Dados Obtidos Pelo ESO Indicam 'Choque de Estrelas' no 'Sistema HD 148937' Que Ajuda Desvendar Magnetismo de Estrelas Massivas

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[Imagem: ESO/VPHAS+/CASU]
Esta imagem mostra a bela nebulosa NGC 6164/6165, também conhecida como Ovo do Dragão. A nebulosa é uma nuvem de gás e poeira que envolve um par de estrelas chamado HD 148937.
 
No dia 12 de abril, o Portal Inovação Tecnológica noticiou que uma colisão entre estrelas no Sistema HD 148937 revelou o magnetismo em estrelas massivas.
 
É comum que pares de estrelas, a maioria na nossa galáxia sendo binárias, sejam muito parecidos, como gêmeos. No entanto, ao observar o sistema HD 148937, situado no centro de uma nuvem de gás e poeira, os astrônomos encontraram uma peculiaridade: uma das estrelas parece ser significativamente mais jovem que sua parceira. Isso é surpreendente, já que ambas deveriam ter se formado juntas a partir da mesma nebulosa. Além disso, essa estrela mais jovem é magnética, ao contrário de sua companheira.
 
Dados coletados pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) sugerem que originalmente havia três estrelas nesse sistema, com duas delas colidindo e se fundindo. Esse evento violento resultou em uma nuvem circundante e alterou permanentemente o destino do sistema, efetivamente rejuvenescendo a estrela remanescente da fusão.
 
"Detectar uma nebulosa ao redor de duas estrelas massivas é algo raro e nos levou a suspeitar que algo incomum aconteceu nesse sistema. Ao analisar os dados, confirmamos nossas suspeitas," comentou Abigail Frost, astrônoma do ESO no Chile, responsável pelas observações do sistema HD 148937, localizado aproximadamente a 3800 anos-luz da Terra, na constelação da Régua.
 
Hugues Sana, da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, explicou: "Acreditamos que esse sistema originalmente consistia em pelo menos três estrelas; duas delas estavam muito próximas uma da outra em um ponto específico da órbita, enquanto a terceira estava mais distante. As duas estrelas internas colidiram violentamente, originando uma estrela magnética e expelindo material que deu origem à nebulosa. A estrela mais distante alterou sua órbita, formando um par com a estrela recém-formada, que é o binário que vemos hoje no centro da nebulosa."
 
[Imagem: ESO/L. Calçada-VPHAS+/CASU]
Esta coleção de painéis mostra três imagens artísticas que retratam o evento que mudou o destino do sistema estelar HD 148937 e uma imagem astronômica real, esta no último painel. Originalmente, o sistema tinha pelo menos três estrelas (painel superior esquerdo), duas delas próximas, que se chocaram e se fundiram (painel superior direito). Este acontecimento violento criou uma nova estrela, maior e magnética, agora emparelhada com a estrela mais distante (painel inferior esquerdo). A fusão liberou também os materiais que criaram a nebulosa que agora rodeia as estrelas (painel inferior direito).
 
Essas observações ajudam a esclarecer um antigo enigma da astronomia: como as estrelas massivas desenvolvem seus campos magnéticos.
 
Embora campos magnéticos sejam comuns em estrelas de baixa massa, como o nosso Sol, as estrelas mais massivas geralmente não conseguem manter campos magnéticos. No entanto, algumas estrelas de grande massa são magnéticas.
 
Os astrônomos já suspeitavam que estrelas massivas poderiam adquirir campos magnéticos através de fusões, mas esta é a primeira vez que encontram evidências diretas desse fenômeno. No caso do HD 148937, a fusão deve ter ocorrido recentemente. "Esperamos que o magnetismo em estrelas massivas não persista por muito tempo em relação à vida da estrela, então provavelmente observamos esse evento raro pouco tempo após sua ocorrência," concluiu Frost.
 
Saiba mais:
 
Artigo: A magnetic massive star has experienced a stellar merger
Autores: A. J. Frost, H. Sana, L. Mahy, G. Wade, J. Barron, J.-B. Le Bouquin, A. Mérand, F. R. N. Schneider, T. Shenar, R. H. Barbá, D. M. Bowman, M. Fabry, A. Farhang, P. Marchant, N. I. Morrell, J. V. Smoker
Revista: Science
Vol.: 384, Issue 6692 pp. 214-217
DOI: 10.1126/science.adg7700
 
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