ITA Quer Dobrar Vagas e Motivar Prática de Engenharia

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (09/07) no site do jornal “O Estado de São Paulo” destacando que o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) quer dobrar vagas e motivar a prática de Engenharia.

Duda Falcão

Economia

ITA Quer Dobrar Vagas e
Motivar Prática de Engenharia

MARINA GAZZONI
O Estado de S.Paulo
09 de julho de 2012 - 3h 07

As empresas brasileiras de engenharia tiveram um discurso uníssono nos últimos anos: falta mão de obra qualificada. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) aproveitou o pleito do setor privado para tirar da gaveta um projeto antigo, de duplicar o número de vagas oferecidas no vestibular do ITA. Hoje apenas 120 alunos de graduação são admitidos na escola por ano.

"Agora o governo se sensibilizou com o tema e aprovou o investimento", disse o reitor do ITA, Carlos Pacheco. O investimento, de R$ 300 milhões, inclui a construção de mais salas de aulas e dormitórios - muitos alunos moram no campus. As obras de duplicação começam em setembro e, em 2014, o ITA oferecerá 240 vagas no vestibular.

"É um desperdício não ampliar o ITA. Temos 500 alunos com nota para entrar na escola", disse Pacheco. Ele quer aproveitar o investimento para renovar o ensino de engenharia. Uma das premissas é aproximar os alunos das empresas e promover mais atividades práticas. "Queremos motivá-los a seguir na área de engenharia", disse.

Estimativas da consultoria Michael Page indicam que só metade dos alunos que se formam nas escolas de engenharia de primeira linha trabalham no setor. No ITA, a estimativa do reitor é que 80% dos formandos fazem carreira na área, mas muitos seguem carreira acadêmica.

"Há muita demanda por engenheiros no mercado financeiro, em consultorias e em multinacionais ", disse o diretor de consultoria da Michael Page, Augusto Puliti. Para ele, mesmo com a desaceleração da economia, ainda falta, sim, mão de obra técnica qualificada. "O déficit é enorme. Duplicar o ITA é ótimo, mas estamos muito longe do número de engenheiros que precisamos no Brasil", disse. A concorrência por profissionais fez a média de salários ofertados para engenheiros subir cerca de 20% em 2011, segundo a Michael Page. / M.G.

Na década de 40, o governo desenhou um plano para criar uma escola de engenharia aeronáutica no País. Mais do que promover o ensino superior, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) nasceu para desenvolver a indústria de aviação no Brasil. A instituição, que completou 62 anos e consome um orçamento anual de R$ 50 milhões, foi o berço da Embraer, uma empresa que faturou R$ 9,86 bilhões em 2011, emprega 17 mil pessoas e tem sede até hoje ao lado do campus do ITA.

Neste ano, o instituto recebeu uma nova missão: promover o desenvolvimento de tecnologia de ponta não apenas para a indústria aeronáutica, mas para outros setores considerados estratégicos para o Brasil, como petróleo e energia. "A Embraer é a maior prova de que investir no ITA dá retorno para o País", diz o reitor da instituição, Carlos Pacheco. "Vamos continuar pensando inovações para a indústria aeronáutica, mas queremos ampliar o leque e entrar em temas que sejam a fronteira da indústria nacional, como o pré-sal."

A fórmula encontrada para renovar o ITA vai aproximá-lo justamente da instituição americana que inspirou sua criação, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). O primeiro reitor do ITA foi um ex-professor do MIT. Em abril deste ano, a presidente Dilma Rousseff assinou um convênio com a universidade americana para criar um centro de inovação dentro do ITA em parceria com empresas privadas.

A previsão da reitoria é de que o projeto seja estruturado em um ano e que o centro de inovação abra as portas no segundo semestre de 2013. O orçamento inicial prevê um investimento público de R$ 200 milhões em quatro anos, mais uma contrapartida das empresas parceiras, ainda não definida, segundo Pacheco. Também serão investidos R$ 300 milhões na duplicação da escola (leia abaixo).

A instituição fez uma seleção preliminar de seis companhias para serem parceiras do centro de inovação: Petrobrás, Braskem, Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), Vale Soluções em Energia (VSE), Telebrás e a própria Embraer. Depois da divulgação do projeto, o ITA foi consultado por outras empresas interessadas, diz Pacheco. "Estamos abertos para parcerias com outras companhias."

O ITA quer que as companhias indiquem quais são os gargalos tecnológicos que precisam ser superados para garantir a competitividade das empresas no longo prazo. O desafio de encontrar uma solução inovadora para esses problemas será lançado para alunos e professores da escola.

As empresas ainda estão definindo quais projetos e investimentos farão no centro de desenvolvimento, mas algumas já conseguem sinalizar o que consideram o maior desafio do seu setor. A Odebrecht Defesa e Tecnologia, por exemplo, tem uma lista de 50 tecnologias que a indústria nacional ainda não domina, mas são essenciais para a fabricação de mísseis, o carro-chefe da empresa. Hoje, o Brasil depende de tecnologia estrangeira para alguns dos componentes usados na indústria de defesa. Segundo o diretor da ODT, Manoel Antonio Nogueira, a companhia vai escolher algumas dessas tecnologias para serem objeto de estudo no centro de inovação.

A Vale Soluções em Energia vai desafiar os alunos a conseguir inovações no desenvolvimento de turbinas a gás, usadas na geração de energia limpa. E a Braskem quer promover estudos sobre o desenvolvimento e a aplicação de novos materiais para a indústria. "Estamos tentando identificar que materiais a Braskem pode produzir para atender às necessidades desses setores estratégicos", disse o vice-presidente de Inovação e Tecnologia da Braskem, Edmundo Aires.

Reforço - A parceria mais forte do ITA no setor privado é com a Embraer. Dentro do campus é possível encontrar carcaças da aeronave Super Tucano desmontada para mostrar aos alunos a estrutura de um avião e placas informando que a fabricante brasileira patrocinou o túnel de vento de um laboratório.

Nos últimos dez anos, a empresa desenvolveu dez projetos de pesquisa no ITA. O Laboratório de Automação da Montagem Estrutural de Aeronaves (LAME), por exemplo, foi construído do zero em cima de um antigo campo de futebol da universidade. Com um investimento de R$ 8,5 milhões da Embraer e da FINEP, o laboratório promove estudos para automatizar dois processos que hoje são feitos manualmente na fábrica: o alinhamento de parte de fuselagem e a perfuração de rebites. "Conseguimos alinhar as peças usando robôs controlados por meio de informação de GPS em 20 minutos. Manualmente, o processo leva um dia", disse o professor de engenharia mecânica do ITA e coordenador do projeto, Luis Gonzaga Trabasso. Agora, empresa vai avaliar a viabilidade de implementar a tecnologia em grande escala na fábrica.

Com a criação do centro de inovação, a Embraer espera intensificar seus laços com o ITA. "Ainda estamos discutindo os detalhes, mas o que eu espero são projetos de maior dimensão", disse o presidente da Embraer, Frederico Curado, um dos ex-alunos ilustres do ITA.

A instituição também quer mais das empresas. "Hoje um projeto de pesquisa leva dois anos em média. Queremos pesquisas de médio prazo, de cinco ou seis anos, para motivar o aluno durante toda a graduação", disse o reitor.

Mão de obra - Mas, além de inovação tecnológica, as empresas querem um espaço dentro do ITA para recrutar talentos. "Queremos ter parcerias na escola para nos tornarmos uma empresa admirada pelos alunos", disse o presidente da VSE, James Pessoa. "Dessa forma, quando estiverem prontos para o mercado de trabalho, eles podem desejar trabalhar conosco." Na empresa, 50 dos 300 engenheiros se formaram no ITA.

"Todo mundo quer um engenheiro do ITA. Um executivo da Petrobrás veio aqui no ano passado e disse que queria todos os formandos", lembrou Pacheco.
A Embraer, o maior empregador privado de ex-alunos do ITA, também quer mais. "Aproveitamos os projetos para vender o nosso peixe para os alunos e atraí-los para a Embraer. O duro é competir com os bancos", disse Curado. O problema é que não tem formando para todo mundo, ao menos por enquanto. A instituição forma apenas 120 alunos por ano.


Fonte: Site do jornal O Estado de São Paulo - 09/07/2012

Comentário: Analisando a notícia leitor que a primeira vista pode parecer positiva (e de certa forma é) a aprovação pelo governo de investimento na infraestrutura do ITA e no tal Centro de Inovação dentro do instituto em parceria com empresas privadas e o MIT (total de investimento R$ 500 milhões), não significa exatamente que o cronograma agora estabelecido pela equipe do Sr. Carlos Pacheco será seguido à risca pelo governo DILMA. Em outras palavras, o tal Centro de Inovação que segundo esse cronograma está previsto abrir as portas no segundo semestre de 2013, pode na realidade só estar funcional em 2020 ou mesmo depois disso. Já as obras do ITA que envolve recursos ainda maiores, a situação é mesma, já que aprovar, não é liberar, ou na linguagem desses energúmenos, geralmente constitui uma forma de durante um período pré-determinado propagar imagem política positiva perante a sociedade, mas na realidade sem qualquer intenção de compromisso com o que foi assumido. Resumindo: os recursos são repassados a conta-gotas, esticando irresponsavelmente o prazo de conclusão dos projetos, e aumentando consideravelmente o custo. Entretanto, está ai uma grande oportunidade para presidente Dilma Rousseff mostrar a sociedade que ela não é um engodo, e que realmente pensa no desenvolvimento do País. Sinceramente não acredito nisso, mas... Outra coisa, chamo atenção do leitor para algo que me pareceu bastante preocupante nessa matéria, ou seja, a não citação em momento algum da área espacial. Se falou na área Aeronáutica, de Energia e Petróleo (Pré-Sal), mas em momento algum se colocou a área espacial com uma das prioridades e cá pra nós, atualmente é a que mas sofre com a falta de profissionais para substituir os que estão se aposentando. Lamentável!

Comentários

  1. e os que se formam vão para o exterior ....

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  2. Olá João Paulo!

    Esse ai é um outro problema, mas de fácil solução se houver seriedade.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. :D duda , vou fazer uma pergunta meio idiota , mais tudo bem , o brasil tem planos de foguetes ( e naves ) tripulados ? e se não , voçê acha que isso será possível algum dia ?

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  4. Olá João Paulo!

    Respondendo a sua pergunta não, e não poderia ter, pois isso é uma processo contínuo de desenvolvimento e ainda nem colocamos um satélite no espaço por nossos próprios meios. Em minha opinião isso é um tremendo erro estratégico e já deveríamos ter pelo menos um Astronautas Corps, ou em parceria com os russos, ou com o chineses, ou com ambos, colhendo frutos de ambos programa tripulados. Afinal, nosso PEB já tem 51 anos e insisto, o futuro da humanidade está no espaço e vários países do mundo já perceberam isso.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  5. porque usar um foguete de 4 estágios de combustivel sólido , é muito difícil isso ! e mais um dado pra se pensar um pouco vls : 100kg cyclone 4 : 4,900 kg é meio óbvio optar pelo foguete ucraniano , porem o vls é 100% brasileiro

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  6. Olá João Paulo!

    Não é bem assim, o VLS-1 VO4 provavelmente ainda será todo sólido, mas o objetivo do IAE é trocar o seu quarto estágio S44, por um motor L5 ou o L15, dependendo da missão. E outra, a capacidade de VLS-1 vai de 150 a 350 kg de carga útil dependendo da órbita. Já o Cyclone-4 vai de 1600 kg a 4900kg também dependendo da órbita. O VLS-1, como você disse é 100% nacional e ecologicamente mais correto, já o Cyclone-4 é parte ucraniano e parte russo, além de ser altamente tóxico. Assim sendo, em minha opinião e da classe científica do país, jamais deveria ser lançado de nosso território.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  7. como está o tempo ai no maranhão ? : dia ensolarado e possibilidade de chuva de hidrazina a tarde rs

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  8. João Paulo não estou no Maranhão e não acredito que você esteja. Entretanto, muita gente mal informada mora na região e serão eles que terão de lhe dar com essa situação quando infelizmente a mesma tornar-se uma realidade. Além do mais, não acho que esse assunto deva ser tratado com ironia, já que é uma assunto muito sério e que está preocupando toda a comunidade cientifica do país.

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  9. perdoe minha ironia mais se esse cyclone 4 der certo e vai dar ( o cyclone 3 só teve falhas no 3º estágio e foi substituido ) ,acho que o vls vai sofrer cortes indefinitivamente

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  10. Caro João Paulo!

    Você continua não entendendo o problema. Ninguém discute a eficiência da família de foguetes Cyclone, mesmo ele ainda não tendo sido testado em voo. Além da alta toxicidade do foguete, os problemas da ACS são inúmeros (um verdadeiro jornal), e a possibilidade de exito no mercado internacional no jeito que a empresa foi constituída é praticamente zero. Nem mesmo os seus possíveis correntes a levam a sério. O acordo que foi elaborado por um conhecido de..loide e apoiado irresponsavelmente pelo governo do humorista LULA, por questões exclusivamente políticas, é uma obra de arte da incompetência, mesmo o sujeito tendo apoio qualificado, o que levanta ainda mais as suspeitas. Mesmo com a Ucrânia (que confesso não seria a minha escolha), poderia se negociar outro foguete mais eficiente e mais ecologicamente correto. Esse projeto do Cyclone-4 já estava praticamente abandonado pelos ucranianos, pois os russos se recusaram lança-lo de Baikonur devido a sua toxicidade e eis que surge esse de..loide para resgatar um projeto morto, e pior, da forma que fez.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  11. Porquê a imprensa (jornal, radio, tv) está tão apática com relação a este assunto? Vão lançar um foguete que utiliza combustível altamente tóxico e, com exceção do seu blog, ninguem fala nada. Lamentável.

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  12. Olá Carlos!

    Pode ter influência do governo e ainda existe o natural desconhecimento da mídia brasileira sobre o que é tecnologia espacial. Aqui no blog o assunto é dirigido e discutido por quem entende. Infelizmente quando a porta estiver arrobada é que eles vão discutir o assunto. Entretanto a Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) já se manisfestou publicamente contrária a esse acordo.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  13. Sobre a parte espacial, a iniciativa do ITA de criar o curso de Engenharia Espacial (participam professores do INPE também) já tem vários anos de estudo e finalmente a primeira turma (com 10 alunos) se forma agora em dezembro, sendo 5 militares que ficarão no DCTA e 5 civis que devem ser contratados por empresas da região. 10 pessoas é pouco, mas é mais ou menos o que se forma em Engenharia Civil (Infraestrutura aeronáutica) todo ano. No total são só 120 por ano, por isso a necessidade de expansão. Dos outros cursos, muita gente acaba ficando nas empresas da região, mas no INPE depende de concurso. O ITA não está deixando a parte espacial de lado, pelo contrário, tem um curso nesta área, porém a parte do pré-sal é uma novidade e vira notícia.

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