Conheça a Curiosa e Intrigante História do 'Meteorito de Carancas', Que caiu no Peru Há 15 Anos
Olá leitores e leitoras do BS!
Trago agora para vocês uma curiosa matéria postada ontem (20/09) no
site ‘Olhar Digital’, tendo como
destaque a história de um meteorito que que caiu há 15 anos na
região de Puno, no Peru, e que até
hoje ainda intriga as pessoas. Vale a
pena conferir essa história.
Brazilian Space
CIÊNCIA E ESPAÇO
15 Anos do Intrigante Caso do Meteorito de Carancas
Por Marcelo Zurita
Editado por Lucas Soares
20/09/2022 - 07h01
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Sempre que se fala das
histórias de quedas de meteoritos, é preciso explicar que eles são rochas
espaciais que atingiram a
Terra em velocidades altíssimas, mas foram freados e quase completamente
vaporizados por nossa atmosfera, chegando ao solo de forma praticamente inofensiva. Só que 15 anos atrás, um curioso caso
ocorreu no Peru e deixou muita gente intrigada, inclusive os cientistas.
Era uma manhã de sábado, 15 de
setembro de 2007. Por volta das 11:40, uma bola de fogo foi vista no céu da
região de Puno, no Peru, e também na vizinha Bolívia. Quando um fragmento de
rocha espacial atinge a atmosfera da Terra, ele aquece instantaneamente os
gases atmosféricos à sua volta, gerando uma bolha de luz que é conhecida como
meteoro.
Imagem: BRAMON
Mas é muito difícil ver um
meteoro durante o dia. Ele precisa ser muito luminoso e para isso, ele precisa
ser gerado por algo bem grande. Estima-se que aquela rocha espacial tinha cerca
de 3 metros e algumas dezenas de toneladas quando atingiu a Terra naquele dia.
Ainda assim, esperava-se que a nossa atmosfera tivesse fragmentado de freado a
rocha, mas não foi bem assim.
Segundo os relatos de testemunhas
e cálculos feitos pelos cientistas, esse meteoro brilhou intensamente até pouco
mais de 1 km de altitude, o que é algo extremamente raro e indica que a rocha
estava em hiper velocidade.
Alguns segundos depois ela
atingiu o solo provocando uma enorme explosão, que espalhou o fragmentos de
meteorito pela região, e gerou uma cratera com cerca de 14 metros de diâmetro
próximo ao vilarejo de Carancas. E essa cratera se encheu rapidamente de água e
mistério.
A água vinha dos lençóis
freáticos, abundantes na região, e o mistério veio logo em seguida, quando os
moradores e curiosos começaram a passar mal depois de ir ao local. Foram cerca
de 600 pessoas que tiveram sintomas de intoxicação depois de ter contato com
aquela cratera. Seria esse o primeiro caso de um meteorito tóxico da história?
Cinco dias depois, após
analisarem as rochas, a cratera e os testemunhos, os cientistas confirmaram o
que já era senso comum entre todos: que aquela cratera teria sido gerada pelo
impacto de uma rocha espacial e que os fragmentos encontrados na região eram
meteoritos oriundos desse impacto.
O Meteorito Carancas é um
meteorito rochoso, classificado como um condrito H4-5, que possui uma grande
concentração de Ferro, mas côndrulos pouco evidentes. E aquela foi uma queda bastante
relevante, afinal são raríssimos os casos de impactos espaciais que geram
crateras aqui na Terra, ainda mais se tratando de um meteorito rochoso, que é
menos denso e se espera que seja consumido mais facilmente na passagem
atmosférica. Para se ter ideia, Carancas foi a última cratera de impacto
registrada em todo o mundo, e a única que se tem conhecimento que teria sido
gerada por um condrito.
Imagem: Gregor H. /
Meteoritical Bulletin
Mas além de não compreender como
aquela rocha teria resistido à passagem atmosférica e atingido o solo com
tamanha velocidade, os cientistas não haviam encontrado ainda uma explicação
para o que já vinha sendo chamada de “a doença do meteorito”.
As primeiras pessoas que
chegaram ao local foram os moradores de Carancas. Eles recolheram vários
fragmentos de meteorito e encontraram a cratera coberta de água borbulhante,
que parecia estar fervendo e exalando um cheiro forte. Os meteoritos ainda
estavam quentes, alguns pareciam fumaçar.
Imagem: andina.pe / Ingemmet
Horas depois começaram a surgir
os primeiros relatos de pessoas na vila com náuseas, tonturas, dores de cabeça
e vômitos. Muitos jogaram fora os fragmentos que haviam recolhido acreditando
que poderiam ser tóxicos, ou até mesmo, amaldiçoados.
Entre os locais, acreditava-se
que a rocha espacial teria sido enviada como um mau presságio pelos deuses.
Outros acreditavam que o temor dessas superstições estaria provocando uma
histeria coletiva, uma vez que meteoritos não são tóxicos.
Já os cientistas, resolveram
estudar a água da cratera e o subsolo da região. E eles descobriram uma certa
quantidade de Arsênio preso em camadas congeladas do solo. Acontece que o
Arsênio é uma substância tóxica, e ao ser descongelada pela energia do impacto,
começou a emanar do subsolo, contaminando o ar e intoxicando os moradores
locais.
Essa teoria explica o que
ocorreu em Carancas, mas ela não é uma unanimidade. Investigações adicionais
concluíram que a concentração de Arsênio nas águas subterrâneas não diferia da
que já era encontrada no abastecimento local de água potável. Alguns cientistas
acreditam que a doença do meteorito teria sido causada pela vaporização de
troilita, um composto contendo enxofre presente no meteorito em grandes
quantidades, e que teria sido vaporizada pelo impacto. Outros acreditam que nem
houve nada tão grave causado pelos gases liberados pelo impacto. Talvez só em
alguns poucos moradores e os demais, seriam efeitos mais psicológicos que
fisiológicos.
O fato é que até hoje, 15 anos
depois, essa história intriga a população e divide os cientistas em busca de
uma explicação simples e definitiva para o curioso caso do Meteorito de
Carancas.
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