Astronomos Descobrem o Maior Buraco Negro Estelar da Via Láctea

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[Imagem: ESO/L. Calçada]
O buraco negro foi detectado pelo balanço que ele gera na estrela que o orbita.
 
Ontem, em 17 de abril, o 'Portal Inovação Tecnológica' divulgou que astrônomos detectaram o buraco negro de origem estelar mais massivo já registrado na Via Láctea. É importante diferenciar buracos negros estelares dos supermassivos encontrados no núcleo das galáxias, como o Sagitário A*, localizado no centro da nossa própria galáxia.
 
De acordo com o portal, esse buraco negro tem uma massa 33 vezes maior que a do Sol. Em comparação, o buraco negro estelar mais massivo anteriormente conhecido na nossa galáxia, o Cygnus X-1, possui apenas 21 massas solares. A descoberta foi feita nos dados do telescópio espacial GAIA, da Agência Espacial Europeia (ESA), devido ao movimento "oscilatório" que ele causa na estrela que o orbita. Recebeu o nome de Gaia BH3.
 
Curiosamente, esse buraco negro está relativamente próximo, a apenas 2.000 anos-luz de distância, na constelação da Águia, tornando-se o segundo buraco negro mais próximo da Terra conhecido. Pasquale Panuzzo, do Observatório de Paris, comentou que "Ninguém esperava encontrar um buraco negro tão massivo tão perto do Sol que ainda não tivesse sido detectado. É o tipo de descoberta que acontece uma vez na vida."
 
É válido mencionar que o Gaia BH3 não é o buraco negro mais massivo da nossa galáxia. Esse título ainda pertence ao Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, com uma massa aproximadamente quatro milhões de vezes a do Sol. No entanto, o Gaia BH3 é o buraco negro de maior massa conhecido na Via Láctea formado pelo colapso de uma estrela.
 
Astrônomos já haviam encontrado buracos negros com massas similares fora da nossa galáxia, utilizando métodos de detecção diferentes. Teorias sugerem que esses buracos negros poderiam se formar a partir do colapso de estrelas com composição química pobre em elementos pesados. Estrelas assim, pobres em metais, perderiam menos massa durante sua vida e, consequentemente, dariam origem a buracos negros de alta massa após seu colapso. No entanto, não havia evidências que conectassem diretamente estrelas pobres em metais a buracos negros de grande massa.
 
[Imagem: ESO/M. Kornmesser]
Esta imagem artística compara três buracos negros estelares da nossa galáxia: Gaia BH1, Cygnus X-1 e Gaia BH3, cujas massas são 10, 21 e 33 vezes superiores à do Sol, respectivamente. O Gaia BH3 torna-se assim o buraco negro estelar mais massivo encontrado até hoje.

Estrelas em sistemas binários tendem a ter composições químicas semelhantes. A estrela companheira do Gaia BH3 apresenta uma composição química pobre em metais, corroborando a teoria de que a estrela que colapsou para formar o buraco negro também era pobre em metais.
 
Mais observações desse sistema podem fornecer mais informações sobre sua história e sobre o próprio buraco negro. O instrumento GRAVITY, instalado no Interferômetro do VLT do ESO, pode ajudar a entender melhor esse objeto, investigando, por exemplo, se o buraco negro está capturando matéria de sua vizinhança.
 
Para saber mais:
 
Artigo: Discovery of a dormant 33 solar-mass black hole in pre-release Gaia astrometry
Autores: P. Panuzzo et al.
Revista: Astronomy and Astrophysics
DOI: 10.1051/0004-6361/202449763
 
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