Cientistas Brasileiros Ajudam a Construir Satélite Que Buscará 'Gêmeos' da Terra
Olá leitor!
Segue abaixo uma
notícia postada dia (20/10), no site do jornal “O Estado de São Paulo”,
destacando que mais de uma dezena de cientistas de 11 instituições brasileiras estão
ajudando a Agencia Espacial Europeia (ESA) na construção e na montagem do
'Satélite Plato', satélite este que terá como objetivo achar planetas rochosos
com o tamanho mais próximo do da Terra.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Brasileiros Integram
Jornada Para Encontrar Planetas
Por Giovana
Girardi,
O Estado de São Paulo
20 de outubro de
2019 – 03h00
SÃO PAULO - Estamos sozinhos no
universo? Existe vida em algum outro mundo? Essas perguntas inquietam a
humanidade - e cientistas, em particular - não é de hoje. Foram as dúvidas que
moveram uma dupla de astrônomos suíços a descobrir, em 1995, o primeiro planeta
fora do nosso Sistema Solar, orbitando uma estrela semelhante à nossa. O feito,
que rendeu a eles o Prêmio Nobel de Física deste ano, foi o pontapé inicial
para uma caçada que já identificou, depois disso, mais de 4 mil exoplanetas.
Mas as dúvidas
iniciais continuam. Ainda não encontramos um sistema solar gêmeo ao nosso - a
principal aposta de vida fora da Terra. São essas questões que movem a próxima
etapa da jornada: um projeto da Agência Espacial Europeia (ESA) para lançar em
2026 o satélite Plato. O Brasil é o único país fora da Europa a colaborar.
Mais de uma
dezena de cientistas de 11 instituições brasileiras ajudam na construção e na
montagem do satélite, que terá como objetivo principal tentar achar um planeta
rochoso com tamanho mais próximo do nosso, orbitando uma estrela como o nosso
Sol, a uma distância com as condições básicas para abrigar vida.
Segundo o astrônomo
e astrofísico Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), e coordenador do
comitê Plato-Brasil, o novo satélite vai aliar alta precisão fotométrica a um
amplo campo de visão. O equipamento vai cobrir uma área do céu quase 20 vezes
superior à coberta pelo Kepler, da NASA, o maior satélite já lançado para
estudar exoplanetas e que também tinha a missão de tentar achar novas Terras.
Foto: Nilton
Fukuda / Estadão
Pacheco, Fialho e Marchiori integram o projeto que
pretende rastrear o Universo.
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Por cerca de
nove anos, o Kepler varreu o universo e observou mais de 530 mil estrelas. Até
o fim de 2018, tinha achado sozinho 2.662 exoplanetas - fora do nosso Sistema
Solar -, alguns de tamanho próximo ao da Terra.
Os achados mais
comuns do satélite da NASA, porém, foram de corpos sem similares no nosso
Sistema Solar. Outros satélites e telescópios também encontraram, nesse meio
tempo, planetas pequenos e rochosos, mais ou menos do tamanho da Terra, na zona
habitável - a uma distância de suas estrelas que pode permitir a existência de
água líquida. Mas ainda se procuram condições mais similares à nossa.
O Plato deve
operar por cerca de 6,5 anos. A cada dois, vai mirar para uma mesma região no
espaço, podendo enxergar 270 mil estrelas ao mesmo tempo. Ao fim da expedição,
pode chegar a observar até 1 milhão de estrelas.
Brilho
"A vantagem
de ter um campo de visão tão grande é que o Plato vai conseguir 'ver' um número
maior de estrelas brilhantes, como o nosso Sol", explica o engenheiro
Victor Atilio Marchiori, da Escola Politécnica da USP. Isso é importante porque
a forma como o satélite consegue identificar os planetas é pela análise da luz
emitida pelas estrelas. Quando o planeta, em sua órbita, passa na frente da
estrela, isso causa uma variação na luz que ela emite, como se fosse um
mini-eclipse.
Mas se a estrela
for pouco brilhante, planetas muito pequenos passam despercebidos, já que vão
causar pouca variação na luz da estrela. É por isso que o Kepler acabou
detectando muitos planetas gigantes. "Mas num campo de visão 20 vezes
maior, a probabilidade de ver estrelas mais brilhantes também fica maior",
diz Marchiori. O engenheiro atua no projeto calibrando o sistema para a
obtenção dessas imagens.
Ocorre que
outros fenômenos podem imitar esse efeito dos trânsitos planetários, gerando
falsos positivos. É onde entra o trabalho de Marchiori e de Fábio de Oliveira
Fialho, professor da Engenharia Elétrica da Poli e pesquisador afiliado ao
Observatório de Paris, que fazem correções nos instrumentos para torná-los dez
vezes mais precisos do que as análises do Kepler, por exemplo.
Para ilustrar a
dificuldade, Pacheco diz que é como se alguém em outro mundo estivesse buscando
a Terra, que leva um ano para dar a volta em torno do Sol. "Se alguém
olhasse para a nossa estrela, veria a Terra passar uma vez por ano. Para ter
certeza de que é mesmo um planeta e não um ruído, precisaria olhar por muitos
anos, o que é caro."
Outra
dificuldade, explica Pacheco, é que no universo há dez vezes mais estrelas
menores do que aquelas com o tamanho do nosso Sol. Como há muitas delas, muitos
dos exoplanetas já descobertos ficam ao redor dessas estrelas. Por serem
pequenas, o tempo de órbita dos planetas é curto, o que facilita também a detecção
pelo satélite.
Mas em muitos
casos essas estrelas são o que os pesquisadores chamam de "hostis",
instáveis, emitindo muita radiação. Mesmo se o planeta estiver na zona
habitável, não necessariamente essas condições favoreceriam a vida por ali.
"A definição de zona habitável só considera as condições que
possibilitariam haver água em estado líquido, mas a vida depende de muitos
outros fatores. Se a estrela é pequena e o planeta se encontra muito perto
dela, não terá condições de abrigar vida", diz Marchiori.
A maioria dos
achados até hoje foi de gigantes gasosos. Muitos dos planetas pequenos e
rochosos estão muito perto de suas estrelas, o que faz com que a temperatura
seja de centenas de graus. Por isso, o foco do Plato será estrelas parecidas
com a nossa e planetas semelhantes ao nosso. "É onde acreditamos que estão
as maiores chances de se encontrar algum tipo de vida fora da Terra."
Precisão
Uma das
conclusões das pesquisas com dados do Kepler é que é provável que de 20% a 50%
das estrelas no céu tenham planetas pequenos, possivelmente rochosos, de
tamanho parecido com o da Terra, em suas zonas habitáveis. O Plato terá a
capacidade de investigar de modo mais abrangente essas possibilidades.
Nesse
levantamento tão grande de dados, ele vai precisar de uma grande precisão. Boa
parte da qualidade deve ser obtida com um método ótimo de extração de
fotometria - medição da quantidade emitida de fotons - das estrelas que serão
observadas pelo Plato. Isso foi possível com um desenvolvido por Marchiori
durante seu doutorado feito em regime de cotutela entre a Poli e o Observatório
de Paris. O artigo com a descrição da metodologia foi publicado em julho na
revista Astronomy & Astrophysics.
Fialho já havia
feito um trabalho de correção dos instrumentos com o satélite francês Corot,
lançado no fim de 2006. Foi o que abriu mais espaço para o Brasil colaborar com
o Plato. A participação brasileira se insere em um projeto temático da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que fez aporte de R$ 8 milhões.
Participam ainda
a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Guaratinguetá, a Universidade
Presbiteriana Mackenzie, o Instituto Mauá de Tecnologia, o Observatório
Nacional, as Federais de Minas (UFMG) e do Rio Grande do Norte (UFRN), o
Observatório do Valongo, o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e a
Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).
Exoplaneta Rendeu
Nobel
Os astrônomos
suíços Michel Mayor e Didier Queloz foram laureados no último dia 8 com o
Prêmio Nobel de Física pela primeira descoberta de um exoplaneta que orbita uma
estrela semelhante à nossa fora no nosso Sistema Solar. Eles encontraram em
1995 o planeta 51 Pegasi b, ao redor da estrela 51 Pegasi. Trata-se de um
gigante gasoso comparável ao maior planeta do nosso Sistema Solar, Júpiter.
O método usado
por eles não foi o do mini-eclipse, adotado pelo Plato e pelo Kepler. Eles
identificaram pequenas alterações na posição da estrela, causadas pela força
gravitacional exercida pelo planeta quando ele passa perto dela. O achado iniciou
uma revolução na Astronomia. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 20/10/2019
Comentário: Pois é leitor, a matéria é da semana passada,
mas é simplesmente sensacional. O Blog tinha conhecimento que o Brasil iria
participar dessa missão europeia, mas não com tanta significância e muito menos
que iria envolver onze instituições do país. Realmente espetacular e parabéns as
instituições brasileiras envolvidas por esta iniciativa. Agora leitor, uma coisa curiosa, o Eng.
Victor Atilio Marchiori não lhe lembra o 'Sr. Giorgio A. Tsoukalos' da série de TV 'Alienígenas do Passado' do History Channel ???
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