Cientistas Europeus Avaliam Entrada do Brasil no CERN
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada dia (18/10) no site da
revista “VEJA” destacando que cientistas europeus vieram ao Brasil para
avaliarem a participação do país como membro associado do “Centro Europeu de Pesquisa
Nuclear (CERN)”.
Duda Falcão
Ciência
Pesquisa
Cientistas Europeus Avaliam
Entrada do Brasil no CERN
Guilherme Rosa
18/10/2012 - 21:21
(Fabrice Coffrini / AFP)
Centro de controle do LHC: o CERN foi responsável pela construção do Grande Colisor de Hadrons (LHC) em Genebra, na Suiça, que sedia pesquisas sobre o Bóson de Higgs |
O Brasil está a alguns
passos de se tornar membro associado do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear
(CERN, na sigla em inglês), um dos mais importantes grupos de pesquisa do
mundo, responsável pelas mais recentes descobertas na área da física de
partículas elementares. Mas, para isso, a ciência brasileira precisa passar por
uma avaliação. Durante esta semana, uma comissão de pesquisadores do CERN
visitou o país, avaliando instalações de pesquisa, universidades e indústrias.
A visita faz parte de um longo processo que teve início em 2010, quando a
organização passou a aceitar membros não europeus e o Brasil demonstrou o
interesse de fazer parte do grupo.
Vinte países
europeus são oficialmente membros do CERN, fundado em 1954. Outros 40 países,
incluindo o Brasil, possuem pesquisadores envolvidos nos projetos. A
organização é responsável pela construção do maior acelerador de partículas do
mundo, o LHC, onde foram descobertos
recentemente indícios da existência do Bóson de Higgs.
"O Brasil
está buscando uma associação mais formal com o CERN. Além de ajudar no
desenvolvimento de experimentos, o país poderá se beneficiar da nossa
tecnologia e de nossas parcerias educacionais", disse ao site de VEJA
Felicitas Pauss, chefe de Relações Internacionais do CERN, durante encontro com
cientistas brasileiros na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP).
Leia também:
Felicitas Pauss
liderou a equipe do CERN que visitou o Brasil. O grupo passou por Rio de
Janeiro, Brasília, Campinas e São Paulo. Além de visitar universidades, a
comitiva avaliou a indústria e a engenharia brasileiras, uma vez que, ao se
tornar membro do CERN, o Brasil poderá fornecer tecnologia para novas pesquisas
da organização.
O grupo também
se encontrou com integrantes do governo para avaliar o incentivo à pesquisa e o
potencial do país na área da física elementar. "Se tornar um membro do
CERN é um comprometimento de longo prazo. Nós só podemos entender se o país
está pronto para isso por meio da conversa com autoridades", disse
Felicitas Pauss.
Após a visita, o grupo deve produzir um relatório sobre
as condições da pesquisa de física – principalmente na área das partículas
elementares - no país. O documento será analisado pelo Conselho da entidade, que reúne os vinte membros atuais. São eles que
decidirão se o Brasil passará ou não a fazer parte do grupo.
"Vivemos um
período muito interessante para a física, e o Brasil pode fazer parte
disso"
Felicitas Pauss
Chefe de relações
internacionais do CERN e coordenadora da missão no Brasil
Claudio Arouca
O que significa para o Brasil se tornar um membro associado do
CERN?
É um
compromisso de longo prazo – o CERN existe há cerca de 50 anos – e a chance de
fazer parte de uma instituição mundial única. Não existe nada equivalente em
nenhuma outra área de pesquisa. São mais de 11.000 cientistas e engenheiros de
mais de 60 países participando de nossas atividades científicas. A nossa missão
principal é a pesquisa fundamental na área da física de partículas. Queremos,
basicamente, aprender mais sobre o nosso universo. Para conseguir isso,
precisamos desenvolver novas tecnologias. Temos tido uma história interessante
nessa área das tecnologias – a web como conhecemos surgiu no CERN há 22 anos
[Foi Tim Berners-Lee, cientista do CERN, que criou a World Wide Web, em 1989].
Com a entrada do Brasil, o país também poderá fornecer tecnologias para nossos
experimentos. Nós também nos preocupamos com a educação – estamos treinando a
próxima geração de físicos e engenheiros. Nossos projetos nesse setor costumam
ter um grande impacto na área, e o Brasil poderá ter uma participação maior
nesses programas.
Quais
seriam os benefícios para o CERN se o Brasil for aceito como membro?
Para
começar, os países membros têm de colaborar com uma taxa, que depende de seu
PIB. É claro que isso significa um benefício para o CERN. Também ganhamos em a
colaboração científica. Em 2010 decidimos que qualquer país, independentemente
de ser europeu ou não, poderia fazer parte da organização. Fizemos isso porque
a ciência funciona além de qualquer fronteira política. Nossos experimentos são
globais, temos pessoas de vários países trabalhando juntas. Achamos que isso
deveria estar refletido nos países membros.
Quando
poderemos saber se o Brasil foi ou não aceito no CERN?
Infelizmente
não é possível adiantar quais são as conclusões da equipe. Agora, vamos
produzir um relatório com as informações que temos e o enviaremos ao Conselho
do CERN. A próxima reunião é em dezembro, a seguinte é em março – acho que
conseguiremos produzir o documento até lá. Os conselheiros devem discutir a
adesão do Brasil com base nesse texto. E, se o país for aceito, o CERN começa
negociar com o governo brasileiro os termos do acordo a ser firmado.
A
descoberta do Bóson de Higgs aconteceu em julho. O Brasil não pode estar
entrando atrasado no CERN?
De
jeito nenhum. Estamos falando de duas coisas diferentes. Pesquisadores
brasileiros estão envolvidos nessa pesquisa há muitos anos. Eles fazem parte da
descoberta, e merecem tanto crédito pela descoberta quanto qualquer outro
participante. Agora, o Brasil quer fazer parte do projeto de modo mais formal,
ter uma participação maior em termos de inovação e no desenvolvimento das
pesquisas. Ano que vem, devemos atualizar os equipamentos do LHC, e o Brasil
poderá colaborar com a tecnologia. Além disso, a descoberta do Bóson de Higgs –
que ainda precisa ser confirmada – é apenas o começo de uma longa
jornada. Vivemos um período muito interessante para a física, e o Brasil pode
fazer parte disso.
Saiba Mais
LHC
O
Grande Colisor de Hádrons (do inglês Large Hadron Collider, LHC) é o maior
acelerador de partículas do mundo, com 27 quilômetros de circunferência. Ele
pertence ao CERN, o centro europeu de pesquisas nucleares e está instalado na
fronteira franco-suíça. Em seu interior, partículas são aceleradas até 99,9% da
velocidade da luz. Os experimentos ajudam a responder questões sobre a criação
do universo, a natureza da matéria e fenômenos exóticos observados no espaço.
BÓSON
DE HIGGS
O
bóson de Higgs é uma partícula subatômica prevista há quase 50 anos. Após
décadas de procura, os físicos ainda não conseguiram nenhuma prova de que ela
exista. O Higgs é importante porque a existência dele provaria que existe um
campo invisível que permeia o universo. Sem o campo, ou algo parecido, nada do
que conhecemos existiria. Os cientistas não esperam detectar o campo -- em vez
disso, eles esperam encontrar uma pequena deformação nele, chamada bóson de
Higgs.
Fonte: Site da Revista VEJA -
18/10/2012
Comentário: Olha, é uma chance em mil para
física de partículas brasileira que já se beneficia de certa forma de pesquisas
no CERN. Entretanto, em nossa opinião se essa participação formal depender do
comprometimento do governo brasileiro, seria melhor para o próprio CERN e
também para os cientistas brasileiros que já participam de pesquisas nesse
centro científico que não envolvam o governo brasileiro nessa história, para que
no futuro não venham se arrepender. Esses energúmenos não têm compromisso
nenhum que não seja com os seus próprios interesses e exemplos não faltam para
comprovar essa afirmação. Gostaríamos de agradecer ao leitor José Ildefonso pelo envio dessa notícia.
É como sempre discutimos por aqui...
ResponderExcluirChances para o Brasil no cenário científico internacional não faltam. Se esse "governo" fosse minimamente comprometido com os interesses da nação, o Brasil estaria décadas à frente.
E vejam que alguns poucos heróis ainda conseguem fazer muito, mesmo "atolados" no entulho burocrático no qual os políticos (a meu ver propositalmente) enfiaram o País.
O que dizer mais?
Vejo um certo interesse financeiro do CERN ao propor o envolvimento do Brasil, mas sem dúvida é o que existe de pesquiza de ponta hoje, então vale a pena nos comprometermos.
ResponderExcluirÉ uma boa notícia, então espero que dê certo.
No entanto pensava que a descoberta do Bóson de Higgs tinha sido desmistificada. Talvez esteja desatualizado, mas ao que bem me lembro houve mesmo uma euforia quanto ao descobrimento dessa partícula mas que foi logo se amainada com a informação de que afinal não era a tal particula.
Seja como for espero que o Brasil adira ao projeto.