Cientista Brasileiro e Nobel de Física Pesquisam Superfluidos
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (26/10) no site da
“Agência FAPESP” destacando que cientista brasileiro e Nobel de Física
pesquisam Superfluidos.
Duda Falcão
Especiais
Cientista Brasileiro e Nobel de Física
Pesquisam Superfluidos
Por Heitor Shimizu, de Cambridge
26/10/2012
Projeto que explora fronteiras da
Física é conduzido pelo grupo
de
Vanderlei Bagnato (USP e Cepof)
em colaboração com
pesquisadores do MIT
(Lawrence
Berkeley National Laboratory)
|
Agência
FAPESP – Vanderlei
Bagnato, professor da Universidade São Paulo (USP), e Wolfgang Ketterle,
ganhador do prêmio Nobel de Física em 2001 e professor do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), enfrentam juntos os desafios de uma área de
fronteira da Física sobre a qual ainda pouco se conhece e que envolve termos
como superfluidos, supercondutividade e condensado de Bose-Einstein.
A
colaboração de Bagnato com cientistas do MIT vem desde 1987, quando concluiu o
doutorado na instituição, e foi ampliada em 2012, com uma pesquisa para
investigar fluidos atômicos desenvolvida por seu grupo no Instituto de Física
de São Carlos (USP) e pela equipe de Ketterle, que dirige o Centro MIT-Harvard
para Átomos Ultrafrios.
O projeto é financiado pela FAPESP e pelo MIT e foi
selecionado em chamada lançada no âmbito de um acordo de cooperação entre as
duas instituições.
"Ninguém
faz ciência sozinho. Para se fazer pesquisa de ponta, parcerias com pesquisadores
de outros institutos e países é muito importante. E o MIT, que sempre se baseou
na busca por tentar superar os principais desafios da ciência, é um dos
melhores parceiros que podemos desejar”, disse Bagnato, durante simpósio da
FAPESP Week 2012 realizado em Cambridge, nos Estados Unidos.
Durante o
evento, o pesquisador apresentou resultados das pesquisas e falou sobre os
desafios científicos que ainda esperam as equipes da USP e do MIT.
Superfluidos,
explicou, representam um estado da matéria em que ela se comporta como um
fluido com viscosidade zero. O fenômeno ocorre em temperaturas extremamente
baixas – daí o motivo de se falar em átomos frios, superfrios ou ultrafrios.
Foi descoberto em 1938 em hélio líquido e tem aplicações em astrofísica, na
física de alta energia e em teorias quânticas.
Um exemplo
de superfluidez é o condensado de Bose-Einstein, estado da matéria formada por
átomos em temperaturas próximas do zero absoluto e que permite a observação de
efeitos quânticos em escala macroscópica. A existência do condensado de
Bose-Einstein foi prevista por Albert Einstein em 1925, a partir do trabalho de
Satyendra Nath Bose (1894-1974), como consequência teórica da mecânica
quântica.
Setenta anos
depois, Ketterle e dois cientistas da Universidade do Colorado – Eric Cornell e
Carl Wieman – produziram pela primeira vez o condensado, feito que rendeu o
Nobel de Física, em 2001.
Um
superfluido tem propriedades semelhantes às de líquidos e gases comuns,
como a falta de uma forma definitiva e a capacidade de se movimentar em
resposta a forças nele aplicadas. Entretanto, um superfluido tem propriedades
que não estão presentes na matéria comum, como a capacidade de se deslocar em
velocidades baixas sem dissipar energia, ou seja, com viscosidade zero.
Em velocidades
mais elevadas, a energia é dissipada por meio da formação de vórtices, espécies
de buracos onde a superfluidez se interrompe. Turbulências são fenômenos que
ocorrem em fluidos – líquidos e gases –, geralmente submetidos a movimentos
completamente desordenados: os vórtices.
Turbulência
Em 2009, um
estudo feito por Bagnato e seu grupo, em parceria com pesquisadores da
Universidade de Florença, na Itália, demonstrou que o fenômeno da turbulência
ocorre também no condensado de Bose-Einstein.
A descoberta
abriu uma nova janela para a investigação em dois dos principais desafios na
física contemporânea: o estudo dos fenômenos de turbulência e dos superfluidos.
O trabalho
foi publicado no periódico Physical Review Letters.
“O
condensado de Bose-Einstein se transforma em um superfluido quando é submetido
a uma temperatura próxima do zero absoluto", disse Bagnato, que coordena o
Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof) de São Carlos, um dos Centros de
Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiados pela FAPESP.
"Para
pesquisar o fenômeno da turbulência em fluidos quânticos e os superfluidos, a
colaboração com o pessoal do MIT será fundamental, pois eles têm grande
experiência no assunto. E são pesquisadores que têm preocupações científicas
semelhantes às que temos em nosso grupo no Brasil", afirmou.
Ketterle não
pôde participar do simpósio da FAPESP Week, mas o MIT foi representado na
sessão sobre átomos frios por Daniel Kleppner, professor emérito de Física do
Instituto.
"O
Brasil é um país admirável em muitos aspectos e um deles é a existência de
importantes programas de financiamento à pesquisa básica, como os mantidos pela
FAPESP. Pesquisar em uma área de fronteira, como é a física em temperaturas
superbaixas, é algo muito difícil e nos deixa muito satisfeitos em poder
colaborar com colegas brasileiros que realizam trabalhos tão importantes nesse
campo como o grupo do Cepof, em São Carlos", disse Kleppner.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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