Pesquisa Avalia Impacto de Encontros Entre Asteroides
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (24/10) no site da
“Agência FAPESP” destacando que pesquisadores brasileiros da UNESP, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Observatório Nacional (ON) realizam pesquisa
que avalia o impacto de Encontros Entre Asteroides.
Duda Falcão
Especiais
Pesquisa Avalia Impacto de Encontros
Entre Asteroides
Por Elton Alisson
24/10/2012
Agência
FAPESP – Entre os
mais de 500 mil asteroides do Sistema Solar já catalogados, há um seleto grupo
– formado por aproximadamente 20 corpos – dos chamados asteroides massivos, que
possuem massa (tamanho) muito superior à dos demais.
Quando um
asteroide massivo se aproxima de outro asteroide pequeno – evento raro –,
ocorre uma perturbação na órbita do segundo, denominada “difusão de órbitas”.
Isso provoca uma mudança de seus elementos orbitais, como semieixo maior,
excentricidade e inclinação.
Um trabalho
feito por pesquisadores do Departamento de Matemática da Faculdade de
Engenharia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Guaratinguetá, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Observatório Nacional, no
Rio de Janeiro, avaliou a mobilidade orbital causada por encontros próximos com
os asteroides 2 Pallas, 10 Hygiea e 31 Euphrosyne – respectivamente, o
terceiro, o quarto e o vigésimo segundo asteroides mais massivos.
Os
resultados da pesquisa, realizada no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP, foram apresentados em
setembro em conferência internacional sobre exploração do Sistema Solar.
O evento foi
realizado em Roma, Itália, na Academia dei Lincei – uma das mais antigas
instituições científicas do mundo, da qual Galileu Galilei (1564-1642) foi
membro. O trabalho também deverá ser publicado na revista Astronomy &
Astrophysics.
De acordo
com as simulações numéricas realizadas, o efeito da perturbação causada pelo
asteroide 2 Pallas – de alta inclinação orbital e cujos números de encontros com
outros asteroides pequenos na sua região orbital ocorrem em velocidade e
distância relativas muito altas – é bastante limitado.
Por sua vez,
o 31 Euphrosyne também é um corpo de alta inclinação, mas de família bem maior
do que a de Pallas. Por isso, foi usado pelos pesquisadores como modelo para
verificar se asteroides massivos de alta inclinação são eficazes para causar
mudanças de mobilidade de elementos de asteroides pequenos ou não.
Já a difusão
do semieixo maior de um asteroide pequeno provocada por um encontro com o
asteroide 10 Hygiea é quase próxima à causada pelo 1 Ceres – o maior asteroide
conhecido, que em 2006 passou a ser considerado planeta-anão.
“Os níveis
de difusão no semieixo maior de um asteroide pequeno causados por um encontro
com o 10 Hygiea são quase da mesma ordem da do Ceres, o que foi um pouco
inesperado”, disse Valério Carruba, professor da Unesp e um dos autores do
estudo, à Agência FAPESP.
Segundo
Carruba, já tinham sido realizados alguns estudos sobre encontros próximos com
dois dos maiores asteroides massivos: o 1 Ceres e o 4 Vesta, que é o segundo
maior asteroide do Sistema Solar e que foi promovido em maio à categoria de
“protoplaneta”.
Um estudo
publicado em 2011 também na revista Astronomy & Astrophysics por
cientistas do Observatório de Paris, na França, demonstrou que, quando os cinco
maiores asteroides massivos foram incluídos em simulações com todos os outros
planetas, não somente as órbitas dos asteroides massivos se tornaram mais
caóticas, mas até a precisão dos elementos orbitais da Terra ficou limitada em
até 50 milhões de anos (Myr).
Os efeitos
sobre a mobilidade asteroidal causada por encontros próximos nas regiões de 2
Pallas, 10 Hygiea e 31 Euphrosyne, que foram objeto do estudo dos pesquisadores
brasileiros, ainda não tinham sido esmiuçados.
“Sabemos que
os efeitos de difusão caótica causados por encontros com asteroides massivos
valem somente para asteroides cujas órbitas cruzam com as dos asteroides
maiores”, explicou Carruba.
“Eles podem
ser particularmente importantes para objetos que são membros da família de
asteroides massivos, como o 10 Hygiea e o 31 Euphrosyne, que é o que
pretendemos estudar agora”, disse.
Encontros Raros
Em estudo
realizado em colaboração com outros pesquisadores, publicado em julho na Astronomy
& Astrophysics, Carruba demonstrou que mudanças no semieixo maior,
excentricidade e inclinação, causadas por efeitos a longo prazo de encontros
próximos do asteroide Vesta com outros corpos menores, podem ter contribuído
para difusão de alguns membros de sua família para fora de sua órbita.
Além disso,
a órbita atual de alguns desses asteroides não poderia ser facilmente
justificada pela migração dos elementos por outros mecanismos, como por exemplo
o efeito Yarkovsky (um pequeno “empurrão” que um asteroide sofre quando absorve
a luz solar e emite calor) ou ressonâncias orbitais.
“Por causa
dos encontros próximos com asteroides massivos, há uma mudança na energia da
órbita dos asteroides pequenos que se reflete em uma mudança no semieixo maior,
na excentricidade e na inclinação da órbita dele”, explicou Carruba.
De acordo
com o pesquisador, o mecanismo dos encontros com asteroides massivos é similar
ao utilizado para enviar sondas para estudar planetas, como Júpiter e Saturno,
e suas respectivas luas.
Quando as
sondas Voyager começaram a ser enviadas ao espaço pela Nasa, a agência espacial
dos Estados Unidos – inicialmente para estudar Júpiter e Saturno e,
posteriormente, Netuno –, elas tiveram um encontro próximo com Júpiter que
mudou relativamente suas órbitas. “Elas ganharam energia e agora podem explorar
o Sistema Solar externo”, disse Carruba.
“É claro que
os asteroides massivos são bem menores em comparação aos planetas. Mas, com o
passar de centenas de milhares de anos, os efeitos da difusão caótica causados
por encontros próximos com eles não são desprezíveis”, afirmou. Entretanto,
segundo ele, os encontros próximos com asteroides massivos são raros.
Das
aproximadamente 3 mil partículas que estudaram na região de 10 Hygiea, que
abrangem um período de 30 milhões de anos, os pesquisadores brasileiros
identificaram cerca de 4 mil encontros próximos delas com o asteroide
massivo nesse período.
“Os
encontros próximos com asteroides massivos dependem muito de como as órbitas
estão orientadas. Quando elas se intersectam, nós conseguimos verificar a
ocorrência de encontros próximos e calcular a variação do semieixo maior dos
asteroides menores”, disse Carruba.
O artigo Chaotic
diffusion caused by close encounters with several massive asteroids The (4) Vesta
case (doi: 10.1051/0004-6361/201218908), de Carruba e outros, pode ser lido
por assinantes da revista Astronomy & Astrophysics em www.aanda.org/index.php?option=com_article&access=doi&doi=10.1051/0004-6361/201218908&Itemid=129.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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