A Inércia
Olá leitor!
Pois então, você lembra do Dr. Waldemar Castro Leite
Filho? Aquele grande pesquisador brasileiro da área de Sistemas Inerciais que
tem aparecido em nossas ‘Lives’?
Pois é, em sua mais recente ‘Live’ no nosso Blog (reveja aqui) ele foi questionado por alguns participantes o porque ele não escrevia um
livro sobre as suas memórias, e assim motivado por esta sugestão, o Dr.
Waldemar então começou a trabalhar em um Blog que em breve ele estará
divulgando para todos. Aguardem!
Entretanto caro leitor, por solicitação do próprio Dr.
Waldemar, divulgo agora para você um artigo já escrito por ele sobre um fato ocorrido
e citado pelo mesmo nessa última ‘Live’ em que ele participou com a gente. Leia
abaixo:
Duda Falcão
A Inércia
Por Dr. Waldemar Castro Leite Filho
09 de julho de 2020
No primeiro semestre de 1979 eu estava trabalhando no
Campo de Provas da Marambaia. O
expediente lá começava por volta das 7:30.
Eu estava desenvolvendo um circuito eletrônico e
precisava de um osciloscópio que se encontrava no almoxarifado do CPrM. Por volta das 8:30, caminhei até lá e fui
atendido prontamente pelo Tenente Itália (* nome fictício) que imediatamente
trouxe o equipamento, colocou em cima da mesa e me deu uma cautela para que eu
assinasse. A cautela estava previamente
preenchida à máquina com a descrição detalhada do equipamento. Eu assinei a cautela, bastante satisfeito com
a eficiência, até então.
A partir desse instante, o Tenente Itália dirigiu-se até
a porta e ficou em silêncio, de braços cruzados, olhando para o mar que ficava
vem em frente. Após alguns instantes de
estranho silêncio, tomei a iniciativa de perguntar: “então tenente? tudo certo?
posso levar o osciloscópi ?” Ele
então respondeu: “É preciso datilografar o seu nome na cautela e para isso
temos que esperar a secretária.” Essa não se encontrava presente. Não sei dizer onde estava.
Achei que o problema seria bastante simples de resolver e
disse: “Ora se é só isso, eu mesmo posso datilografar o meu nome.” Peguei a cautela coloquei na máquina de
escrever que estava à minha frente e ia me sentar para datilografar as 26
letras que formam o meu nome quando ele veio feito uma bala da porta em minha
direção. Arrancou o papel da máquina e
começou a gritar: “o que você pensa que está fazendo? Esse trabalho é da secretária! Você terá de esperar ela chegar. Não adianta tentar apressar as coisas. Aqui
é inércia mesmo! e você não vai mudar isso.”
Diante de tamanho disparate, eu me retirei em silêncio e
não retornei para pegar o equipamento.
Este me foi entregue após o almoço.
Na hora do almoço encontrei com o Capitão que era chefe
do Tenente Itália e reportei o acontecido.
Mais tarde eu soube que o Capitão havia chamado a atenção do Tenente,
que se tornou meu primeiro desafeto.
Muitos outros viriam...
Hoje me pergunto o que se passava na cabeça daquele
homem. Será que ele acreditava realmente
que estava agindo corretamente? Estaria
ele querendo, de alguma forma, punir a secretária? Será que ele não percebia que os objetivos
eram mais importantes que regras de organização, que ele mesmo havia criado?
Pergunto-me quantos prodígios de nossa ciência aplicada não passaram por isso e resolveram “fazer escola” em outros países...
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