Nem Só de Foguetes e Satélites Vive a AEB

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo postado dia (17/10) no site “Olhar Digital” dando destaque as tecnologias espaciais periféricas desenvolvidas recentemente pelo Programa Espacial Brasileiro.

Duda Falcão

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Nem Só de Foguetes e Satélites Vive
a Agência Espacial Brasileira

Confira mais um capítulo da série que investiga o
que o Brasil tem feito nesta área

Marcelo Gripa
17 de Outubro de 2012 | 07:30h

Reprodução
Nessa terça-feira, 16, lançamos no Olhar Digitaluma série sobre o Programa Espacial Brasileiro, criado em 1994 para capacitar o país em tecnologias que beneficiem a sociedade. No texto de ontem, explicamos o que rege o trabalho de exploração e controle espacial e como o setor tem se estruturado ao longo dos anos.

Hoje vamos falar sobre alguns dos projetos gerados pela Agência Espacial Brasileira, mantenedora do programa. Em 18 anos de atuação, foram colocados em órbita dois Satélites de Coleta de Dados (SCD1 e SCD2) e outros três - do modelo CBERS - derivados de uma parceria de 10 anos firmada com a China, cooperação inédita no setor mundial. Um quarto satélite já ‘está no forno’ e deve ser lançado em breve, ainda sem previsão.

De acordo com a AEB, o foco da atuação espacial permanece na criação e desenvolvimento de foguetes de sondagem, usados em pesquisas e testes, e em spin-offs (tecnologias desenvolvidas no campo espacial que encontraram aplicações em outros setores industriais). E é este o caso dos exemplos abaixo.

Selecionamos seis projetos que vão além do estereótipo ao qual um centro espacial está normalmente atrelado, ou seja, foguetes e satélites. Descobrimos que lá também são fabricados instrumentos para decomposição de combustível, forno para crescimento de ligas, metais e semicondutores e até brocas odontológicas.

Confira:

Minitubo de calor: Este dispositivo é réplica do testado na “Missão Centenário”, em 2006. O experimento enviado à Estação Espacial Internacional continha dois minitubos de calor. A principal função de um tubo deste é transportar o calor concentrado em uma região mais quente para uma região mais fria, de forma a manter o controle de temperatura sobre toda a superfície. Ele é um eficiente meio de transporte de calor para controle térmico de equipamentos em ambiente espacial.  A aplicação desta tecnologia, no cotidiano, é a utilização de tubos de calor na construção de fornos mais eficientes para padarias. Além disso, ela permite a construção de fornos energeticamente mais econômicos e com temperatura mais homogênea diminuindo desta forma a perda de matéria prima na indústria petrolífera.

Desenvolvimento: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Radiômetro: Os radiômetros medem a radiação solar global e foram construídos para serem utilizados em Plataformas de Coleta de Dados (PCDs). O principal elemento do radiômetro é a célula solar, cuja tecnologia foi desenvolvida no âmbito do Programa Espacial. Atualmente, esta tecnologia é aplicada na medição da radiação ultravioleta (UV), em equipamentos urbanos que indicam o nível de radiação no local. Servem de alerta à população para possíveis danos causados pela exposição excessiva aos raios solares.

Desenvolvimento: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Laboratório de Microeletrônica da Universidade de São Paulo(LME-USP).

Catalisadores: São materiais responsáveis pela decomposição do combustível. A maior parte dos satélites em órbita utiliza o sistema de propulsão a propelente líquido para operações de correção de órbita e posicionamento. Os catalisadores de Irídio, Rutênio e Ir-Ru suportados em aluminas especiais foram desenvolvidos no Brasil para uso no Programa Espacial. A pesquisa permitiu a criação de novas tecnologias empregadas em capturas de CO2 e de catalisadores para redução de outros elementos poluentes causadores do efeito estufa e de mudanças climáticas.

Desenvolvimento: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Petrobrás

Pinos, buchas e sistema de abertura de painéis solares dos satélites: No ambiente espacial, os satélites não podem operar com o uso de lubrificantes e graxas convencionais devido à sua evaporação nas condições de alto vácuo.  Pesquisadores brasileiros estudaram as propriedades do diamante, em especial, o Diamond-Like Carbon (DLC), que apresenta baixíssimo coeficiente de atrito, e a solução encontrada foi utilizá-lo como lubrificante sólido para abertura de painéis solares dos satélites.

Desenvolvimento: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Empresa Fibraforte

Brocas Odontológicas: Resultado direto do desenvolvimento e pesquisa para novos materiais aplicados para abertura dos painéis solares dos satélites, essas brocas odontológicas de ultra-som são, hoje, peças presentes nos consultórios odontológicos de todo o País.

Fabricante: Empresa CVDentus

Forno Multiusuário para Solidificação: Um forno de solidificação multiusuários para crescimento de ligas, metais e semicondutores com pontos de fusão de até 800oc, testado em voo suborbital, no foguete VSB-30 fabricado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (IAE/DCTA). O forno voou nas missões Cumã I e II e levou em seu interior um experimento piloto para solidificação em microgravidade de uma liga semicondutora com importantes aplicações tecnológicas, como detectores para a faixa do infravermelho termal (como as ondas emitidas pelo corpo humano), usados em câmeras de satélites meteorológicos.

Desenvolvimento: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)


Fonte: Site Olhar Digital - http://olhardigital.uol.com.br/

Comentário: Outro artigo interessante do mesmo autor do que foi postado aqui ontem, dessa vez descrevendo algumas tecnologias espaciais complementares que foram desenvolvidas no Brasil em grande parte graças ao Programa de Foguetes de Sondagem do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e em alguns casos ao Programa de Microgravidade da AEB que infelizmente até hoje não decolou como deveria para contribuir significamente com esse processo. Com exceção das citadas “Brocas Odontologicas” (na realidade um spin-off), todas as tecnologias apresentadas no artigo são muito importante para o PEB e uma clara demonstração do que se pode fazer se esse dois programas complementares tivessem o apoio necessário do governo, coisa que infelizmente não acontece. Quanto à informação do artigo de que foram 5 satélites brasileiros colocados no espaço até hoje, a mesma não é correta, afinal foram na realidade sete satélites, já que o autor esqueceu do satélite científico SACI-1, lançado no dia 14 de outubro de 1999, simultaneamente com o CBERS-1 do Centro Lançamento de Taiyuan, na China, que infelizmente não funcionou. Além dele, vale também lembrar do microsatélite amador DOVE/Oscar 17 (veja a nota “Microsatélite DOVE - O Primeiro Brazuca no Espaço”) fruto da iniciativa do o radioamador brasileiro “Junior Torres de Castro”, que foi lançado da Base de Kourou, na Guiana Francesa, em 22/01/1990, a bordo de um foguete ARIANE-40 H10 da Agência Espacial Européia (ESA), tornando-se assim o primeiro Brazuca no espaço. Também é preciso citar que outros satélites foram desenvolvidos no país, mas que infelizmente não chegaram a entrar em órbita. Foram eles: o microsatélite SCD-2A (explodiu junto com o VLS-1 VO1 em 02/11/1997 - Operação Brasil), o microsatélite científico SACI-2 (explodiu com o VLS-1 VO2 em 11/12/1999 - Operação Almenara), e o microsatélite tecnológico SATEC -1 e o nanosatélite UNOSAT-1  que explodiram junto com o VLS-1 V03 em 22/08/2003, durante a realização da Operação São Luís. Aproveitamos para agradecer ao leitor paulista José Ildefonso pelo envio desse artigo.

Comentários

  1. Mas um artigo mostrando a importância em se investir em tecnologias sensíveis. Depois de viver anos fora, cheguei ao Brasil e estou atualizando-me sobre o país, e tem coisa com que me alegro, e outras que me fazem quase chorar. Nas informações que tirei, pelas entrelinhas, constatei que não é somente no programa espacial que existe este desdém, mas em quase todas as areas do pais.

    Um país grande como o Brasil não tem uma fabrica própria de automóveis (que se destaque internacionalmente); não lançou um foguete sequer em órbita a partir do território brasileiro; não investe muito em astronomia, apesar da localização previlegiada do país; tem uma legislação que faz que processos se acumulem; só mete 14% dos jovens que terminam o ensino médio em universidades; etc.

    Claramente tem havido um boicote, não de estrangeiros, mas de políticos brasileiros que parecem que por algum "mistério" não fazem com que as areas tecnológicas evoluam no Brasil.

    No setor automobilistico tem uma chuva de empresas estrangeiras fazendo ou vendendo veículos no país (até mesmo a China com a JAC motors), mas o país nem seque pensou num projeto para lançar um veículo nacional (carro ou moto) com custo reduzido e que pudesse fazer frente à concorrencia, visado nas necessidades da população.

    Hoje a India já está pensando em Marte, e mesmo o Irã enviou seu satélite em órbita a partir do seu território. Mas o Brasil, com tanto potencial e recurso, ainda está aquém das espectativas. Não porque os políticos não tenham visão ampla, mas porque somente pensam em si mesmos, não se preocupando com a maioria da população.

    Esse país durante o tempo que estive fora, passou algumas empresas para mãos estrangeiras (principalmente no periodo FHC), e as políticas de Estado têm por enquanto só uma perspectiva económica. Está faltando visão? Ou são os políticos que estão se lixando para o engrandecimento do Brasil?

    Parece-me que cada vez mais a máscara está caindo de nossos políticos, e torna-se urgente remodelar o país se quisermos mesmo ser conhecidos como potência. Lei da ficha limpa é ainda pouco, quando cada senador de brasilia gasta 33 milhões por ano. Dinheiro que seria muito bem aplicado em setores de tecnologia de ponta, como o PEB. Mas não creio que a impunidade vai durar para sempre pelo curso que seguem as coisas.

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  2. Oi Israel,

    Vendo o seu comentário, mencionando a indústria automobilística, me fez lembrar, como "funciona" o nosso País.

    Se tiver chance, procura ler um livro sobre o João Amaral Gurgel (aquele dos veículos Gurgel), um gênio muito à frente do seu tempo, e um empresário patriota (talvez o nosso último), que foi soterrado por interesses escusos e ludibriado por políticos inescrupulosos que continuam por aí pagando de bons moços, enquanto ele morreu esquecido.

    Lamentável.

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  3. Olá Marcos!

    Assino embaixo de suas palavras com relação ao Amaral Gurgel, um grande brasileiro que sucumbiu por acreditar nessas lesmas asquerosas que militam há décadas nos bastidores da política brasileira.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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