Brasil Ganha Rede de Pesquisa Aeroespacial, a BARINET
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (20/11) no site do “Portal
Terra” destacando que o Brasil ganhou Rede de Pesquisa Aeroespacial, a BARINET.
Duda Falcão
INOVAÇÃO
Brasil Ganha Rede de Pesquisa Aeroespacial,
a BARINET
Cientistas de grandes universidades criam 'ponte' entre
academia e indústria em momento de incerteza para o setor
Por Bruno Romani
Portal Terra
Publicado: 20 nov 2019 - 05h11
O setor aeroespacial brasileiro vive um momento de
incertezas. Responsável por absorver boa parte da mão de obra qualificada do
País e dar fôlego a uma gama de empresas, a Embraer está se fundindo com a
Boeing. Além disso, há dúvidas se as verbas para ciência, responsáveis por
fomentar inovação nacional, continuarão a existir. Em meio a esse panorama,
pesquisadores do segmento resolveram agir: desde setembro, está no ar a Brazilian
Aerospace Research and Innovation Network (BARINET, na sigla em inglês),
que pretende ser a porta de entrada para quem olha para a ciência em busca de
inovação.
O projeto é liderado por cientistas do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da Universidade de São Paulo (USP), da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). A intenção é criar uma rede de cooperação para conectar
especialistas na área e fazer a ponte entre a academia e a indústria.
"Queremos aumentar a colaboração para transformar a pesquisa em inovação
que possa ser incorporada a produtos e gerar retorno à sociedade", diz
Emilia Villani, cofundadora do projeto e pesquisadora do ITA.
A princípio, a ideia é que empresas do setor aeroespacial
possam buscar soluções para seus produtos na rede da BARINET, em vez de bater
na porta de cada universidade à procura de especialistas. Ao ser acionada, a
organização poderá designar os membros mais indicados. O projeto tem inspiração
no exterior: criada em 2018, o Swedish Aeronautical Research Center (SARC) faz
a ligação estratégica entre universidades e organizações suecas do setor
aeronáutico.
Ao Estado, Villani garante que a criação da BARINET não
está conectada aos caças Gripen, que o Brasil comprou da sueca Saab por R$ 16,8
bilhões em 2014, mas sim ao contato entre pesquisadores dos dois países. Faz
sentido: o modelo de redes colaborativas acadêmicas para atender a indústria
começa a ganhar corpo no País. Em abril, especialistas brasileiros em
inteligência artificial criaram o Advanced Institute for Artificial
Intelligence (AI²) com propósito parecido.
Por enquanto, a BARINET mapeia as competências de sua
rede e atrai pesquisadores. Universidades interessadas em participar podem
entrar em contato direto com Emilia. Depois, haverá o trabalho de dividir os
especialistas nas muitas áreas do setor, que vão de materiais avançados,
nanotecnologia e armazenamento de energia até inteligência artificial, internet
das coisas e tecnologias de redes.Na hora. "Já não era sem tempo para que uma
iniciativa dessa ocorresse", diz Márcio Peppe, sócio do setor de aviação
da consultoria KPMG. "
No Brasil sempre existiu uma distância muito grande
entre a academia e o mercado. Por aqui, as boas iniciativas do setor, como a
Embraer, foram poucas e isoladas", diz. Segundo ele, o Brasil tem
potencial e vantagens competitivas no setor aeroespacial, mas os esforços precisavam
ser mais bem coordenados.
"Temos de remontar a tripla hélice que foi desfeita
nos últimos 50 anos", diz Paulo Vicente, professor da Fundação Dom Cabral.
Ele se refere ao modelo em que governo, academia e setor privado trabalham
juntos em harmonia. É por conta disso que Embraer e ITA, por exemplo, ficam em
São José dos Campos (SP). O mesmo modelo também ajudou a Suécia a despontar no
setor. "Se não for assim, a academia vai buscar a ciência pela ciência.
Nos últimos anos, a academia se isolou", diz Vicente.
Se a ideia da BARINET decolar, a expectativa não é apenas
trabalhar junto com o setor privado, mas gerar empresas dentro da própria
academia. "Queremos incentivar alunos e pesquisadores a abrirem suas
próprias startups no setor", afirma Emilia.
É um olhar para um conceito não tão novo assim: se há
alguma sacada esperta tecnológica, não espere grandes empresas ou setor público
para botar em ação. Com um ecossistema de startups orbitando em torno de si, a BARINET
espera melhorar o diálogo com o setor privado e também encontrar mais um
destino para a mão de obra que está sendo formada no País.
Aceleração - A dinâmica mais veloz de startups também pode
acelerar os processos do setor aeroespacial, conhecido por sua cautela em
relação à segurança. "A turbina de aviões a jato demorou quase 50 anos
para ser posta em prática. Se existir uma entidade que consiga reunir
informações e montar uma linha cronológica de pesquisa, pode ser genial",
explica Lie Pablo Graça Pinto, professor de mecatrônica do INSPER.
É um mercado com espaço gigante: segundo a consultoria
The Business Research Company, a indústria aeroespacial deve atingir valor
global de US$ 526,1 bilhões em 2022. Os valores incluem produção, manutenção e
suporte de equipamentos, além de outros serviços.
Os especialistas acreditam que outras áreas importantes para
o País podem se beneficiar de um setor aeroespacial mais inovador. Na
agricultura, podem surgir soluções para mapeamento de solo, monitoramento de
pragas e monitoramento do clima, isso sem contar a importância de observar
queimadas e outras atividades de impacto ambiental. "Falta também uma
aeronave para uso robusto em situações críticas de pouso e decolagem em pista
curta que seja economicamente viável. Um modelo desses poderia integrar o
País", diz Peppe, da KPMG.
"Inicialmente, vamos olhar para o que temos de
aviação e depois observar as opções do setor espacial", diz a cofundadora
da rede de pesquisa e inovação. A BARINET começará numa estrutura enxuta -
hoje, não tem nem site. Em termos de recursos, ela consome apenas as horas de
trabalho dos seus participantes. Mas a professora do ITA acredita que a
estrutura poderá ser adaptada à concretização de projetos e trazer um
crescimento.
Fonte: Site do Portal Terra - https://www.terra.com.br
Comentário: Que bom e espero mesmo que seja funcional e que realmente ajude o setor espacial não só se limitando ao setor aeronáutico. Aproveito
para agradecer ao nosso leitor Bernardino Silva pelo envio dessa notícia.
Isso! Acredito que é por aí! A academia tem que abraçar, não segregar. Tenho lá minha formação tradicional mas, no dia a dia, trabalhando com C&T acabei por dividir competência com muita gente talentosa que correu por fora do sistema tradicional de ensino.
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