Nova TMI Visa Mais Segurança aos Servidores
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado no “Jornal do SindCT” de
Setembro de 2012, editado pelo “Sindicato dos Servidores Públicos Federais na
Área de C&T (SindCT)” dando destaque a nova Torre Móvel de Integração
(TMI) do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), e o atraso do Programa do
VLS-1 devido a falta de recursos e a esse desastroso Acordo da ACS.
Duda Falcão
Nova TMI Visa Mais Segurança aos Servidores
Torre de escape garante fuga rápida em caso de acidentes
Por Fernanda Soares
Jornal do SindCT
A nova
Torre Móvel de Integração - TMI, uma estrutura metálica construída sobre
trilhos, foi projetada com os mais modernos sistemas de segurança. Possui 33
metros de altura, 12 de comprimento, 10 de largura e pesa 380 toneladas.
É chamada
móvel, pois, quando a montagem do lançador é concluída, a torre recua 40 metros
de distância do veículo a uma velocidade de 4,5 metros/minuto.
No interior
da TMI, as plataformas móveis permitem aos servidores trabalharem em segurança,
sem a necessidade de estarem amarrados a equipamentos, dando-lhes a mobilidade
necessária.
Ao término
da montagem do foguete e dos testes, as plataformas são suspensas, liberando a
TMI para o recuo.
A nova TMI
também já foi projetada para receber novos modelos de lançadores, permitindo
alteração no posicionamento dessas plataformas.
A proteção
contra descargas elétricas, que antes ficava apenas no foguete, agora alcança
todo o complexo (foguete, TMI e túnel de escape) através da Gaiola de Faraday.
De acordo
com o Ten. Cel. Eng. César Demétrio dos Santos, diretor interino do Centro de
Lançamento de Alcântara - CLA, a TMI possui o que há de mais moderno em
tecnologia para sua construção. “Isso não quer dizer que a torre antiga não era
segura. Quando foi construída, ela também utilizava equipamentos modernos para
a época. Com o passar do tempo, a tecnologia também se desenvolve e hoje
podemos dizer que é quase impossível que um acidente como o de 2003 se repita”,
explica o Comandante.
Muitos
procedimentos foram automatizados, reduzindo o número de pessoas que permanecem
dentro da torre.
Como a
hipótese de um acidente não pode ser descartada, a TMI ganhou uma Torre de
Escape fixa, feita em concreto e posicionada ao lado da plataforma de
lançamento. Ela oferece um meio rápido e seguro para os funcionários evacuarem
a plataforma se necessário. Com portas antichamas e ar pressurizado, são três
as formas de se chegar ao subsolo: através de escadas, escorregando por uma
haste como bombeiros, ou através de “meia” (sistema francês que permite rápida
evacuação).
Ten. Cel. Alberto fez questão de ressaltar: “a segurança
da equipe está em primeiro lugar”.
Falta de Recursos Atrasa Projeto VLS
O primeiro
lançamento do VLS na nova TMI, somente com o primeiro e segundo estágios
ativos, está previsto apenas para 2013, quase 10 anos após o acidente.
Nestes 10
anos, ao invés de receber novos investimentos para o aprimoramento do projeto,
o VLS sofreu constantes cortes de verbas.
A falta de
reposição de pessoal, amplamente cobrada pelo SindCT, também foi mencionada
pelo gerente do projeto VLS, Ten. Cel. Alberto. “Estamos com problemas em
alguns setores porque o pessoal já se aposentou”, afirma.
Os concursos
públicos não foram suficientes para repor o quadro técnico do DCTA. Além disso,
seria necessária a contratação de novos servidores antes dos atuais saírem,
para que houvesse o preparo do pessoal novo e uma troca de conhecimentos.
Sobre as
cobranças ao IAE por ainda não ter lançado um VLS, o Ten. Cel. Alberto
responde: “um cronograma físico não resiste à falta de recursos.”
Além do
corte de verbas, o VLS ainda disputa espaço com o foguete ucraniano, Cyclone 4,
que vem demonstrando ter sua viabilidade técnica e econômica questionável.
A Alcântara
Cyclone Space - ACS, instalada dentro do CLA, tem consumido recursos que
poderiam ser destinados ao VLS e a outros projetos espaciais.
Uma das
justificativas apontadas para a criação da ACS seria a transferência de
tecnologia para o Brasil. Algo improvável de ocorrer, em primeiro lugar, porque
o acordo firmado com a Ucrânia proíbe qualquer tipo de transferência de
tecnologia; em segundo lugar, pelo fato do IAE não possuir qualquer
participação no projeto.
O Ten.
Cel. Demétrio faz uma observação sobre o Programa Nacional de Atividades
Espaciais - PNAE: “o objetivo do PNAE é ter um centro brasileiro, um satélite e
veículo lançador brasileiros e não podemos perder isso de vista”.
Segurança em Primeiro Lugar
Mantendo o foco na segurança dos servidores, o Ten. Cel.
Alberto informa que mais testes serão feitos durante a pré-campanha do VSISNAV,
conhecida como MIR – Mock-up para Ensaios de Interface de Redes Elétricas, que
acontecerá no começo de 2013.
“Esta Operação está batizada como Operação Santa Bárbara, e será parecida com a
Salina, também com motores inertes, porém com outro foco e mais completa. Após
todos os testes feitos e o veículo certificado do ponto de vista das redes
elétricas e eletrônica embarcada é que será iniciada a Operação VSISNAV, com o
foguete operacionalmente completo e motores ativos. Não abrimos mão da
segurança.”
Um outro
ponto que merece atenção é a manutenção da TMI. Instalada muito próxima ao mar,
os equipamentos da torre podem sofrer com a corrosão causada pela maresia.
O CLA deve
estar sempre atento à manutenção, principalmente com os componentes mecânicos e
elétricos.
Durante a
visita ao CLA, os representantes do SindCT puderam verificar que alguns
cuidados em relação à manutenção estão sendo tomados.
É de
extrema importância que o governo mantenha uma verba regular destinada à
verificação dos equipamentos e sua manutenção contínua.
Sem
manutenção preventiva, ao longo dos anos todo o investimento realizado será
jogado fora.
Fonte: Jornal do SindCT - Setembro de 2012.
Comentário: Resolvi postar esse artigo no blog, pois por
incrível que possa parecer ainda existe pessoas que acham que esse acordo com a
Ucrânia traz benefícios ao nosso país, e nada melhor como o depoimento do Ten. Cel. Alberto, gerente do Projeto
do VLS-1, para mostrar essas pessoas que algo urgente precisa ser feito para
impedir que esse acordo vá em frente nas atuais condições descritas pelo mesmo.
Ou muda as regras do acordo ou o mesmo tem de ser sumariamente finalizado.
Olá Duda!
ResponderExcluirPela notícia, no começo de 2013 haverá então um ensaio de integração com o foguete inerte e a TMI, dando enfase à rede elétrica. Assim como teve esse ensaio a pouco tempo com o mock up, dá medo que não existam recursos suficientes para o lançamento ainda ano que vem. Que triste!!
Olá Xará!
ResponderExcluirTemos que acreditar que o IAE terá os recursos para finalmente completar essa fase e lançar o "VLS-1 VSISNAV" até o final de 2013. Caso contrario amigo, o descredito que já é enorme tornará-se insustentável. O PEB precisa mostrar resultados o mais breve possível, já que o provável fiasco do lançamento do CBERS-3 em 2012 só fez piorar as coisas.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Eu destacaria três pontos:
ResponderExcluir1 - Essa "nova" TMI, já é nova a algum tempo. Se demorar muito, vira sucata.
2 - Se a notícia vem do jornal da classe, eles devem saber que repor pessoal nesse sistema Brasileiro é, pra dizer o mínimo, MUITO difícil.
3 - Quanto a um dos motivos de não haver transferência de tecnologia ser "pelo fato do IAE não possuir qualquer participação no projeto", isso é apenas o "status quo" atual, tomara tivéssemos outras instituições capacitadas para isso.
Olá Marcos!
ResponderExcluirNão concordo contigo. Vamos lá:
1- Quanto a TMI, não é bem assim. As plataformas do Projeto Apollo só viraram sucata quase 25 anos depois de ser usada pela última vez.
2- Também não, o SindCT sabe que para mudar isso basta o governo tomar vergonha na cara e abrir editais para contratação de novos servidores.
3- Também não é esta a questão e sim de foco. Não adiantaria nada transferir para outra instituição, já que no Brasil só o IAE tem competência e experiência para lidar com foguetes e tecnologias associadas.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
É muito triste. Tiram verbas de um programa espacial genuinamente brasileiro, para apoiar um programa estrangeiro que agrega muito pouco ao Brasil. E ainda assim não se sabe onde isso vai dar. Além do combustível toxico poluente, que será usado, que o Duda sempre alerta.
ResponderExcluirTemos muitos problemas em várias áreas sociais do país e por isso mesmo que não deveríamos privilegiar o foguete alheio com nossos recursos escassos, em detrimento do desenvolvimento do nosso. Não devíamos desperdiçar dinheiro em um foguete que utiliza combustível ultrapassado e devíamos nos focar mais no que estamos desenvolvendo a décadas onde mesmo com incontáveis contingenciamentos avançamos muito. Se mantivessem as metas e não contingenciassem os recursos por si só já seria um grande avanço. Uma pena!