INPE Não Possui Função Definida na Compra do SGB
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado no “Jornal do SindCT” de
junho de 2012, editado pelo “Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área
de C&T (SindCT)” destacando que o INPE não tem função definida no projeto
do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).
Duda Falcão
INPE Não Possui Função Definida na
Compra do Satélite Geoestacionário
INPE não possui função definida
na compra do satélite
geoestacionário Raupp demonstra não confiar no
Instituto
Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Até o momento não
houve uma definição de qual será o papel do INPE na compra do satélite
geoestacionário brasileiro. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação,
Antonio Raupp, em seu discurso na posse de Leonel Perondi, falou que o INPE
terá uma função muito importante, mas é notório que o ministro não quis deixar
o projeto para o Instituto. Em toda a imprensa, o INPE sequer é citado.
Ou seja, todo
mundo já entendeu o que está ocorrendo. Qual será o futuro desse instituto que
nem mesmo o seu ministro demonstra acreditar em sua capacidade? Serão os
próprios pesquisadores do INPE que preencherão as caixinhas da nova empresa
Visiona, desfalcando ainda mais o Instituto?
O Brasil Exige
Banda Larga Já
É de fundamental
importância a aquisição de um satélite de telecomunicação brasileiro pelo
aspecto social e estratégico. A internet banda larga terá mais qualidade em
termos de velocidade e de sinal para cobertura nos lugares mais isolados. Dessa
forma, proporcionará acesso a todo território brasileiro. Este satélite terá
uma banda exclusivamente voltada para comunicação estratégica de defesa. O
geoestacionário será acessado diretamente por provedores de serviço de internet
(ISP) que, por sua vez, atenderão aos usuários individuais. Assim farão a
distribuição do sinal via rede terrestre ou 3G - no futuro, 4G. A 3G funciona
via antenas no solo, que se comunicam diretamente com celulares ou modems.
Por que o
Ministério Optou pela Compra
O Brasil não
possui o domínio desta tecnologia porque nunca priorizou uma pesquisa voltada
para satélite geoestacionário, em especial o do tipo para telecomunicação, pois
todos os satélites desenvolvidos no Brasil até agora foram feitos com o
objetivo de imageamento da terra.
O desenvolvimento
de tecnologia depende da decisão do governo. A partir daí, deve-se liberar
verba para pesquisa e também contratar pessoal, para o caso do INPE que está
com déficit de mão de obra. É necessário haver, sobretudo, um cronograma, um
planejamento para chegar a esse objetivo.
Hoje, se o Brasil
não acelerar para comprar esse satélite poderá perder a sua faixa orbital, por
um acordo internacional que define que cada país possui uma parte no espaço, a
qual deve ser preenchida com satélite ou ser cedida a algum país que tenha
condições e queira utilizar. O Brasil está sob pressão dos EUA, que querem
ocupar essa faixa.
O governo
brasileiro ficou com esse prazo de até 2014 para colocar em órbita o satélite
geoestacionário, embora já se fale em estender o prazo.
Nasce Uma Nova Empresa:
A Visiona
O custo estimado
é de R$ 715 milhões e será comprado pela sociedade formada entre Telebrás (49%)
e Embraer (51%), por meio da empresa criada por eles, a Visiona, que deve
começar suas atividades no Parque Tecnológico de São José dos Campos nos
próximos dias.
Elas terão a
função de contratar fornecedores para o satélite e também para o lançador. A
Telebrás é a responsável geral pela coordenação do projeto, juntamente com os
ministérios das Comunicações, da Defesa e da Ciência e Tecnologia. Não haverá
transferência de tecnologia.
Somente se obterá
uma experiência para a compra e contato com as empresas desenvolvedoras. Apesar
disso, o acompanhamento desse projeto pode ser um pequeno passo para que
paralelamente já se comece uma pesquisa para desenvolver um satélite similar a
esse, com tecnologia brasileira. Os satélites têm tempo de vida no espaço.
Devem ser substituídos após cerca de sete anos em órbita.
O que é Satélite
Geoestacionário
O nome
geoestacionário é dado por ser colocado em uma órbita sobre o equador de tal
maneira que o satélite tenha um ciclo de rotação igual ao do planeta Terra, ou
seja, 24 horas.
Assim, a
velocidade angular de rotação do satélite fica igual ao da Terra e a impressão
que se tem é a de que o satélite está parado no espaço na perspectiva de quem
está na Terra. O mínimo de velocidade para que um satélite entre em órbita são
28.000km/h. Com essa velocidade, se posicionarmos o satélite a 36.000 Km de altitude,
acima do equador, ele ficará numa órbita geoestacionária.
O satélite, que
possui a missão de transmitir, é uma simples estação repetidora dos sinais
recebidos da Terra que são detectados, deslocados em frequência, amplificados e
repassados de volta à Terra.
Fonte: Jornal do SindCT - Junho de 2012.
Comentário: Pois é leitor, esse assunto realmente não está
muito claro, já que o próprio presidente da Visiona, Nelson
Krahenbuhl Salgado, disse recentemente para o jornal “Valor
Econômico” que o INPE não terá participação direta no projeto, e
que a participação desse instituto nos projetos futuros dependerá do risco de
cada programa e do nível de tecnologia a ser desenvolvido. Ora leitor,
sinceramente esse senhor pode até ser um grande entendido em aviação (participou,
por exemplo, do programa de desenvolvimento da família de jatos Embraer 170/190),
mas demonstra conhecer muito pouco sobre o setor espacial. Afinal dispensar o
conhecimento e a experiência adquirida da única instituição no país
especializada na área, não me parece algo de sensato e ao mesmo tempo bastante suspeito.
Assim sendo, o temor do SindCT de que a temporada de caça aos especialíssimos pesquisadores
e servidores do INPE esteja aberta, é uma possibilidade a ser considerada, e
pior, de que realmente o governo possa está interessado em transferir para essa
empresa a parte do INPE envolvida com as pesquisas e desenvolvimento de
satélites. Vamos aguardar com atenção o desdobramento desse assunto preocupante.
Se há mesmo tanta urgência na aquisição desse satélite, talvez a não participação do INPE não seja assim tão grave, seria mais uma questão de pragmatismo. Por outro lado, se o governo largar de vez o INPE e não investir no desenvolvimento dessas tecnologias, pode acontecer com a Visiona o que hoje acontece com a EMBRAER, que sofre críticas justamente por ser só uma montadora que compra todas as peças do exterior.
ResponderExcluirHaha, era só o que faltava, os EUA querem o espaço brasileiro
ResponderExcluirOlá Bobdirlei!
ResponderExcluirNão concordo contigo, mas vamos aguardar o desenrolar desse assunto para entender melhor a situação e opinar com mais propriedade.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Caro Anônimo!
ResponderExcluirO que o artigo se refere é a faixa orbital (local onde é posicionado um satélite no espaço) que tem um valor enorme para qualquer país. Se realmente o prazo para o Brasil acaba em 2014, era de se esperar que os EUA, ou qualquer outro país queira tomar do Brasil.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)