Segundo Pesquisadores do MIT, as Observações do 'Telescópio Espacial Webb' Podem Estar Sendo Interpretadas Incorretamente
Olá
leitores e leitoras do BS!
Segue
abaixo uma preocupante notícia postada hoje (20/09),
no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando
que segundo pesquisadores do prestigiado ‘Massachusetts Institute of Technology
(MIT)’, as observações do Telescópio Espacial James Webb podem estar
sendo interpretadas de forma incorreta pela sua equipe de pesquisadores.
Pois é amigos, será mesmo? Não sei, mas tomara
que não. Vamos aguardar o desenrolar desta história.
Avante James Webb!
Brazilian Space
ESPAÇO
Observações do Telescópio Webb Podem Estar Sendo Interpretadas Incorretamente
Com informações do MIT
20/09/2022
[Imagem: NASA]
Este é o
mais poderoso e mais caro telescópio da história - mas, neste caso, parece que
a observação está superando as teorias. |
Modelos Insuficientes
O Telescópio Espacial James Webb está revelando o Universo com uma
clareza espetacular e sem precedentes graças à sua visão infravermelha, que
enxerga através da poeira cósmica.
Além de ver mais longe do que nunca, o Webb também irá capturar a visão
mais detalhada de corpos celestes em nossa própria galáxia - entre os mais
esperados estão alguns dos 5.000 exoplanetas já descobertos na Via Láctea.
Os astrônomos pretendem tirar proveito da precisão na captura de luz do
telescópio para decodificar as atmosferas que cercam esses mundos, em busca de
sinais de habitabilidade - ou mesmo de indicadores de vida.
Mas pesquisadores do MIT, nos EUA, mandaram um recado preocupante para os
cientistas que vão trabalhar na interpretação desses dados: As ferramentas mais
avançadas de que os astrônomos dispõem para decodificar sinais baseados em luz
não são boas o suficiente para interpretar os dados com a precisão que o novo
telescópio gera.
Especificamente, os modelos de opacidade - as ferramentas que modelam
como a luz interage com a matéria em função das propriedades da matéria - podem
precisar de ajustes significativos para corresponder à precisão dos dados do
Webb.
Se esses modelos não forem refinados, as propriedades das atmosferas
planetárias - como temperatura, pressão e composição química - podem ficar
erradas em uma ordem de magnitude.
"Existe uma diferença cientificamente significativa entre um
composto como a água estar presente em 5% versus 25%, que os modelos atuais não
conseguem diferenciar," disse Julien de Wit, membro da equipe.
"Atualmente, o modelo que usamos para descriptografar informações
espectrais não está à altura da precisão e da qualidade dos dados que temos do
telescópio James Webb. Precisamos melhorar nosso jogo e enfrentar juntos o
problema da opacidade," acrescentou seu colega Prajwal Niraula.
[Imagem: NASA/ESA/CSA, A Carter (UCSC)/ERS 1386 team/A. Pagan
(STScI)]
O Webb já fotografou exoplanetas,
mas os dados podem não estar sendo devidamente interpretados. |
Opacidade
A opacidade é uma medida da facilidade com que os fótons passam através
de um material. Os fótons de certos comprimentos de onda podem passar
diretamente através de um material, ser absorvidos ou refletidos de volta,
dependendo de se e como eles interagem com certas moléculas dentro de um
material. Essa interação também depende da temperatura e da pressão do
material.
Um modelo de opacidade funciona com base em várias suposições sobre como
a luz se comporta nessas interações. No contexto dos exoplanetas, um modelo de
opacidade pode decodificar o tipo e a abundância de elementos e compostos
químicos na atmosfera de um planeta com base na luz do planeta que um
telescópio captura.
O professor De Wit conta que o modelo de opacidade de última geração, que
ele compara a uma ferramenta de tradução, "fez um trabalho decente"
de decodificação dos dados espectrais obtidos por instrumentos como os do
telescópio espacial Hubble.
"Até agora, esta Pedra de Roseta está indo bem. Mas agora que
estamos indo para o próximo nível com a precisão do Webb, nosso processo de
tradução nos impedirá de captar sutilezas importantes, como aquelas que fazem a
diferença entre um planeta ser habitável ou não," resume o pesquisador.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech/Lizbeth B. De La Torre]
Consertos Teóricos e de Laboratório
Para testar o modelo de opacidade mais usado, a equipe criou oito
variações, que eles chamam de "modelos perturbados".
Eles descobriram que, com base nos mesmos espectros de luz, cada modelo
perturbado produz previsões para as propriedades da atmosfera de um planeta com
variações muito grandes.
A equipe conclui que, se os modelos de opacidade existentes forem
aplicados aos espectros de luz obtidos pelo telescópio Webb, eles atingirão uma
"parede de precisão". Ou seja, eles não serão sensíveis o suficiente
para dizer se um planeta tem uma temperatura atmosférica de 20 ºC ou de 320 ºC,
ou se um determinado gás ocupa 5% ou 25% de uma camada atmosférica.
"Essa diferença é importante para que possamos restringir os
mecanismos de formação planetária e identificar bioassinaturas de maneira
confiável," disse Niraula.
E não é um problema que se resolva do dia para a noite. Para melhorar os
modelos de opacidade existentes, afirma a equipe, serão necessárias mais
medições laboratoriais e mais cálculos teóricos para refinar as suposições dos
modelos de como a luz e várias moléculas interagem, bem como colaborações entre
disciplinas e, em particular, entre a astronomia e a espectroscopia.
Bibliografia:
Artigo: The impending opacity challenge in exoplanet atmospheric
characterization
Autores: Prajwal Niraula, Julien de Wit, Iouli E. Gordon, Robert J.
Hargreaves, Clara Sousa-Silva, Roman V. Kochanov
Revista: Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41550-022-01773-1
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