Notas de Le Bourget
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (19/05) no blog
“Panorama Espacial” do companheiro jornalista André Mileski, trazendo notícias
espaciais muito interessantes da “50ª Edição do Salão
Internacional de Aeronáutica e Espaço de Le Bourget”, na França.
Duda Falcão
Notas de
Le Bourget
André Mileski
19/05/2013
Esta semana, está acontecendo
em Le Bourget, nos arredores de Paris, França, a 50ª edição do tradicional
Salão Internacional de Aeronáutica e Espaço. A revista Tecnologia & Defesa
e o blog Panorama Espacial estiveram presentes nos primeiros
dias e apresenta a seguir algumas notas com as principais notícias no setor
espacial, em especial relacionadas ao Programa Espacial Brasileiro.
Embraer: interesse em
lançadores? Não!
Na noite de segunda-feira (17),
a Embraer promoveu um encontro com a imprensa com a presença de seus principais
executivos, entre eles Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa &
Segurança. O dia, aliás, foi histórico para a companhia brasileira, anunciando
contratos para a venda de até 365 de novas aeronaves regionais a serem
desenvolvidas.
Questionado pela reportagem de
T&D sobre um eventual interesse da Embraer no segmento de lançadores,
Aguiar foi taxativo ao afirmar que não vê a companhia entrando neste mercado.
No passado, algumas empresas estrangeiras e a própria Alcântara Cyclone Space
chegaram a falar com a Embraer. O caminho hoje parece livre para grupos como a
Odebrecht e a Camargo Corrêa, além da Avibras, que têm olhado nessa direção.
Embraer, Visiona e o PNAE
Aguiar também falou sobre o
interesse da Embraer, por meio da Visiona, em participar de outras missões do
Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), nomeadamente, de observação
terrestre e meteorologia. A Visiona deve funcionar como plataforma de
contratação e integração, e outras empresas o grupo poderão também participar
(a Orbisat, por exemplo, tem expertise em tecnologia de imageamento por radar).
Questionado pelo blog sobre a participação da Telebras, estatal de
comunicações, numa empresa que buscará atuar em outros projetos espaciais, o
executivo da Embraer respondeu afirmando que a Telebras pode em algum momento
vir a deixar o capital da sociedade.
SGDC: A Proposta da Thales
Alenia Space
Durante o Paris Air Show,
T&D teve a oportunidade de conversar com Sérgio Bertolino, vice-presidente
para o segmento de comunicações para a América Latina da Thales Alenia Space
(TAS), uma das três finalistas da concorrência do Satélite Geoestacionário de
Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Em bom português, Bertolino destacou
o enorme interesse do grupo em conquistar o negócio, enfatizando a proposta de
transferência de tecnologia em campos não apenas de comunicações, mas
observação terrestre (sensores óticos e radares) e meteorologia, dentre outros.
O executivo relevou que, em fevereiro, quando da solicitação de propostas pelo
governo brasileiro, a TAS decidiu contratar a fabricação dos tubos de banda Ka
(TWT) a serem usados na construção do satélite caso venha a ser selecionada. A
decisão, que envolve certo risco, teria por objetivo garantir a entrega do SGDC
no prazo de 31 meses contados de sua contratação.
SGDC: Especulações Sobre a Proposta
da Loral
Nos bastidores, muito se
comentou sobre a proposta da norte-americana Space Systems / Loral. A
fabricante teria oferecido um satélite com capacidade em banda Ka próxima de 80
gigabytes por segundo (o requisito inicial feito no RFP era de 40 gigabytes).
Sua proposta de transferência tecnológica também seria satisfatória e iria além
do que foi solicitado pelo governo. Ainda, bastante conhecida no mercado por
seus preços competitivos, acredita-se que a sua oferta seria mais barata,
aspecto que deve ter significativa influência na decisão (note-se que a
valorização do dólar frente ao real. Adicionalmente, já se discute uma
ampliação orçamentária para o SGDC, tendo em vista a insuficiência dos recursos
inicialmente destinados: R$716 milhões). Não se trata de um consenso, mas a
Loral é considerada como favorita.
SGDC: O Processo de Escolha
A decisão de quem fornecerá o SGDC,
prevista para o final de julho, funcionará da seguinte forma: a Visiona
analisará as propostas e apresentará um relatório bastante detalhado para o
Comitê Diretor do Projeto (três membros, um indicado pelo Ministério das
Comunicações, outro pela pasta da Defesa, e o terceiro pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação), instância decisória máxima do SGDC. As
contrapartidas tecnológicas e de transferência tecnológica, conhecidos como offsets,
estão a cargo da Agência Espacial Brasileira (AEB), que também deverá opinar.
Neste momento, a Visiona não está envolvida em tais discussões, estando
responsável pelas avaliações técnicas e financeiras.
ACS e as Obras em Alcântara
A binacional Alcântara Cyclone
Space (ACS) é uma das empresas de capital brasileiro que estão presentes no
evento, no pavilhão ucraniano. Questionado sobre a situação das obras do
complexo de lançamento do Cyclone-4 em Alcântara, Olexander Serdyuk, diretor da
ACS, informou que as mesmas estão paralisadas aguardando a liberação de recursos
adicionais provenientes do aumento de capital recentemente aprovado. Caso os
recursos sejam liberados até julho, a expectativa é que o primeiro voo do
foguete Cyclone 4 ocorra até o final de 2014. Segundo o diretor, o
desenvolvimento do lançador segue de acordo com o planejado e deve ser
concluído até o final do ano.
Satélite Italiano a Bordo do
Cyclone 4
Serdyuk também revelou que a
ACS assinará hoje (20), com uma universidade italiana, um contrato para o
lançamento de um pequeno satélite científico, somando-se ao satélite japonês
Nano-JASMINE. Também foi revelado que um satélite científico ucraniano e outro
da Estônia, ambos de pequeno porte, devem compor a primeira missão.
Arianespace, Vega e
Göktürk-1
Na terça-feira (18), a
Arianespace anunciou sua seleção para o lançamento do satélite de observação
Göktürk-1, do governo da Turquia, a bordo do foguete italiano Vega, a partir de
2015. Trata-se do nono contrato assinado apenas este ano e o segundo contrato
comercial para o lançador Vega num mercado aberto. No mesmo dia, em conferência
para a imprensa, Stéphane Israël, CEO da companhia, destacou o excelente
momento e boas perspectivas, assuntos que serão abordados pelo blog em nota
específica dentro dos próximos dias.
Fonte: Blog “Panorama Espacial“ - André Mileski
Comentário: Vamos lá caro leitor, apesar de entender o porquê do
receio da EMBRAER de entrar no mercado de lançadores de satélites, em minha
opinião é um tremendo erro estratégico, e a Avibrás, Odebrecht e a Camargo
Corrêa estarão de parabéns se apostarem no futuro. Quanto ao SGDC continuo
achando que a proposta escolhida será a da Thales Alenia Space e estou torcendo
por ela. Entretanto, como disse em comentário anterior, caso a opção da Space Systems / Loral seja à escolhida, a mesma precisa ser
monitorada com atenção pelas forças armadas não permitindo interferência
política na questão, para evitar assim que mais um desastre possa acontecer colocando
em risco a segurança nacional. Quanto a possível inclusão dos satélites de
pequeno porte italiano, Ucraniano e da Estônia no voo de qualificação do
Cyclone-4, não se engane leitor, pois da mesma forma que o satélite japonês Nano-JASMINE,
todos esses satélites citados estarão sendo lançados muito provavelmente de
graça, ou melhor, pagos pelo erário público brasileiro. Nessas condições, a
Alcântara Cyclone Space (ACS) terá sempre uma fila enorme de clientes que se aglutinarão
para ter seus satélites lançados por esse trambolho tóxico ucraniano. Mas não
se engane caro leitor, caso essa iniciativa não venha dar certo, como tudo parece
indicar, alguém estará ganhando com isso e não será a sociedade brasileira,
tenha certeza disso. Ao Brasil restará uma região contaminada, nenhum ganho
tecnológico, um tremendo rombo no erário público e a imagem de um país de tolos
irresponsáveis e corruptos perante a comunidade internacional. A Ucrânia
restará uma classe de profissionais altamente qualificados formados e treinados às custas
do povo brasileiro, um novo foguete que facilmente poderá ter seus motores
trocados por motores mais ecológicos e assim poderem ser lançados de sítios de
países mais sérios ao redor do mundo, entre outros benefícios diretos e
indiretos. Lamentável!
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