Brasil Vai Ser Sócio de Telescópio Gigante no Chile
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada dia (04/08) no blog do jornalista
“Herton Escobar” do jornal “O Estado de São Paulo”, destacando que Brasil vai
ser sócio de telescópio gigante no Chile.
Duda Falcão
Brasil Vai Ser Sócio de Telescópio
Gigante no Chile
MCTI confirmou
que vai se juntar à iniciativa da Fapesp, de aderir ao
consórcio
internacional do Telescópio Gigante de Magalhães (GMT),
que será
construído no Deserto do Atacama até 2020.
Cada parte
entrará com US$ 20 milhões.
Herton Escobar
Segunda-feira, 04/08/14
Crédito: GMT Project
Ilustração do mosaico de espelhos do GMT, refletindo a Via Láctea. |
O Brasil está próximo de se tornar sócio de um dos
maiores telescópios do futuro, o Giant Magellan
Telescope (GMT), previsto para entrar em operação por volta de 2020, nas
montanhas do Deserto de Atacama, no Chile. A Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) aprovou um investimento de US$ 40 milhões para
fazer parte do projeto, e já há um compromisso assumido pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de entrar como parceiro na iniciativa –
garantindo, assim, que toda a comunidade astronômica brasileira terá acesso ao
telescópio, e não apenas os pesquisadores paulistas.
Procurado pela reportagem, o MCTI não se pronunciou
oficialmente, mas confirmou a informação de que pretende arcar com 50% do valor
aprovado pela FAPESP – ou seja, US$ 20 milhões. “Ainda não há nada assinado,
mas já temos um acordo”, disse ao Estado o
diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz. “O ministério foi
muito receptivo à oportunidade de abrir o telescópio para a comunidade
científica brasileira como um todo.”
Os US$ 40 milhões garantirão ao País uma participação de
4% no consórcio do GMT; o que significa que 4% do tempo de uso do telescópio
estará reservado para o Brasil. “É uma participação que nos garante um número
razoável de horas de uso e a oportunidade de estarmos suficientemente dentro da
operação para entender e aprender como as coisas funcionam num observatório
desse porte”, avalia Brito Cruz — destacando que, além da participação
científica, abre-se a possibilidade da participação de empresas brasileiras na
construção, operação e desenvolvimento tecnológico do telescópio.
O contrato com o GMT ainda não foi assinado, mas a
aprovação da FAPESP foi
noticiada no site do projeto como um “passo crucial” para a adesão de São
Paulo ao projeto, e comemorada pelo diretor do conselho do GMT, Wendy Freedman.
O consórcio, por enquanto, é formado por 10 instituições: 6 dos Estados Unidos,
3 da Austrália e 1 da Coreia do Sul. O custo total do projeto deve ficar em
torno de US$ 1 bilhão.
A proposta de entrar para o projeto foi apresentada à FAPESP
no final de 2011 por pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo, onde deverá ser
criado também um Centro de Gestão de Grandes Projetos de Astronomia. O
cientista que está a frente da iniciativa é o astrônomo João Steiner, professor
titular do IAG. “Trata-se de um salto quantitativo e qualitativo que firmará a
posição do país como participante pleno da astronomia mundial”, disse Steiner à
Agência FAPESP (veja a reportagem completa em: http://agencia.fapesp.br/19478).
Implicações.
A notícia da adesão do MCTI ao projeto surpreendeu a comunidade astronômica
nacional. A Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) publicou em seu site uma “carta aberta” ao
ministro de Ciência e Tecnologia, Clelio Campolina Diniz, demonstrando surpresa
e uma certa preocupação em relação a essa possibilidade.
“Embora não restem dúvidas quanto aos benefícios que a
adesão a este telescópio trará aos pesquisadores do Estado de São Paulo,
alertamos que este assunto não foi discutido em nível nacional e suas
implicações aferidas pelos astrônomos brasileiros dentro de um Plano Nacional
de Astronomia”, diz a carta.
Associado a isso, há uma preocupação com relação às
possíveis implicações do acordo com o GMT para o andamento da proposta de
adesão do Brasil ao Observatório Europeu
do Sul (ESO), outro grande consórcio astronômico internacional, que já
opera vários telescópios de grande porte nos Andes chilenos e planeja construir
o maior de todos eles nos próximos anos, chamado European Extremely Large
Telescope (E-ELT).
A proposta de adesão do Brasil ao ESO — que garantiria
participação brasileira no E-ELT e ampliaria o acesso de astrônomos brasileiros
aos telescópios já existentes
— foi aprovada em 2011 pelo MCTI e encaminhada ao Congresso para aprovação em
fevereiro de 2013, com um valor negociado EU$ 260 milhões (US$ 350 milhões,
ou R$ 790 milhões, em valores atuais, aproximadamente), distribuído ao longo de
dez anos. O projeto é apoiado pela maioria da comunidade científica da área,
mas o alto custo envolvido faz com que ele seja frequentemente questionado, e
há pouco empenho político para sua aprovação.
“No intuito de impulsionar este processo, em 4 de junho,
houve uma reunião de representantes da SAB com a Secretária Executiva do MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão),
Eva Maria Dal Chiavon, Dep. Jorge Bittar (PT-RJ) e Hudson Mendonça (MCTI).
Nesta reunião decidiu-se que o MCTI prepararia uma contra proposta para uma
renegociação do valor do acordo ESO, considerado alto pelo MPOG. Porém até o
presente momento, ainda não tivemos notícias sobre o andamento das negociações,
sobre as quais aproveito para indagar a respeito”, diz a carta da SAB, assinada
por sua presidente, a astrônoma Adriana Válio.
Procurada na noite de quinta-feira, a assessoria de
comunicação do MCTI informou que o ministro Campolina não tinha conhecimento da
carta.
“São ambos projetos importantes e acredito que os jovens
pesquisadores brasileiros se beneficiariam nos dois os casos. Entretanto, os
benefícios são diferentes e é importante que tais diferenças sejam claramente
detalhadas e discutidas com todos os interessados antes que qualquer decisão
seja tomada”, disse ao Estado Emille Ishida, pós-doutoranda do Max Planck
Institute for Astrophysics, na Alemanha, e representante do grupo Jovens
Astrônomos Brasileiros.
Brito Cruz, da FAPESP, acredita que os projetos não são
excludentes. “Acho que são duas oportunidades que se somam”, concluiu, deixando
claro que a FAPESP não tem nenhum envolvimento com o projeto de adesão ao ESO.
SOBRE OS TELESCÓPIOS
Crédito: GMT Project
Ilustração de como será o GMT. |
O Giant Magellan Telescope
(GMT) – Telescópio Gigante de Magalhães, em português – terá
uma área coletora de luz com quase 25 metros de diâmetro, formada por um
mosaico de sete espelhos redondos, com aproximadamente 8 metros de diâmetro
cada um, organizados na forma de uma flor. Ele será instalado a 2,5 mil metros
de altitude no Observatório de Las Campanas, no Deserto de Atacama. Ele poderá
produzir imagens com resolução dez vezes melhor do que as do Telescópio
Espacial Hubble.
Crédito: ESO/L.Calçada
Ilustração de como será o E-ELT. |
O European Extremely Large
Telescope (E-ELT) – Telescópio Europeu Extremamente Grande, em
português – será o maior telescópio já construído, com um espelho primário de
39 metros de diâmetro, formado por um mosaico de aproximadamente 800 espelhos
hexagonais, com 1,4 metro de largura cada um. Ele será construído no topo de
uma montanha chamada Cerro Amazones, 3 mil metros acima do nível do mar, no
Deserto de Atacama.
Crédito: Courtesy TMT
Observatory Corporation
Ilustração de como será o TMT. |
Há ainda um terceiro projeto de telescópio gigante em
andamento, chamado Thirty
Meter Telescope (TMT) — Telescópio de Trinta Metros –,
liderado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), que será
construído no Havaí.
Fonte: Blog do “Herton Escobar“ - 04/08/2014 - http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar
Não seria melhor o Brasil pegar esse dinheiro do ELT e construir o seu próprio telescópio com participação das empresas brasileiras?
ResponderExcluirMais uma vez, essa ditadura populista decide sem ouvir a comunidade, usando "critérios" no mínimo escusos.
ResponderExcluirEu sou apenas um leigo interessado, mas se existem divergências dentro da comunidade de astronomia nacional, deveria ocorrer um amplo debate, porém ágil e objetivo, que tivesse como produto uma decisão fundamentada e de consenso, e o "governo", deveria se submeter a ela, e não o contrário.
Por outro lado, só para não colocar tudo na conta dos "energumenos", a nossa comunidade científica deveria conseguir superar suas divergências e chegar a um consenso sobre o assunto. É, da mesma forma, inadmissível que uma comunidade científica não consiga chegar a um consenso sobre esse assunto.