Comemoração dos 40 Anos do Acordo Brasil-Alemanha

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada dia (05/12) no site do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) destacando que no dia 24/10 foi realizada a cerimônia de comemoração pelos 40 anos do Acordo Brasil-Alemanha.

Duda Falcão

Comemoração dos 40 Anos
do Acordo Brasil-Alemanha

05/12/2011

No dia 24 de outubro, na presença do Diretor do DCTA, Ten. Brig. Pohlmann, do Diretor do DLR, Prof. Wörner e o Presidente da AEB, Dr. Raupp foram comemorados os 40 anos da cooperação na área aeroespacial entre o Brasil e a Alemanha.

As comemorações se iniciaram com a inauguração de uma maquete do foguete de sondagem VSB-30, cedida ao Memorial Aeroespacial Brasileiro pelo IAE. O foguete é um exemplo bem sucedido da cooperação e vem sendo lançado da base sueca de Esrange para atender o programa europeu de microgravidade.

O passo seguinte foi a assinatura pelo Ten Brig Pohlmann do DCTA, pelo Prof. Wörner do DLR e pelo Eng. Raupp da AEB do Protocolo de Intenções para o Desenvolvimento do VLM-1 com a finalidade de atender a missão SHEFEX 3. Esta assinatura concluiu o entendimento firmado entre o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aluísio Mercadante, e o Astronauta Thomas Reiter, então diretor de espaço do DLR, em abril deste ano durante o encerramento do Ano Brasil-Alemanha em Ciência, Tecnologia e Inovação. O foguete de três estágios irá colocar, a partir de Alcântara, o veículo SHEFEX 3 em uma trajetória suborbital de reentrada atmosférica a 100 km de altitude. Uma outra versão do mesmo foguete VLM-1, com estágio orbitalizador distinto, será utilizada para colocar microsatélites em órbita baixa.

O encontro se concluiu com um Workshop comemorativo no auditório Lacaz Neto do ITA, realizado nos dias 25 e 26 de outubro, em que foram apresentados os diferentes projetos realizados na área espacial ao longo destes 40 anos, prestadas homenagens aos participantes destes projetos e apresentadas as propostas futuras para trabalhos conjuntos. Constaram do Workshop apresentações do Programa SHEFEX, incluindo o SHEFEX 2 que deverá ser lançado em março da base norueguesa de Andoya pelo foguete brasileiro VS-40, além de uma apresentação do Programa de Microssatélites da AEB. O Workshop terminou com apresentações de trabalhos de cooperação na área aeronáutica.

Também como parte das comemorações foram lançados dois foguetes no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI): o ORION, no dia 25 de novembro, e o VS-30, no dia 2 de dezembro. Esta operação, denominada Operação Brasil-Alemanha marcou os 40 anos do acordo tecnológico internacional entre o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e o Centro Espacial da Alemanha (DLR).

Os principais objetivos da operação foram o lançamento e rastreamento do foguete de sondagem VS-30 V08 com uma carga útil científica portando dois experimentos: um do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e outro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).



Fonte: Site do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA)

Comentário: Pois é leitor, três acordos internacionais na área de desenvolvimento de foguetes e tecnologias associadas foram assinados pelo Brasil em sua trajetória de 50 anos de atividades espaciais. O primeiro deles foi o exitoso acordo Brasil-Alemanha, ainda no final de década de 60 (seus primeiros passos) que só previa o uso conjuntamente de foguetes de sondagens, o desenvolvimento conjunto desses artefatos espaciais, além da realização de experimentos científicos e tecnológicos conjuntos em ambiente de microgravidade. O segundo foi o promissor acordo Brasil-Rússia, que previa a formação de novos profissionais na área de propulsão líquida, o auxilio dos russos no desenvolvimento de um motor-foguete líquido baseado no motor-foguete russo RD-0109, reformulação do projeto do VLS-1, o projeto de um banco de provas para motor-foguete líquido de 400 kN, além na época esta se discutindo também a possibilidade da participação russa no “Programa de Veículos Lançadores Cruzeiro do Sul”. Porém, para desagrado de todos, foi assinado pelo Brasil em 2003, durante o governo do humorista LULA, o terceiro acordo nessa área de foguetes (o acordo Brasil-Ucrânia que gerou a mal engenhada empresa Alcântara Cyclone Space - ACS) que foi um total desastre para o PEB e um empecilho instransponível para a concretização do acordo assinado com os russos. Assim sendo, não resta duvida que o Acordo Brasil-Alemanha, mesmo passando por dificuldades como todo o PEB (talvez facilitado por ter horizontes bem menores), alcançou um resultado que consideramos o mais significativo dentre os três acordo assinados pelo Brasil nessa área, já que o mesmo avançou, o russo empacou, e o ucraniano só fez atrasar o PEB e financiar o programa espacial ucraniano. Além disso, o acordo Brasil-Ucrânia não prevê qualquer transferência tecnológica, gerou um mastodonte estatal que opera com tecnologia tóxica, prevê atuar na área de satélites geoestacionários sem que seu foguete tenha capacidade para isso, pretende atuar no mercado internacional de lançamento de satélites sem que o Brasil tenha um acordo de Salvaguardas com os EUA, entre tantos outros problemas, ou seja, um desastre anunciado que para sobreviver terá que ser subsidiado pelo governo brasileiro, já que os ucranianos não terão de onde tirar recursos. Já no caso do Acordo Brasil-Alemanha, os horizontes se ampliaram nesses 40 anos de existência, e mesmo antes não havendo qualquer perspectiva do desenvolvimento conjunto de veículos lançadores de satélites, uma demanda gerada pelo Programa SHEFEX alemão, fez com que um projeto engavetado e esquecido há duas décadas (VLM-1) no IAE sai-se do papel e viesse a se tornar uma realidade, e nesse momento felizmente segue um cronograma de lançamento previsto para ocorrer já em 2014.

Comentários

  1. Olá Duda!
    Na sua opinião, o que deveríamos fazer com relação a esse empreendimento com a Ucrânia?
    Prejuízo aos cofres públicos, parece ser algo inevitável, já que, comercialmente tem pouquíssimas chances de obtermos o retorno do montante investido.
    Como você acha que vai acabar essa história?
    Abraços!!

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  2. Olá leo!

    Em poucas palavras, não há o que fazer, já que eles estão com o poder na mão. Quanto a sua segunda pergunta: Vai acabar mal.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Video do lançamento do VS-30


    http://www.youtube.com/watch?v=nWypQJ4GuxU

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  4. Olá André!

    Existe esse e outros que em breve estarei postando aqui no relatório final dessa operação.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  5. Quantos satélites nós colocamos em órbita e quantos foguetes explodiram?

    Não sei se a relação entre sucesso e desastre foi suficientemente boa para que possamos omemorar esta parceria.

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  6. Olá Fábio!

    Perdoe-me amigo, mas sua visão está completamente equivocada. A parceria Brasil-Alemanha formalizada em 1971, mas já com alguns ensaios desde 1969, jamais previu o desenvolvimento de veículos lançadores e muito menos de satélites. Previa o estudo conjunto da alta atmosfera através do uso de foguetes de sondagens, o desenvolvimento conjunto de foguetes de sondagens, tecnologias associadas e de plataformas espaciais, como é o caso do projeto SARA e SHEFEX. Em 40 anos de acordo entre os dois países jamais explodiu qualquer artefato ou equipamento oriundo dessa parceria. O único foguete que explodiu no Programa Espacial Brasileiro foi o terceiro protótipo do VLS-1 em agosto de 2003 e o mesmo não tinha nada haver com o acordo Brasil-Alemanha, apesar de algumas tecnologias desenvolvidas no Brasil para esse veículo lançador terem como origem o conhecimento adquirido em anos com o desenvolvimento dos foguetes de sondagens. A contribuição dos Alemães foi bastante significativa e continua sendo para o atual estagio de desenvolvimento alcançado pelo IAE em foguetes de sondagens, plataformas suborbitais e orbitais e tecnologia de reentrada atmosférica. Veja o caso do VSB-30, o melhor foguete do mundo em sua categoria e tantos outros, como o VS-30, VS-30/Orion e até mesmo o antigo o SONDA III. Agora, o acordo entra em nova fase, devido a uma demanda gerada pelo Programa SHEFEX alemão, que exige um foguete de maior capacidade para o terceiro experimento desse projeto, o SHEFEX III, previsto para ser lançado em 2015. Assim sendo, isso propiciou o IAE tirar da gaveta um projeto de um Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) que estava esquecido desde a década de 90. Com a participação dos alemães, da indústria brasileira e do IAE desde seu inicio a previsão de lançamento desse foguete é 2014, o teste do seu principal motor (o S-50) já está previsto para 2012 e por sugestão dos alemães, o desenvolvimento desse motor deverá gerar outro foguete de sondagem chamado VS-50 (mais poderoso que o VS-40) para ser utilizado em variações do projeto SHEFEX. Para completar, ficou acertado que o SHEFEX III deverá ser lançado pelo VLM-1 em 2015 do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Como você mesmo pode notar, o Acordo Brasil-Alemanha cumpriu todos os seus objetivos nesses 40 anos (apesar dos energúmenos do governo) e agora parte para novos horizontes. Em outras palavras Fábio, sua visão está completamente equivocada.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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