É Chegado o Momento de Se Refletir

Caro leitor!

Essa semana a Divisão de Aerodinâmica (ALA) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) anunciou (veja aqui) ter iniciado a campanha de ensaios aerodinâmicos com um modelo do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) em seu Túnel Transônico Piloto (TTP), e também foi anunciado o início na Usina Coronel Abner (UCA) dos procedimentos de carregamento dos propulsores do VLS-1 VSISNAV, visando o seu voo tecnológico em 2014. (veja aqui).

Ora leitor, essas duas notícias que podem inicialmente dar a impressão a você de um avanço significativo em ambos projetos, na realidade se levarmos em conta o que aconteceu nos últimos três anos, a verdade é bem outra.

Recordo-me que o gerente do projeto do VLM-1, o Dr. Luis Eduardo Loures da Costa, em recente entrevista ao blog em fevereiro desse ano (veja aqui) nos disse:

“Nós fizemos o Modelo de Engenharia do Motor S50 e verificamos, em primeiro lugar, que a manufatura do motor era viável com os nossos métodos de fabricação e, em segundo lugar, que havia uma solução adequada para a deposição automática de fibras. Por fim, concluímos que havia espaço para uma melhoria estrutural do motor por meio de modificações que não só reduziriam as partes metálicas, economizando massa, como também aumentariam a qualidade da deposição de fibras. Ao mesmo tempo, aumentamos o diâmetro do motor de 1,40m para 1,46m para atender a uma solicitação do DLR de se ter mais energia embarcada no veículo. Devido a isso, estamos iniciando um novo processo de cálculo estrutural desta alternativa de envelope motor, que deverá estar terminado até maio, iniciando-se então a construção dos dispositivos de fabricação dos motores de qualificação. Posso garantir que estamos empregando uma quantidade bastante grande de horas de uma engenharia extremamente refinada neste estudo. Na sequência deste processo, nós estaremos fazendo a qualificação estrutural do motor em princípios de 2014, o que nos deixaria com a possibilidade de um teste de queima em banco em finais de 2014, caso o fluxo de recursos financeiros seja o solicitado”.

Diante disso, o leitor pode notar uma programação bem definida de desenvolvimento do motor S50 do VLM-1 apresentada que foi pelo Dr. Luis Loures em fevereiro, mas não sabemos precisar exatamente onde se encaixa essa notícia do inicio dessa campanha de ensaios aerodinâmicos, isto é, ela está atrasada ou está dentro do cronograma de desenvolvimento do veículo? São repostas que o blog não dispõe, mas se levarmos em conta as noticias oficiosas que nos chegam de SJC, a verdade é que o voo de qualificação desse veiculo está ameaçado de não mais acontecer em 2015 devido ao baixo fluxo de recursos financeiros.

Agora quanto à notícia do VLS, vale lembrar ao leitor que, ao final do governo LULA, o cronograma de lançamento do IAE para o VLS-1 previa o lançamento do VLS-1 VSISNAV (XVT-01 como era chamado na época) em 2012, o VLS-1 XVT-2 em 2013 e o VLS-1 V04 em 2014.

Entretanto, a partir do dia “1 de janeiro de 2011”, quando essa desastrosa presidetA petista e sua trupe de energúmenos assumiram o poder, o verdadeiro Programa Espacial do país vem sendo sistematicamente boicotado desde então, impedindo assim toda uma programação estabelecida pelo IAE e esperada ansiosamente por todos.

Enquanto isso, nesse período o desastroso acordo com a Ucrânia foi beneficiado com dois aumentos de capital da mal engenhada empresa bi nacional Alcântara Cyclone Space (ACS), sobrando assim para o verdadeiro PEB cortes sucessivos de recursos culminando no desastroso orçamento da AEB enviado pelo governo em janeiro desse ano ao Congresso, que não chegou a nem R$ 190 milhões.

Não é preciso dizer que já estamos em junho de 2013, período o qual pelo antigo cronograma do IAE deveríamos está nos preparando para o lançamento do VLS-1 XVT-02, isto é, se já não tivéssemos lançado essa segunda versão tecnológica desse veículo e começado a preparação para o lançamento do VLS-1 VO4, o 'supra-sumo' de todo o projeto, pois é nele onde se pretende colocar um satélite abordo.

Equipe da “Operação Salinas” em frente da maquete do VLS-1,
sonhando, sonhando, sonhando... CLA - Julho de 2012

Em minha opinião leitor, chegamos no momento de reflexão, ou seja, ou fazemos realmente algo para mudar essa situação, ou é melhor esquecermos tudo isso deixando de vez essa luta sem futuro.

Enquanto tivermos energúmenos e irresponsáveis no MPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (bonito esse nome, né verdade?), um Congresso onde novelas são escritas diariamente num mundo de fantasias e de discussões intermináveis regadas a deliciosos cofee brakes entre outras coisitas a mais, um banana como Ministro da Defesa, um omisso como Comandante da Aeronáutica, um desprovido de voz e de força política como o atual Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, um figurante como o Presidente da AEB e uma presidentA mais preocupada com programas populistas leitor, jamais mudaremos esse estado de coisa.

Portanto, já passou da hora de se fazer efetivamente algo contra essa gente, é preciso tirar esses energúmenos do seu estado de conforto e para tanto é necessário à união de todos em prol de uma campanha que venha mobilizar pesquisadores, técnicos, cientistas, engenheiros, instituições cientificas e tecnológicas públicas e privadas, instituições universitárias, empresas e a sociedade como um todo, numa espécie de 'cruzada nacional' em prol não só do PEB e da Ciência e Tecnologia, mas também da educação de qualidade e principalmente da moralização da classe política desse país, nem que seja à 'base do chicote'.

Recentemente a bela jornalista Virgínia Silveira do jornal Valor Econômico, realizou uma matéria publicada na edição do dia 11/06 desse jornal, e postada aqui no blog no mesmo dia (veja aqui), esclarecendo aos seus leitores como os orçamentos do Programa de Lançadores do IAE (VLS-1, VLM-1, VLS Alfa e VLS Beta) foram profundamente boicotados pelo Governo DILMA ROUSSEFF, inclusive tendo os voos do VLS-1 replanejados para 2016 e 2017 (uma festa).

Ainda segundo a jornalista do Valor Econômico, o PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) previa para o ano de 2013 um total de investimentos de R$ 89.7 milhões no programa de lançadores, sendo R$ 19 milhões nos Programas do VLS Alfa e Beta, R$ 25 milhões no Programa do VLM-1 e R$ 45,7 milhões no Programa do VLS-1. Acontece que as coisas não saíram como o IAE esperava, já que os Programas do VLS Alfa e Beta não receberam nada até agora (é caro amigo Paulo, a coisa tá feia), o Programa do VLM-1 só recebeu R$ 10 milhões e o Programa do VLS-1 recebeu R$ 16 milhões, sendo esse o programa que a presidentA petista chama de estratégico.

Enquanto isso, a mal engenhada empresa bi nacional Alcântara Cyclone Space (ACS) teve recentemente (veja aqui) seu capital aumentado, passando dos atuais US$ 498 milhões para US$ 920 milhões de doláres, o que dá aproximadamente US$ 420 milhões que será dividido em partes iguais entre o Brasil e a Ucrânia. Ou seja, US$ 210 milhões de dólares de um tapa só, ou melhor, quase R$ 420 milhões de reais, serão aplicados por esse governo nesse desastroso acordo com a Ucrânia, gerando empregos de conhecimento e alto valor agregado nesse país da antiga cortina de ferro, enquanto no Brasil peões e seus mestres de obras serão os únicos beneficiados, fora o fato de estamos trazendo para o território brasileiro uma tecnologia não só ultrapassada e que não temos acesso, mas também e principalmente altamente tóxica.

Pois é leitor, esse é o programa estratégico do Governo DILMA ROUSSEFF, legado deixado por um debiloide irresponsável que segundo eu soube ainda milita em Brasília, beneficiado que foi pelo Governo DILMA com um cargo político de salário bem pomposo.

Como disse antes a você leitor, é chegado o momento de se fazer uma reflexão sobre toda essa situação, e convido você que é brasileiro, que ama seu país e acredita na construção de uma Nação Verde Amarela forte e respeitada internacionalmente, a participar dela com ideias que poderão se tornar no futuro em ações que nos ajude a impedir que esses energúmenos continuem boicotando o futuro de nosso país. A discussão está aberta.

Duda Falcão

Comentários

  1. Meu caro Duda,

    Antes vinha a seu blog com esperanças de ler boas notícias sobre o progresso do programa espacial, mas agora que as esperanças se foram, venho aqui apenas para passar meu tempo.

    Nessa "democracia" onde a vontade do povo não é respeitada, nossa opinião pouco importa.
    Se não temos sequer direito a educação de qualidade, como podemos pensar em ser uma nação desenvolvida no setor espacial?!

    Somos governados por ladrões e vivemos alienados em nosso mundinho de novelas e futebol, apavorados com a violência e morrendo sem ter atendimento nos hospitais.

    Se nem temos o básico: educação, saúde e segurança, como podemos sonhar em ser uma nação desenvolvida em um setor que carece de investimento constante e pessoal extremamente qualificado?!

    Ultimamente tenho a seguinte ideia em minha mente: a única forma de mudar este país é mudando todo o seu sistema político - e isso, infelizmente, só pode ser feito através daquilo que se chama guerra civil.

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  2. Não sei se repararam, mas já está havendo uma manifestação (orquestrada a meu ver) que inibirá qualquer outro tipo de manifestação relevante. Sempre que os políticos querem implementar políticas polêmicas acontece algum "escândalo" ou distração (será que para implementar a PEC 37?). Agora talvez não seja a melhor altura para protestos, mas deixando a nuvem baixar aí será momento oportuno. Infelizmente assistimos mesmo um governo que visa alvoroçar o país, e contrata militantes. Estão bem mais organizados que nós. Que tipo de protesto a área de ciência e tecnologia pode fazer? É preciso o apoio da imprensa também, e se não houver uma organização bem definida e se não houver união sincera por parte da comunidade científica nada adiantará. A "marcha da família" foi praticamente ocultada pela imprensa, mas uma outra manifestação precisamente agora que o governo Dilma está em baixa seria oportuno. Infelizmente só poderemos mudar as coisas pelas urnas se algum candidato sério se manifestar favorável a mudanças estruturais (e o último candidato presidenciável que falou que iria concentrar seus esforços para melhorar a educação teve só 2% dos votos). Existe uma forte pressão cultural populista a ser combatida, e isso só pode acontecer se houver trocas de informações e combate ideológico, mas quem se importa? (como falou Barbosa). As pessoas estão anestesiadas, e precisa-se desde já mudar a forma de pensar da população. Não sei o que um protesto dos cientistas iria fazer (penso que quase nada), mas sei que uma "militância informativa" prolongada iria com certeza surtir efeito. Enfim, o país agora está num caos... por causa de "20 centavos".

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    1. Caros Israel e Duda,

      Concordo plenamente com a idéia de uma manifestação. Agora certamente não seria um momento apropriado para fazê-la, mas é o momento perfeito para começar sua organização. Sei que a efetividade de tal manifestação está estritamente ligada com o tamanho e força que ela deverá ter. Pois é como um amigo meu do INPE me falou várias vezes, o INPE tem a mesma irrelevância para o governo, no que diz respeito à qualquer tipo de protesto, que a FUNAI, ou seja, eles não têm o impacto necessário para sensibilizar a sociedade. Diferentemente de revindicações por parte de outros profissionais com direta relevância social, caso de médicos e policiais. No entanto, representantes daquela segunda instituição aparecem frequentemente exigindos seus direitos.
      Proponho organizarmos um movimento nacional com os institutos relacionados ao PEB. Temos várias cidades onde isso poderia ser realizado, SJC, Natal, Alcântara, Santa Maria, etc... Poderíamos ainda convidarmos além de pessoas importantes do PEB para nos apoiarmos, uma mídia que possa revelar à população o real motivo das nossas revindicações. Atualmente estou trabalhando no DLR, mas estarei voltando para Natal no início de Agosto e podem contar comigo para levantar os meus contatos dentro do INPE e do CLBI.

      Abraço,
      Carlos Mendes

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  3. Quem são os políticos que apoiam a ciência e tecnologia, e o programa espacial? Talvez os setores tenham que começar a por sua fé em políticos que estejam dispostos a contribuir para a sua área, e velar, fazer publicidade, informar, explicando porque é essencial apoiar tais políticos. Se um deles se interessar por política e educação, então ainda melhor.

    Ao invés de ficar na esperança que partidos façam o trabalho, é melhor investir em pessoas individuais. Em outros países isso acontece (de forma diferente, claro). Os protestantes têm o Feliciano, os militares o Bolsonaro, os gays Jean Willys. Talvez a abordagem tenha que ser outra baseada no conceito de ideias. Se o setor tecnológico tiver um representante (principalmente se for um peixe graúdo da política),creio que é nessa pessoa que têm que apostar.

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    1. Israel,

      Por incrível que pareça, o representante da nossa classe também é o Bolsonaro. Ele está bem aberto para esses assuntos de C&T

      Lucas

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    2. Mandei uma mensagem para ele, endereçando esta reflexão do Duda, e procurarei chamar a atenção de outros políticos também (visto que, apesar de ser um entusiasta do programa espacial, não trabalho na área. Mas vou fazer o que está ao meu alcance).

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  4. Não resisti...

    Tinha que passar e dar o meu total apoio às palavras do Israel.

    Fui.

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  5. Já deu para ver que existe vontade e iniciativa de todos para fazer algo em prol do desenvolvimento do setor de ciência e tecnologia. Só nos resta contatar as pessoas certas e reunir um conjunto de idéias. O Carlos Mendes Júnior já mostrou que pode dar uma força na área do INPE, e agora falta procurar o apoio de outros setores ligados a ciência, e procurar também compartilhar nossos interesses com políticos que se disponham a intervir na causa. Se não formos pró-ativos politicamente ficaremos vendo o bonde andando.

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  6. Dai o reporte chega e pergunta.
    -Qual é o motivo da manifestação?
    O manifestante responde.
    -Os baixos investimentos no Programa espacial brasileiro.
    Dai o telespectador se pergunta.
    -Do que esse cara ta falando?

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    1. Aí está mano. Não precisa ser um protesto somente do programa espacial e seus departamentos, mas de toda a áerea científica subordinada ao MCTI (inclusive o DCTA, que pertence a Ministério da Defesa). O problema é o mesmo com todos.

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  7. Israel, mesmo sem achar que alcançaria o resultado esperado vale a pena pagar pra ver, apoio sua ideia, pena que aqui onde moro só tem caipiras que só pensam em soja e milho.

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  8. Olá Duda,

    Sobre a campanha de ensaios aerodinâmicos, não tenho informações sobre cronograma.
    Mas acredito que ela esteja acontecendo porque o aluno de graduação envolvido no projeto está no seu último ano e realizando a sua monografia sobre isso. Sei que ele fez iniciação científica no TTP e pretende fazer mestrado também.

    Abraço

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    1. Valeu Xará!

      Se você está certo é uma boa notícia e lhe agradeço pela informação.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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