Uma Agenda Espacial para a Rio + 20
Olá leitor!
Segue abaixo outro artigo do José Monserrat Filho postado
hoje (21/12) no site da “Agência Espacial Brasileira (AEB)” destacando o
documento de contribuição brasileira à Conferência Rio + 20 lançado pelo Ministério do Meio Ambiente em 01/11/2011.
Duda Falcão
Uma Agenda Espacial para a Rio + 20
José
Monserrat Filho
21/12/2011
“O
uso da informação geoespacial oportuna e de qualidade obtida
de fonte espacial em prol do desenvolvimento sustentável nos
campos da agricultura, avaliação do desflorestamento, gestão
dos desastres, luta contra a seca e ordenamento dos solo podem
proporcionar benefícios consideráveis à sociedade.”
Relatório do
Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço, 21 de março de 2011
O “Documento de
Contribuição Brasileira à Conferência Rio + 20”, lançado pelo Ministério do
Meio Ambiente em 1º de novembro de 2011, embora amplo e abrangente,
estranhamente não inclui um capítulo sobre as atividades espaciais, que
desempenham papel tão relevante em qualquer programa de desenvolvimento
sustentável, tema central do encontro.
Mas, do ponto de
vista internacional, não há como ignorar o quanto se tornou indispensável o uso
das tecnologias espaciais para garantir, em aspectos essenciais, o
desenvolvimento sustentável de todos os países.
A Assembléia Geral
das Nações Unidas (ONU) promoveu, em 11 de outubro deste ano, seu 5º painel de
debates preparatórios à Rio + 20. A série de painéis, realizados de 2007 a
2011, discutiu questões centrais da sustentabilidade: os instrumentos espaciais
e as soluções para a questão das mudanças climáticas; as aplicações espaciais e
a segurança alimentar; o espaço para a saúde global – as tecnologias espaciais
e as pandemias; e o espaço e as situações de emergência. O evento de 2011
concentrou-se nas contribuições do Comitê da ONU para o Uso Pacífico do Espaço
Exterior (COPUOS, em sua sigla em inglês).
Gilberto Câmara,
diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), participou
do painel de outubro passado, com apresentação muito apreciada sobre o uso de
dados de satélite na produção de alimentos e no monitoramento de florestas.
Com o mesmo
objetivo, o Programa Mundial de Alimentos, da ONU, acolherá em Roma, de 7 a 9
de março de 2012, uma reunião sobre atividades espaciais (Inter-Agency Meeting
on Outer Space Activities – IAM), na qual haverá um encontro especial aberto
sobre a relação entre o espaço exterior e a segurança alimentar.
O Escritório da
ONU para Assuntos Espaciais (United Nations Office for Outer Space Affairs –
OOSA), junto com outros organismos da ONU, prepara o relatório do Secretário
Geral sobre a coordenação das atividades espaciais do sistema da ONU no biênio
2012-2013. O relatório, a ser adotado na reunião de Roma e submetido à próxima
reunião do COPUOS, em junho, em Viena, dará especial atenção ao uso de dados de
satélite para o desenvolvimento sustentável, visando a Rio + 20 e o que vier
depois.
Para Mazlan
Othman, diretora do Escritório da ONU para Assuntos Espaciais e diretora geral
adjunta do Escritório da ONU em Viena (United Nations Office in Vienna – UNOV),
“é evidente que que a Rio + 20 tem influenciado muito o trabalho do COPUOS e,
certamente, terá importante impacto sobre suas próximas tarefas.
Mazlan lembra que
o Brasil, sede da Conferência, foi quem propôs no COPUOS, em 2006, o tema da
“Cooperação Internacional para Promover o Uso de Dados Geoespaciais de Fonte
Espacial em Benefício do Desenvolvimento Sustentável”, discutido ao longo de
três anos, que resultou no relatório A/AC.105/973, acessível pelo site da OOSA (http://www.oosa.unvienna.org/;).
Uma série de recomendações desse relatório – acrescenta Mazlan – foi utilizada
nas contribuições elaboradas pelo COPUOS para a Rio + 20.
Ela também elogia
a sugestão brasileira incluída na Resolução da Assembléia Geral da ONU de 9 de
dezembro passado (A/RES/66/71) de que o Grupo de Observação da Terra (GEO) seja
convidado para participar da preparação da Rio + 20. A iniciativa veio reforçar
a idéia de se organizar um evento na própria conferência ou paralelo a ela,
capaz de reunir os círculos amplamente comprometidos com o desenvolvimento
sustentável e as entidades envolvidas com atividades espaciais.
Para Mazlan, tal
encontro poderia ser extremamente rico de opiniões e propostas sobre como
tornar mais visíveis e efetivos os instrumentos espaciais, e, em especial, os
dados de satélite, numa conferência tão influente quanto a Rio + 20.
Cabe salientar
ainda, em defesa da adoção de uma robusta agenda espacial para a Rio + 20, a
proposta apresentada pelo Brasil no âmbito do Programa da ONU para o
Meio-ambiente (UNEP), em novembro último, de criação de um acordo
internacional, fixando o direito de acesso à informação sobre o meio ambiente,
baseado no Princípio 10 da Declaração da Conferência do Rio de Janeiro sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, que reza:
“O
melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os
cidadãos interessados, em vários níveis. No plano nacional, toda pessoa deverá
ter acesso adequado à informação sobre o ambiente de que dispõem as autoridades
públicas, incluída a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem
perigo a suas comunidades, assim como a oportunidade de participar dos
processos de adoção de decisões. Os Estados deverão facilitar e fomentar a
sensibilização e a participação do público, colocando a informação à disposição
de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e
administrativos, entre os quais o ressarcimento de danos e recursos
pertinentes.”
A proposta
brasileira ganhou o apoio do “Eye on Earth Summit” (Conferência de Cúpula De
Olho na Terra), promovida pelo governo dos Emirados Árabes Unidos (UAE), com o
apoio da UNEP, em Abu Dhabi, de 12 a 15 de dezembro passado.
Como comentou
nessa conferência Lucy Wariuingi, do Centro de Conservação Africana, de Quênia,
já existem muitas plataformas espaciais de informação ambiental, mas isso não
significa, necessariamente, que as pessoas tenham acesso a elas.
Por essas e
outras, não é sustentável o pressuposto de que a Rio + 20 possa passar ao largo
de tão claras demandas espaciais de praticamente todos os países.
Fonte: Site da Agência Espacial Brasileira (AEB)
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