2012 - A Esperança Continua
Caro leitor!
Estamos nesse
momento a poucas horas de um novo ano, onde a esperança de que o nosso programa
espacial possa finalmente decolar, se renova.
Em 2012 os
cronogramas do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), prevêem os lançamentos do SARA Suborbital, do
VLS-1 XVT-01 e do Satélite CBERS-3 respectivamente.
Ora, para uma
nação do tamanho do Brasil e com experiência de 50 anos em atividades
espaciais, esses objetivos não parecem ser lá grandes coisas, principalmente se
comparamos com os objetivos de outras nações no mesmo período, mas não deixam
de ter seu significado, já que o sucesso dessas missões poderá melhorar a
imagem do programa junto à sociedade brasileira.
É preciso lembrar que o ultimo feito significativo do
programa espacial brasileiro foi o lançamento do Satélite CBERS-2B em
19/09/2007 (não está mais em funcionamento), a partir da Base de Lançamento de Taiyuan, na China, através do foguete
chinês “Longa Marcha 4”, e mesmo assim esse satélite foi montado com peças
sobressalentes do Satélite CBERS-2.
Além disso, não
podemos esquecer-nos do grande baque que o programa sofreu em agosto de 2003
com o acidente do terceiro protótipo do VLS-1 que ceifou a vida de 21 heróis
brasileiros.
Tendo de conviver com problemas diversos durante décadas
seguidas devido à falta de atitude e de responsabilidade de diversos governos
subseqüentes (como no caso do governo de FHC, em nossa opinião o grande
responsável pelo acidente de 2003), os servidores do Programa Espacial
Brasileiro que sobreviveram trabalhando nesses dois institutos de pesquisas
(sabe-se lá como mantendo a moral), seguiram desenvolvendo pesquisas e
tecnologias que serão aplicadas nessas missões previstas para 2012.
É notável a perseverança dessa gente que ainda luta para
dotar o país do domínio completo do ciclo espacial e a mesma tem de ser
enaltecida, reconhecida e servir de exemplo para aqueles que detém o poder,
para que assim possam aprender a ser políticos respeitáveis, comprometidos, de
valor e produtivos para o nosso país.
Tem se falado muito que o orçamento do PEB deverá chegar
a algo em torno de R$ 600 milhões já em 2012, que o programa “Ciência Sem
Fronteiras” ajudará a trazer profissionais brasileiros e estrangeiros que
trabalham em outros programas espaciais para trabalharem no PEB e por fim que o
Mercadante deverá trocar o MCTI pelo MEC na suposta mudança ministerial
prevista para janeiro.
Ora leitor, na realidade nem sempre o que parece ser é o
que deveria ser, e esse é um desses casos. Dos R$ 600 milhões anunciados 70%
(R$ 420 milhões) deverão ser 'torrados irresponsavelmente e estupidamente' no
sítio de lançamento da ACS (meus sinceros cumprimentos aos ucranianos por
demonstrarem sua competência perante aos d..loides do governo brasileiro)
restando os outro R$ 180 milhões para todos os programas em curso no INPE e no
DCTA/IAE, fora é claro o projeto do Satélite SGB que se realmente for em frente deverá
ter recursos a parte.
Quanto a programa “Ciência Sem Fronteira”, é preciso que
haja critério e responsabilidade, para que não aconteça distorções e se acabe
trazendo profissionais em áreas que já existam competência no país tirando os
empregos de nossos profissionais. Antes de tudo é preciso que o governo abra
concursos para contratações de novos servidores identificando as áreas onde serão
necessárias as contratações de profissionais de outros países.
Já a saída do Mercadante do MCTI, se confirmada, será realmente uma boa notícia, pois já que o PEB está diretamente subordinado a esse
ministério, precisamos em seu gabinete de alguém de poucas palavras, que se
vista até mesmo de bermuda se for o caso, mas que seja de ação, e não um
menestrel de carreira, falastrão e bem vestido como o Mercadante. Entretanto,
temos de ser realistas, pois mesmo que sua saída seja confirma, dificilmente
alguém de valor irá assumir a pasta e muito menos mudar a política que vem
sendo adotada.
No entanto leitor nem tudo têm cor negra no horizonte do
Programa Espacial Brasileiro, muito por conta da iniciativa e perseverança de
profissionais da área publica e privada que sabem da importância e da extrema
necessidade de se aglutinar esforços para o desenvolvimento das atividades
espaciais do país.
Assim sendo, além dos projetos citados, outras atividades
deverão ocorrer durante o ano de 2012 (é verdade que não na velocidade que
poderíamos e gostaríamos), tanto na área pública, quanto na privada e também na educacional.
Na área pública espera-se de alguma forma dar-se
seqüência nos seguintes projetos e eventos:
* Projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação
Aeroespacial).
* Projeto SAMF (Sistema de Alimentação de Motor-Foguete).
* Projeto Motor Foguete Líquido L15.
* Projeto Motor-Foguete Líquido L75.
* Projeto Motor-Foguete Sólido S-50.
* Projeto Foguete FTA (Foguete de Treinamento Avançado).
* Projeto do Foguete de Sondagem VS-15.
* Inicio do uso dos foguetes de treinamento como meio de
acesso ao espaço de experimentos da Comunidade Científica Brasileira. Um
Foguete de Treinamento Básico (FTB) deverá ser lançado do Centro de Lançamento
da Barreira do Inferno (CLBI) por volta de março de 2012 dando inicio a essa
nova oportunidade para a Comunidade Científica graças à iniciativa do COMAER.
* Projeto VLM-1 (Veículo Lançador de Microsátelites 1).
* Projeto PSM (Plataforma Suborbital de Microgravidade).
* Projeto da espaçonave 14-X do IEAv (continuação dos
testes com o motor do primeiro protótipo).
* Projeto do Demonstrador de Propulsão a Laser do IEAv.
* Projeto da PMM (Plataforma Multimissão).
* Projeto Nanosatc-BR (Nanosatélite universitário que está
previsto para ser lançado em novembro de 2012).
* Projeto ITASAT-1 (Microsatélite universitário ITASAT)
* Projeto Satélite Amazônia 1.
* Projeto Satélite CBERS 4.
* A seqüência de
um interessante projeto (Projeto CANOSAT) em desenvolvimento pelo Centro
Regional do Nordeste (CRN) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que prevê
o desenvolvimento de uma constelação de nanosatélites para atender o Sistema
Brasileiro de Coleta de Dados (SBCD).
* Investimento diversos na área de infra-estrutura tanto
no CLA e CLBI, quanto no LIT e nos Laboratórios Associados do INPE. Nessa área
existe muito o que se fazer como por exemplo um banco de provas para
motores-foguetes líquidos de até 400kN (o banco de provas do IAE é para
motores-foguetes líquidos de até 20kN e assim não comporta os testes do motor-foguete
líquido L75) que já havia sido acertado com uma empresa russa e uma nova usina
para propelentes sólidos ou mesmo a ampliação da Usina Coronel Abner.
* Lançamento exitoso do décimo terceiro foguete de
sondagem brasileiro “VSB-30” da Base de Esrange (Suécia) com o experimento
europeu MASER 12. Esse lançamento estava previsto para acontecer em novembro
passado mais foi transferido para fevereiro de 2012.
* Lançamento exitoso do terceiro protótipo do versátil
foguete de sondagem brasileiro “VS-40” da Base de Andoya (Noruega) com o
experimento alemão SHEFEX II. Esse lançamento está previsto para acontecer
entre março e abril de 2012 e deverá também carregar um experimento brasileiro
relacionado com o Projeto do SARA Orbital (2ª Fase do Projeto SARA).
* Lançamento exitoso do sétimo foguete de sondagem
brasileiro/americano “VS-30/Orion” da Base de Woomera (Austrália) com o
experimento supersônico australiano/americano HIFIRE-5. Esse lançamento estava
inicialmente previsto para outubro passado, passou para novembro e até hoje não
foi realizado, devendo assim acontecer durante o ano de 2012. Vale lembrar que
pela primeira vez um foguete ou motor brasileiro será lançado de uma base não
brasileira, americana ou européia, o que poderá abrir novos mercados para a indústria
brasileira.
OBS: Deverá também haver alguma movimentação quanto aos
projetos dos satélites IBSA, Sabia-Mar, GPM-BR e Lattes e talvez o lançamento
do CLA de um foguete VSB-30 com experimentos brasileiros do mal gerido
“Programa Microgravidade” da AEB.
Na área privada espera-se com muita dificuldade dar-se
seqüência nos seguintes projetos:
* Projeto do Satélite SGB (Satélite Geoestacionário
Brasileiro)
* Conclusão do Projeto de Industrialização do Foguete
VSB-30
* Um maior envolvimento de empresas brasileiras no
programa, principalmente dando-se abertura e apoio a projetos de pequenas e
microempresas de alta tecnologia, visando assim estimular uma inovação cada vez
maior no setor.
* A criação de editais para essas empresas específicos
para projetos espaciais relevantes e inovadores.
* O crescimento de microempresas como a Acrux Aerospace
Technologies, Coyote Rockets, Edge Of Space, INOTECH entre outras.
* A concretização do Projeto da Missão ASTER.
Já na área educacional espera-se a
criação dos seguintes projetos e a realização dos seguintes eventos:
* Estabelecimento do Curso de Engenharia Aeroespacial na
Universidade de Brasília (UnB) e na USP São Carlos.
* A realização do “1º SPACECAMP do Brasil” a se
realizar em janeiro por visionária iniciativa da microempresa Acrux Aerospace
Technologies de São José dos Campos (SP).
* A criação pela AEB em parceria com o MEC e governos
estaduais interessados (de preferência) de Spacecamps regionais direcionados
para estudantes de todas as idades classificatórios para um grande Spacecamp
nacional a se realizar em São José dos Campos anualmente.
* A criação pela AEB de competições (tipo o Google Lunar
X-Prixe e outros) abertas a empresas e grupos universitários visando o
desenvolvimento de novas tecnologias úteis para o Programa Espacial Brasileiro.
* Estudo para o estabelecimento de novos Cursos de
Engenharia Aeroespacial em universidades sulistas e nordestinas (EX: UFRGS,
UFSM, UFSC, UNOPAR, UEFS, UFPE, UFRPE, UFRN, UFMA, UEMA).
* A confirmação ou não da realização da inovadora Missão
ASTER (1º
Sonda Espacial Brasileira de Espaço Profundo), projeto esse que envolve 13
universidades e instituições do país que é de extrema importância para o futuro
de nosso programa espacial.
* A criação de editais de apoio as organizações como o
Núcleo Tecnológico do Agreste de Bezerros-PE (NTA) que atuam na formação e na
divulgação das atividades espaciais e da ciência e tecnologia como um todo
junto a jovens estudantes da rede pública de ensino.
* O lançamento exitoso dos EUA do tubesat “Tancredo-1”
pelo grupo de alunos do ensino médio coordenado pelo professor “Cândido Oswaldo
de Moura” da Escola Municipal Tancredo Neves de Ubatuba (SP).
* O lançamento exitoso do foguete “LUNA 1”e do “Femtosatélite SCF-1” participantes do “Prêmio
N-Prize”, previsto para ocorrer em 29/07/2012. Tanto o foguete, quanto o femtosatélite
estão sendo desenvolvidos pelo “Núcleo Tecnológico do Agreste (NTA)” de
Bezerros (PE), para serem lançados nesta data de uma plataforma marítima
localizada na costa pernambucana. É a chance do NTA fazer história.
* O lançamento bem
sucedido do foguete e da carga útil da “Equipe MONTENEGRO” do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA) durante a realização do 7º IREC nos EUA e
quem sabe até com a participação de outras universidades brasileiras (seria um
bom desafio para a UFMG, PUC Minas, UNIVAP, UFABC e UnB).
OBS: Fala-se ainda de que a USP estaria desenvolvendo
dois tubesats para serem lançados pela empresa americana “Interorbital Systems”
que é a mesma empresa que lançará o tubesat dos estudantes da escola de Ubatuba
(SP). Além disso, vale lembrar que o
Professor Fernando Stancato da USP é o coordenador da participação brasileira
na competição “II Mission Idea Contest for
Micro/Nano-Satellite Utilization (MIC 2)”, competição esta que deverá se
desenrolar durante todo o ano de 2012.
Pois é leitor, está é uma descrição das atuais atividades
espaciais realizadas no Brasil em todas as áreas (sendo a educacional talvez a mais
promissora e a privada tendo algum avanço significativo) e como você mesmo pode observar
projetos existem e outros precisam ser criados para que o Programa Espacial
Brasileiro governamental (carro chefe desse esforço todo) possa seguir um caminho de desenvolvimento
sustentável. Entretanto para isso é necessário seriedade e comprometimento que
infelizmente não existem nas pessoas que comandam o nosso PEB, e para piorar, a
falta de interesse, de foco, incompetência administrativa e política são tão
reinantes nas instituições como o Congresso, MCTI, MD e na Presidência da República,
que em nossa opinião inviabiliza qualquer ação positiva nesse sentido.
Entretanto diz a sabedoria popular que a esperança é a última a morrer, mas
será que esse ditado vale para essa gente?
Duda Falcão
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