ICEYE: Indústria Pode Dar Protagonismo Que Brasil Merece no Setor Aeroespacial
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo mais uma dessas entrevistas realizadas pelo
site ‘Geocracia’ com profissionais ligados ao setor espacial, só que desta vez
com a Sra. Ana Paula Cordeiro, vice-presidente
da ‘ICEYE’ para a América Latina, uma empresa finlandesa líder global em
monitoramento persistente com imagens radar, sobretudo satélites SAR (Radar de
Abertura Sintética, na sigla em inglês), a mesma empresa que forneceu recentemente os
dois satélites radares comprados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Pois então amigos
leitores, a VP da ICEYE evidentemente está vendendo o seu peixe e
certamente causa-me preocupação essa sua aproximação com a AIAB, mas não
há como não acha-la nesse momento uma ação natural, afinal esse associação
engloba uma série de empresas de alta tecnologia.
Em sua entrevista ela
cita o New Space e parece estar aberta para parcerias, como era de se
esperar de uma empresa internacional que se acredita ser séria, mas se
realmente ela quer ter sucesso dando retorno ao país que agora lhe acolhe, não
é na AIAB e muito menos na AEB que a ICEYE encontrará empresas e profissionais voltados as práticas do
NEW SPACE, sugiro que a mesma procure a presidência da Aliança das Startups
Espaciais Brasileiras (ASB), na pessoa do seu presidente, o Sr.
Marcelo Essado, e veja com ele como a ASB pode estabelecer parcerias
de médio e longo prazo com a ICEYE que tragam reais benefícios para
ambas as partes, e por tabela a Sociedade Brasileira.
Brazilian Space
ENTREVISTAS
ICEYE: Indústria Pode Dar Protagonismo Que Brasil Merece no Setor Aeroespacial
Por Geocracia
4 de setembro de
2022
Fonte: Site Geogracia - https://geocracia.com
Foto: Arquivo pessoal
Líder global em monitoramento persistente com imagens
radar, sobretudo satélites SAR (Radar de Abertura Sintética, na sigla em
inglês), a finlandesa ICEYE tem intensificado, nos últimos anos, sua estratégia
de lançamento de satélites para inúmeros clientes globais, incluindo aí o setor
brasileiro de Defesa. Só a Força Aérea Brasileira opera dois satélites-radar,
capazes de captar imagens mesmo em dias nublados, e que estão sendo usados em
projetos de monitoramento da Amazônia e de fronteiras.
Em entrevista à Agência Geocracia, a vice-presidente da
ICEYE para a América Latina, Ana Paula Cordeiro, diz que o Brasil tem grande
potencial no setor aeroespacial, não só pela estratégica localização
geográfica, mas também pelo patrimônio intelectual das nossas universidades e
instituições como a AEB (Agência Espacial Brasileira), o INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), a AIAB (Associação das Indústrias
Aeroespaciais do Brasil), entre outras: “Vemos na região um grande potencial e
um ambiente propício para o desenvolvimento de novas tecnologias, com mão de
obra extremamente qualificada, a exemplo do polo aeroespacial em São José dos
Campos”.
Responsável pelo desenvolvimento do mercado regional, com
foco em industrialização e parcerias locais no segmento New Space (no
qual a iniciativa privada é parceira dos projetos aeroespaciais), Ana Paula
acredita que a estratégia de envolver a indústria local pode “trazer o
Brasil para o protagonismo que ele merece no setor. Condições para isso esse
país tem de sobra”, afirma a executiva, com mais de 20 anos de experiência no
desenvolvimento de mercados internacionais nas áreas de defesa e segurança.
Leia a seguir a entrevista na íntegra.
Desde julho, usuários governamentais e privados podem
adquirir seus próprios satélites de imageamento radar da ICEYE e operá-los de
forma independente, ou contratar a empresa para gerenciar todo o sistema. Como
funciona esta contratação e quais são as suas vantagens?
A ICEYE possui um portfólio de ofertas extremamente
flexível para clientes de diversos perfis, seja do segmento público ou privado.
Ofertamos um amplo espectro de produtos, desde o fornecimento de imageamento
SAR de alta qualidade e inigualável temporalidade, passando pela venda da
capacidade da nossa própria constelação, até o fornecimento de constelações
completas autonomamente operadas pelos nossos clientes. Os benefícios auferidos
pelos nossos clientes no segmento New Space são muito maiores se
comparados ao Old Space tradicional. Oferecemos real custo-benefício e
total flexibilidade às necessidades operacionais dos nossos clientes.
Um cliente com uma demanda alta e prioritária de
imageamento persistente, por exemplo, pode contratar a capacidade de um
satélite da constelação ICEYE, ou seja, a exclusividade das passagens daquele
satélite sobre determinado território, dentro de um período pré-fixado. Isso em
um modelo de subscrição direto com a ICEYE. Neste caso, não é necessário
estabelecer uma onerosa estrutura para o gerenciamento do sistema espacial — o
que incluiria, além de equipamentos sofisticados, a formação e o treinamento de
uma equipe dedicada —, já que isso seria de responsabilidade da própria ICEYE.
O cliente interessado em comprar a capacidade de um de nossos satélites tem
acesso à observação de sua área de interesse em tempo quase real, com a
possibilidade de planejar os ciclos de aquisição de imagens, alterar modos de
imageamento e usufruir de um fluxo constante de insumos SAR completamente
adaptado a sua realidade operacional.
Já os clientes que querem operar seus próprios satélites,
têm a opção de adquirirem suas próprias constelações diretamente da ICEYE. Para
esses clientes, a ICEYE oferece pacotes que incluem os próprios satélites SAR,
toda a infraestrutura em solo, treinamento personalizado e fornecimento de
analytics, customizando a solução para a real necessidade do cliente.
E há também os clientes que necessitam apenas dos dados
SAR. Para eles, colocamos à disposição a possibilidade de monitorar
persistentemente qualquer área do mundo, seja de dia ou de noite, com diversos
modos de imagem entregues em poucas horas a partir do imageamento. Isso é feito
a partir da nossa inigualável e crescente constelação SAR, a maior do mundo.
Vale ressaltar que toda a evolução tecnológica que a
ICEYE desenvolve para a sua própria constelação é disponibilizada aos nossos
clientes em um período curto, independente do produto que eles consomem. Novos
modos de imagem, novas gerações de satélite, menor tempo de downlink.
Nossa oferta ao mercado é comercialmente flexível e tecnologicamente relevante,
o que traz benefícios imediatos para qualquer setor.
O Brasil tem até oito meses de céus nublados por ano.
Como os satélites SAR podem “ver” o solo durante a noite ou através de nuvens?
Qual sua importância para diversos segmentos econômicos do Brasil?
A tecnologia SAR não depende da luz do sol e captura
imagens através da própria radiação. Por utilizar estímulos internos, sua
atuação ocorre sem a interferência de ocorrências externas.
A grande vantagem é o fato de haver coleta de imagens da
superfície da Terra, independe das condições meteorológicas ou de iluminação.
Não importa se é dia ou noite, se o tempo está ensolarado, nublado ou mesmo
chuvoso: o resultado são imagens claras e de alta definição, prontas para uso.
Essa capacidade é vital para emprego governamental e comercial em vários
setores, incluindo seguros, resposta e recuperação por ocasião de catástrofes
naturais, segurança nacional, defesa, socorro humanitário e monitoramento de
mudanças climáticas.
Devido ao seu uso dual, as imagens coletadas pelos
satélites da ICEYE serão úteis para uma série de instituições, como Ministério
da Defesa, Comandos da Aeronáutica, Marinha e Exército, Ministério do Meio
Ambiente, Ministério da Agricultura, Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Justiça, Ministério das
Minas e Energia, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal etc.
A constelação de satélites ICEYE foi projetada para
revisitar rapidamente qualquer área do globo, permitindo a aquisição de imagens
de repetição da trilha terrestre a partir do mesmo local – diariamente ou até
mesmo várias vezes por dia. Isso possibilita identificar e monitorar mudanças
ter um inédito tempo-resposta para eventos como desastres naturais, questões de
segurança nacional e enchentes. O que esse monitoramento em tempo real
possibilita, por exemplo, para municípios que buscam inteligência na gestão de
seus ativos?
Isso significa o ganho de agilidade e precisão na
detecção e prevenção de desastres naturais, de movimentações suspeitas em
diversos segmentos, assim como mudanças geográficas, que podem indicar uma
série de questões importantes aos municípios. E com a nossa inigualável
constelação, esses dados podem ser entregues em poucas horas a partir da comunicação
do cliente.
Com respostas rápidas, os gestores públicos e privados
conseguem tomar decisões mais assertivas e se adiantar a possíveis crises.
Quais são os planos da ICEYE para o Brasil e a América
Latina nos próximos anos?
Queremos oferecer aos brasileiros o acesso a esse
segmento New Space imediatamente, trazendo o Brasil para o protagonismo
que ele merece no setor. Condições para isso esse país tem de sobra, não só
pela excelente localização geográfica, que oferece opções fantásticas para
lançamentos de satélites, por exemplo, mas também pelo patrimônio intelectual
das nossas universidades e instituições como a AEB, o INPE, a AIAB, entre outras, com
todo seu conhecimento de ponta.
Vemos na região um grande potencial e um ambiente
propício para o desenvolvimento de novas tecnologias, com mão-de-obra
extremamente qualificada, a exemplo do polo aeroespacial em São José dos
Campos.
Temos total interesse em nos estabelecer no país e
torná-lo um hub para a América Latina
Qual é sua opinião sobre a indústria espacial
brasileira e o seu real potencial?
O Brasil tem grande potencial para crescer neste
segmento. Temos aqui uma localização privilegiada, além de mão de obra
qualificada e patrimônio intelectual indiscutível.
Nosso compromisso é servir o país e contribuir para o
desenvolvimento ainda maior da nossa grande indústria aeroespacial, em pleno
alinhamento com as agendas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
Queremos agregar a estrutura internacionalmente reconhecida que já existe, mas
também inovar, buscar parcerias e criar projetos que alavanquem o potencial New
Space do Brasil.
Dizem que o filandês é um dos idiomas mais difíceis do mundo.
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