 16 anos, falam sobre projeto Orion
Dynamics de exploração de asteroides.
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A proposta de Lucas e seus colegas é usar recursos que
podem ser encontrados nos asteroides. Através de mineração espacial, a startup
(que já tem um nome, Orion Dynamics) poderia obter explorar as rochas espaciais
para conseguir água e combustível para foguetes, além de material necessário
para montar os "postos de combustível" e refinarias na órbita
terrestre.
Em seguida, Rafaela Godoy, 17 anos, estudante no primeiro
ano de Química bacharelado na UEL e com iniciação científica no laboratório de
química pré biótica na universidade, fez uma apresentação sobre seu trabalho
com foguetes movidos a água. Trata-se de um experimento comum nas escolas que
ajudam a exemplificar diversas leis da física. Os foguetes são montados com
garrafas pet e posicionados sobre uma base de lançamento construídas com canos
de PVC. A água, pressurizada com um sistema de válvula, é usada como propulsor
para o lançamento.
De acordo com a estudante, o experimento é útil porque é
atrativo. Ao prender a atenção das pessoas com o lançamento do foguete em
eventos de astronomia, é possível trazê-las um pouco mais ao mundo da ciência.
“Até porque nossos eventos envolvem uma galera muito variada, incluindo os que
não são especialistas, e por isso essa atividade serviria como esse meio de
prender a atenção do público”, disse Rafaela. “A ideia também é trazer um pouco
desse conhecimento sobre estrutura funcionamento e comparação com os foguetes
reais para aquele público mais interessado e curioso”, complementou.
(Foto: Canaltech)
Rafaela apresenta seus foguetes movidos à água.
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Por fim, a apresentação do grupo Gravidade Zero, formado
por 22 alunos da UTFPR-LD, trouxe foguetes feitos de PVC ou outros materiais leves
e baratos, movidos a propulsores sólidos à base de nitrato de potássio e
açúcar. O grupo começou em 2014 como uma iniciativa de alunos interessados por
foguetemodelismo. “Um dos grandes motivos para a escolha desse tema foi a
quantidade de aplicações que o nosso estudo pode ter (como sondagem, sistema de
localização, coletor de dados para meteorologia local, e outros)”, relata a
capitã da equipe Ana Carolina Krüger Vidal.
Ana Carolina disse que o Gravidade Zero “preza muito a
passagem de conhecimentos sobre foguete uma vez que no país em que vivemos essa
é uma tecnologia pouco estudada e divulgada, então acreditamos que podemos
fazer a diferença levando conhecimentos básicos pela nossa comunidade”. Além
disso, ela afirma que os conceitos usados nos minifoguetes podem ser aplicados
aos de escala real, “sendo assim estamos a cada dia buscando um jeito novo de
produzir as nossas tecnologias para, quem sabe, solucionar problemas em tamanho
real”.
(Foto: Canaltech)
Os foguetes do grupo Gravidade Zero utilizam motores de
propulsão à base de soluções químicas.
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Em breve, os foguetes de Rafaela e do Gravidade Zero
estarão juntos para reforçar as atividades do GEDAL. “A intenção é formar um
grupo de lançamento de mini foguetes para ser atração nas mais diversas
atividades do GEDAL”, disse Rafaela. Futuramente, ela pretende montar uma
equipe de lançamento de foguetes, e também planeja “eventos exclusivos para
lançamento e competições com os foguetes”.
Olhando Para o Céu
(Foto: GEDAL)
Telescópio instalado no domo geodésico do
observatório no CEDAI.
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Após um lanche colaborativo, assistimos a uma sessão no
Planetário Digital Full-Dome do CEDAI, onde vimos algumas apresentações rápidas
sobre o Sistema Solar e outros passeios espaciais, além de uma sessão exibindo
a posição exata dos corpos celestes no local e horário atuais. Assim, Miguel
nos mostrou algumas constelações conhecidas, constelações utilizadas por outros
povos, e os planetas que logo mais iríamos observar através dos telescópios.
Provavelmente o momento mais esperado do encontro foi a
observação de planetas com o telescópio, que começou por volta das 20h. A
entrada para o observatório do CEDAI é algo que merece um momento de
contemplação. Ao subir as escadas para o andar superior, nos deparamos com uma
sala circular com as paredes cobertas por quadros com temas astronômicos. Perto
da entrada, há uma mesa para exibição dos meteoritos encontrados em Marrocos,
todos com seus devidos certificados de autenticidade.
Subindo mais dois lances de escada, chega-se ao
telescópio do observatório. Trata-se do modelo Meade LX200-ACF, que conta com
305 mm de comprimento focal, instalado em um domo geodésico giratório. Ali,
fomos capazes de observar Júpiter, Saturno, Mercúrio e, eventualmente, alguns
meteoritos que cruzavam o céu. Outro telescópio, emprestado por Lucas, também
foi instalado na varanda do observatório, para que mais pessoas pudessem
observar os planetas. E ali ficamos por horas, ajustando os telescópios para
acompanhar o posicionamento dos planetas no céu, e procurando outras coisas
interessantes para observar.
Os mais entusiasmados permanecem até a meia noite, ou
mais. Às vezes, leva-se mais tempo para focar e manter as lentes voltadas aos
planetas do que olhando para eles. É uma atividade que exige paciência e
colaboração dos mais experientes e, por isso, acaba se tornando também um
momento em que se compartilha conhecimento. Tudo isso em contato não só com o
Universo, mas também com a natureza que cerca o lugar. É uma experiência e
tanto!
Outros Encontros Astronômicos
(Foto: GEDAL)
Em Londrina, o GEDAL promove encontros de observação de
planetas para o público.
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Além de encontros internos, o GEDAL promove eventos para
a população de Londrina (Paraná_. O principal deles é o projeto "Na Rua,
de Olho Pra Lua!", realizado em parceria com o MCTL-UEL (Museu de Ciência
e Tecnologia de Londrina) em uma praça. Lá, o grupo monta vários telescópios
para a observação da Lua, além de apresentar vídeos e palestras com temática
astronômica. Este é o maior projeto de observação astronômica voltada ao
público em geral de todo o país, com um público médio de 500 a 800 pessoas.
“Nas edições onde realizamos uma divulgação um pouco mais forte, temos a
presença entre 1.000 e 1.500 pessoas” relata Miguel. Em 27 de julho de 2018, o
grupo atraiu um público estimado em 7.000 pessoas.
Além do "Na Rua", o GEDAL promove observações
astronômicas em locais mais afastados da cidade, principalmente quando há uma
chuvas de meteoros. Nesses casos, são “algumas centenas de pessoas para
acompanharem conosco, durante toda uma madrugada”, disse o coordenador do
grupo. O GEDAL também organiza eventos como visitas a escolas, em especial da
rede pública, para apresentação de palestras e sessões de observação
astronômica.
Quando perguntamos o que há de mais legal nas atividades
do GEDAL, Miguel responde que dois públicos o deixam “super empolgados”, que
são “as crianças, porque a sensação de estar mostrando um novo mundo para elas,
aguçando a curiosidade sem limites delas, e os idosos, que deixam transparecer
a emoção de ver a Lua, principalmente, com suas crateras e montanhas”. Miguel
conta que esse é o sonho que “muitas vezes é de toda uma vida”, e isso faz com
que ele fique “super emocionado”.
Procure em Sua Cidade
Grupos de astronomia como o GEDAL existem em todas as
regiões do país. De acordo com o Censo Brasileiro de Instituições Astronômicas realizado em 2018
pelo GaeA (Grupo de Apoio em Eventos Astronômicos), são 781 instituições ativas
catalogadas, que você pode pesquisar e entrar em contato.
Caso você não tenha encontrado na sua cidade, saiba que é
possível aprender astronomia mesmo sozinho, sem acesso a equipamentos caros.
Denis, do CASP, deu várias dicas para esses casos. Ele diz que “bons amadores
observacionais precisam, antes de mais nada, estudar”. Ou seja, para se tornar
um astrônomo amador, é preciso ter conhecimento antes mesmo de adquirir os
instrumentos.
Aliás, Denis alerta que mesmo conforme o amador vá se
instruindo melhor, “ele não vai e nem deve começar a observar com telescópios”.
Para ele, “amadores devem começar em astronomia observando os céus a olho nu”,
e só depois de “dominar localização celeste, reconhecer as principais
constelações, e etc, o instrumento que vai acompanhá-lo por toda sua vida
enquanto observador, é um bom binóculos”.
Quanto aos binóculos, a dica de Denis é começar usando
binóculos com ampliação próxima a 10x50. Tenha certeza de que são equipamentos
de boa procedência, sem lentes coloridas ou zoom, porque esses elementos “são
atenuadores de luz que marcas menos compromissadas oferecem para atrair
clientes”. Outra dica dele é buscar na internet conteúdos de boa procedência,
como sites de grandes grupos de astronomia, de grupos envolvidos com pesquisa,
revistas especializadas em ciências espaciais, e redes sociais, além de vídeos
no YouTube por pesquisadores que divulgam a
ciência.
Por fim, vale uma boa dose de paciência. “Astronomia se
faz estudando, observando e absorvendo conhecimento”, finaliza Denis.
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
Comentário: Pois é leitor, sensacional matéria do site
Canaltech, e quero aqui parabenizar o mesmo publicamente, bem como a sua autora
Daniele Cavalcante, por esta grande iniciativa. Pois é, vejam aí Profs. Félix
Santana, Carlos Henrique Machi, João Batista Garcia Canalle, Alysson Nunes
Diógenes, Antônio Carlos Foltran, Paulo Roberto Lagos, Dr. Waldemar Castro Leite, Engs. Lucas Fonseca, Oswaldo
Loureda, José Miraglia, e os fogueteiros Emersson Nascimento, Carlos Cássio
Oliveira, Paulo Gontran, Roberto de Paula entre outros, vejam como o tema
espacial através da Astronomia e do espaçomodelismo tem atraído cada vez mais brasileiros de todas as idades, é simplesmente
sensacional. Notem entre outras coisas a proposta desses jovens Lucas Lima Gomes e Paulo Cesar de Oliveira Mitsi, ambos com apenas 16 anos, de criarem uma Startup espacial para explorar asteroides. Não podemos mais errar amigos, não podemos.
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