Encontrados Meteoritos do Bólido Que Explodiu Sobre Tóquio
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (30/07) no
site do “Olhar Digital” destacando que foram encontrados os Meteoritos do Bólido que explodiu sobre
Tóquio.
Duda Falcão
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Encontrados Meteoritos do Bólido Que Explodiu Sobre
Tóquio
Por Colaborador Externo (Por Marcelo Zurita*)
Olhar Digital
30/07/2020 - 18h00
Nas primeiras horas da madrugada de 2 de julho, um grande meteoro foi visto em grande parte da região de Kanto,
no Japão. O bólido seguiu com grande luminosidade na direção nordeste e
explodiu sobre Tóquio, a maior metrópole do planeta. Apesar do fenômeno ter
ocorrido sobre uma das áreas mais populosas do mundo, intrigava o fato de
nenhum meteorito ter sido encontrado até então. Mas no início da semana do dia
13, foram divulgadas as imagens dos primeiros meteoritos dessa queda, e os
cientistas já começaram a estudá-los.
No Japão, existe uma rede de videomonitoramento de
meteoros chamada Sonotaco, que é uma das mais antigas e respeitadas
instituições da área. Ao menos 7 câmeras da Sonotaco registraram o fenômeno, e
essas imagens foram essenciais para determinação da trajetória do meteoro,
velocidade e outras informações importantes. Além disso, duas estações russas
da rede internacional de sensores de infrassom detectaram sinais da explosão do
bólido na atmosfera. A triangulação desses sinais permitiu calcular que a
energia liberada na explosão foi equivalente a 150 toneladas de dinamite.
Com as informações de velocidade e energia total, a IMO
(Organização Internacional de Meteoros) concluiu que o objeto que explodiu sobre
Tóquio era um pequeno asteroide de cerca de 1,5 metros e pesando em torno de
5,5 toneladas. Simulações realizadas pela Bramon (Rede Brasileira de Observação
de Meteoros) indicam que, das 5,5 toneladas iniciais, cerca de 380 quilos da
rocha espacial devem ter chegado ao solo na região mais densamente povoada do
mundo. Mas mesmo com toda divulgação na mídia e com o excelente trabalho dos
japoneses em calcular a área onde possivelmente os fragmentos teriam caído,
nenhum meteorito havia sido encontrado em quase duas semanas de buscas.
Créditos: Sonotaco
Trajetória do bólido.
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Até que, no último dia 13 de julho, o Museu Nacional de
Ciência de Tóquio, anunciou que foram encontrados os dois primeiros meteoritos
associados ao evento e acabou com o mistério.
A Queda
Um morador de um condomínio residencial na cidade de
Narashino, região metropolitana de Tóquio, conta que por volta das 02:30 da
madrugada do dia 2 de julho, logo depois de presenciar a bola de fogo cortar o
céu, ouviu um forte barulho metálico. Pela manhã, ao sair de casa, o morador,
que prefere não se identificar, encontrou um pedaço de rocha no corredor do
prédio, em frente à porta do seu apartamento. Ele também percebeu que a grade
de ferro do corredor estava arranhada e resolveu comunicar o achado ao Museu
Nacional de Ciência. Informado a respeito do bólido ocorrido naquela noite e
que aquele era provavelmente um meteorito, ele resolveu vasculhar o pátio do
condomínio, onde acabou encontrando um segundo fragmento. Os dois fragmentos,
pesando 63 e 70 gramas, foram entregues ao Museu Nacional de Ciência que
analisou e confirmou que ambos eram meteoritos resultantes da bola de fogo
vista naquela noite.
Créditos: Museu Nacional de Ciência de Tóquio
Dois primeiros fragmentos de meteorito encontrados em
Narashino.
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Os meteoritos encontrados no condomínio em Narashino
estavam dentro da área de dispersão de meteoritos calculada pela Sonotaco,
comprovando a excelência do trabalho dos japoneses e indicando que mais
meteoritos daquele bólido devem ser encontrados em breve.
O Meteorito
Provisoriamente chamado de Meteorito Narashino, esse
pedaço de rocha espacial foi previamente classificado como um condrido-H5, uma
classe de meteoritos provavelmente provenientes do manto do Asteroide Hebe, um
dos grandes corpos do Cinturão Principal de Asteroides. Condritos-H tem uma
concentração de Ferro e Níquel acima da maioria dos meteoritos e isso pode ser
facilmente notado nas várias marcas de ferrugem presentes em uma das peças
encontradas no condomínio em Narashino.
Na verdade, a suspeita de que seriam meteoritos de classe
H, surgiu antes mesmo que eles fossem encontrados. Uma das câmeras da Sonotaco
localizada em Tóquio, possui uma filtro que difrata a luz do meteoro como um
prisma, gerando um espectro. A análise desse espectro pode determinar a
composição do meteoroide e, para o bólido de Tóquio, foi percebida uma alta
concentração de Cálcio e Ferro, o que é um indício de um meteorito do tipo H.
Créditos: Sonotaco
Um dos frames do vídeo registrado com espectro em Tóquio.
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Segundo o Museu Nacional de Ciência de Tóquio, os dois
meteoritos se encaixam e parecem fazer parte de um mesmo fragmento que se
partiu no impacto com o prédio. O fato de um deles estar mais enferrujado que o
outro se deve provavelmente às condições meteorológicas daquela noite. Chovia
muito na região de Kanto e certamente o meteorito que foi encontrado na área
externa do condomínio deve ter ficado exposto à muita água durante a noite.
Créditos: Museu Nacional de Ciência de Tóquio
Os dois meteoritos encontrados em Narashino encaixados.
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Origens
A associação entre os condritos-H e o Asteroide Hebe
existe devido a uma série de fatores, mas principalmente devido à semelhança
geológica entre o asteroide e essa classe de meteoritos. Hebe possui um
diâmetro médio de 186 quilômetros, com núcleo ferroso e rochas em sua crosta
que ainda preservam os côndrulos (pequenas esferas encontradas nos meteoritos)
formados nos primórdios do Sistema Solar. Nas camadas mais internas do
asteroide, as variações de temperatura e pressão acabam tornando os côndrulos
menos evidentes ou até mesmo fundindo-os em uma massa uniforme. No caso dos
condritos-H5, como parece ser o meteorito Narashino, são provenientes de uma
camada intermediária do manto, onde os côndrulos são praticamente
imperceptíveis.
Créditos: Universidade do Hawaii
Definição dos côndrulos nos Condritos-H e as camadas
geológicas de onde eles são formados.
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Créditos: Museu Nacional de Ciência de Tóquio
Detalhe de um dos meteoritos encontrados em Narashino: côndrulos praticamente imperceptíveis. |
Acredita-se que impactos violentos em Hebe lançaram no
espaço vários pequenos asteroides, oriundos de suas várias camadas, e esses
pedaços de Hebe seriam a principal fonte dos meteoritos que chegam na Terra
atualmente. Entretanto, imagens tomadas pelo telescópio VLT no Chile em 2017,
indicam que o volume das crateras de impactos encontradas no asteroide Hebe
corresponderiam a apenas 20% volume total das famílias de asteroides próximas
com composição de condritos-H, sugerindo que Hebe pode não ser a única fonte
dos condritos-H.
Créditos: ESO
Asteroide Hebe fotografado pelo VLT.
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Uma forma de tentar determinar a origem do meteorito é a
analisando sua órbita antes de atingir a Terra. A partir das análises precisas
dos das imagens de suas câmeras, a Sonotaco calculou a órbita do pequeno
asteroide que gerou o bólido de Tóquio. E essa órbita se assemelha muito à
órbita de 3 asteroides que passam próximo à Terra, 2020 LT1, 2008 WH96, e 2019
NP1. Isso pode indicar que talvez o meteorito Narashino tenha se originado de
um desses asteroides. Quanto a origem desses asteroides, aí depende de outros
estudos e de outras observações. Logicamente, a cada resposta alcançada,
surgirão outras tantas perguntas, e assim a ciência se move, fascinando e
motivando os cientistas a estarem sempre em busca de mais respostas.
* Marcelo Zurita é presidente da Associação
Paraibana de Astronomia, membro da SAB - Sociedade Astronômica Brasileira e
diretor técnico da Bramon - Rede Brasileira de Observação de Meteoros
Fonte: Site Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Comentário: Matéria sensacional, parabenizo ao astrônomo Marcelo
Zurita pela sua autoria.
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