Em Busca de Galáxias Muito, Muito Distantes

Olá leitor!

Segue abaixo uma pequena e interessante entrevista com a astrônoma brasileira da NASA, Duília Fernandes de Mello, publicada no site da revista “GALILEU” no dia (26/08).

Duda Falcão

Em Busca de Galáxias Muito, Muito Distantes

A pesquisadora da NASA Duília Fernandes de Mello, eleita a profissional
brasileira da área de ciências que mais de destacou em 2013, diz que
gostaria de saber ser existe mesmo vida inteligente em outros planetas

POR ANDRÉ BERNARDO
26/08/2014 - 18H08
ATUALIZADO 18H08

(Foto: Tommy Wiklind, Reprodução)
Espaço, só de longe: "Nunca quis ser astronauta.
Não gostaria de ficar confinada" 

Médica? Não. Bailarina, nem pensar. Sempre que alguém perguntava à jovem Duília Fernandes de Mello o que ela queria ser quando crescesse, a resposta estava na ponta da língua: astrônoma. O interesse veio da curiosidade sobre como as sondas espaciais conseguiam fotografar planetas distantes e como aquelas fotos iam parar nos jornais e revistas da Terra apenas alguns dias depois. “Quando minha mãe soube disso, me levou ao Observatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi lá que eu me apaixonei ainda mais pela Astronomia e decidi que era isso que queria para minha vida”, conta. Aos 50 anos, Duília acaba de ganhar o Prêmio Diáspora Brasil, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores aos cientistas brasileiros que mais se destacaram no exterior. Hoje, ela dá expediente em um dos centros de estudo mais importantes da Nasa, o Goddard Space Flight Center (GSFC), em Maryland. Lá, a sua função é, quem diria, analisar as fotos tiradas pelo telescópio Hubble.

P: Por que o número de mulheres na ciência ainda é tão reduzido?

O número de mulheres cientistas é baixo em todo o mundo. No Brasil, é até razoável; melhor do que nos países do Norte, como Alemanha, Inglaterra e Suécia. O único jeito de mudar isso é mostrando para meninas e meninos que mulheres também fazem ciência. O número de mulheres na NASA é baixo, mas, na faixa etária mais jovem, vem crescendo. A NASA tem um programa que se propõe a incentivar o equilíbrio de gênero e diversidade.

P: O que significou ver seu talento reconhecido pelo seu próprio país com o Prêmio Diáspora Brasil?

Fiquei muito honrada e aproveitei para agradecer ao Brasil pelo investimento feito na minha carreira desde a graduação até o doutorado. Sempre procurei retornar esse investimento. O projeto “Mulher das Estrelas”, por exemplo, é fruto disso. Nasceu como um fã-clube que três meninos brasileiros fundaram há 6 anos e, hoje, é uma página no Facebook onde respondo perguntas de crianças e jovens sobre Astronomia.

P: O governo brasileiro incentiva a Astronomia como deveria?

Nos últimos 10 anos, o investimento vem sendo grande e a formação de novos doutores foi alta. A comunidade ainda é pequena, são cerca de 600 astrônomos, porém, o acesso aos fundos de pesquisa existe e vejo a sociedade astronômica brasileira com bastante orgulho. Pode melhorar se o Brasil aderir ao maior observatório do mundo, o Observatório Europeu do Sul. A entrada alavancará nossa astronomia e teremos uma comunidade bem competitiva.

P: Que avaliação tem do programa espacial brasileiro?

O programa brasileiro continua muito lento e está custando a se recuperar do desastre da explosão em Alcântara, em 2003. O que falta é coragem de investir em ciência espacial. Não dá para fazer ciência espacial com recursos modestos. Ou se investe muito ou se faz parceria com quem investe muito. Mas as parcerias precisam ser levadas a sério e, principalmente, ter uma política a longo prazo, que não seja vulnerável à situação política do país.

P: Em 2018, a Nasa pretende lançar o Telescópio Espacial James Webb (JWST), o mais potente já fabricado. O que nós podemos esperar dele?

O JWST será revolucionário. Ele é conhecido como o sucessor do Hubble, mas, na verdade, será bem diferente do Hubble. E vai procurar responder a perguntas bem diferentes também. Estaremos buscando pelas primeiras estrelas e primeiras galáxias. Além disso, ele terá um papel importante também na busca de exoplanetas, ou seja, de planetas localizados fora do nosso Sistema Solar.

P: Se a senhora pudesse escolher, qual dos grandes mistérios do Universo gostaria de desvendar?

Gostaria de saber ser existe vida inteligente em outros planetas. Quem sabe eles não saberiam as respostas para todos os outros mistérios? Não existe evidência científica que sugira que a vida seja algo único do nosso planeta. Como conhecemos apenas um tipo de vida, estamos procurando por planetas que sejam semelhantes à Terra e que estejam na zona habitável, nem muito perto da estrela e nem muito longe dela.

AS DESCOBERTAS DE DUÍLIA

Saiba quais foram as maiores contribuições da astrônoma brasileira para o estudo do espaço:



Fonte: Site da Revista Galileu - 26/08/2011 - http://revistagalileu.globo.com

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