A Sonda da 'Missão BepiColombo' da ESA/JAXA, Detectou Escape de Gás Oxigênio e Carbono em Áreas Inexploradas do Planeta Vênus
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Imagem: ARTUR PLAWGO / SCIENCE PHOTO LIBRARY/GettyImages
Sonda de missão da ESA e da JAXA detecta espace de gases oxigênio e carbono em região inexplorada de Vênus. |
Ontem, em 15/04, a CNN Brasil divulgou que a sonda da Missão BepiColombo, fruta de uma colaboração entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), identificou vazamentos de gás oxigênio e carbono em regiões ainda não exploradas do Planeta Vênus. Essa descoberta pode ser crucial para entender a evolução da atmosfera venusiana e os processos que levaram à perda de água pelo planeta ao longo de sua história.
Conforme reportado pela CNN, a BepiColombo realizou uma breve passagem por Vênus, fornecendo informações sobre a fuga de gases das camadas superiores da sua atmosfera. A sonda detectou, em áreas inexploradas do campo magnético de Vênus, que o carbono e o oxigênio estão sendo impulsionados a velocidades capazes de escapar da gravidade do planeta. Os resultados foram publicados na revista Nature Astronomy na sexta-feira anterior (12).
Lina Hadid, pesquisadora do Laboratório de Física de Plasma (LPP) e autora principal do estudo, salientou que é a primeira vez que íons de carbono positivamente carregados são vistos escapando da atmosfera de Vênus. Ela sugere que esses íons, geralmente de movimento lento, podem estar sendo acelerados por um "vento" eletrostático ou por processos centrífugos.
No início de sua existência, Vênus tinha características semelhantes às da Terra, incluindo quantidades significativas de água líquida. No entanto, diferente da Terra, Vênus não tem um campo magnético próprio. A interação das partículas solares com partículas eletricamente carregadas cria uma "magnetosfera induzida" fraca em torno do planeta.
Com o passar do tempo, as interações com o vento solar causaram a perda da água venusiana, resultando em uma atmosfera composta principalmente por dióxido de carbono e pequenas quantidades de nitrogênio.
Essa descoberta recente pode oferecer insights sobre como Vênus perdeu sua água ao longo dos anos. Missões espaciais anteriores, como o Pioneer Venus Orbiter da NASA e o Venus Express da ESA, já haviam realizado estudos sobre as moléculas e partículas perdidas por Vênus, mas algumas regiões do planeta ainda não haviam sido exploradas.
Em agosto de 2021, a BepiColombo passou por Vênus em seu caminho para Mercúrio, atravessando a "magnetosheath", uma região onde o vento solar é desacelerado e aquecido. Durante 90 minutos, a sonda coletou informações sobre as partículas nesta região, proporcionando insights sobre os processos que levam à fuga de gases na borda da magnetosheath.
Os dados foram obtidos pelo Analisador de Espectro de Massa (MSA) e pelo Analisador de Íons de Mercúrio (MIA) da BepiColombo durante sua segunda passagem por Vênus. Esses instrumentos fazem parte do pacote de instrumentos Experimento de Partículas de Plasma de Mercúrio (MPPE) e são carregados pelo Mio, o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, da JAXA.
O estudo contou com o auxílio da ferramenta de modelagem climática espacial SPIDER, do Europlanet, que permitiu aos pesquisadores acompanhar o movimento das partículas na "magnetosheath" de Vênus.
Nicolas André, do Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia (IRAP) e líder do serviço SPIDER, enfatizou a importância das medições realizadas durante as passagens por planetas, onde as sondas podem acessar regiões normalmente inacessíveis para espaçonaves em órbita.
Futuras missões, como a Envision da ESA, o VERITAS e a DAVINCI da NASA, e o Shukrayaan da Índia, estão planejadas para explorar Vênus na próxima década. Essas missões ajudarão a compreender melhor o ambiente venusiano, desde a magnetosheath até a superfície e o núcleo do planeta.
Moa Persson, co-autora do estudo e pesquisadora do Instituto Sueco de Física Espacial, destacou que os resultados recentes indicam que a fuga atmosférica de Vênus não pode explicar totalmente a perda de sua água histórica. Este estudo representa um avanço significativo na compreensão da evolução da atmosfera venusiana, e as próximas missões espaciais ajudarão a preencher as lacunas existentes.
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