Adesão do Brasil ao ESO Gera Expectativas
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada ontem (22/06) no “Portal
TERRA” destacando que a adesão do Brasil ao maior Consórcio Astronômico Mundial
gera expectativas.
Duda Falcão
CIÊNCIA - ESPAÇO
Adesão do Brasil ao Maior Consórcio
Astronômico Mundial
Gera Expectativas
Apesar de controvérsia sobre alto valor a ser pago para
acessar
Observatório Europeu do Sul, grande parte dos astrônomos
brasileiros
consideram projeto fundamental para o avanço da ciência
no país.
Portal Terra
22 de Junho de 2013 - 14h55
Atualizado às 16h19
Se o Congresso Nacional aprovar, o Brasil será o primeiro
país não europeu a integrar o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em
inglês). A adesão ao maior consórcio de pesquisa astronômica mundial, que reúne
15 países, daria aos cientistas brasileiros acesso aos telescópios mais
avançados do mundo. Enquanto alguns astrônomos acreditam que a parceria seja
fundamental para fortalecer a ciência, outros entendem que o valor é alto
demais.
"Sou radicalmente contra. Não cabe subsidiar a
ciência europeia com dinheiro do contribuinte brasileiro", defende o
professor João Steiner, do Departamento de Astronomia da Universidade de São
Paulo (USP). "A adesão do Brasil custará 255 milhões de euros em dez anos,
e depois teremos que continuar a pagar anuidades pesadas, pois é tudo
proporcional ao PIB", conclui.
O ESO é a principal organização intergovernamental em
astronomia na Europa e é considerado o observatório astronômico mais produtivo
do mundo. Possui telescópios de última geração instalados no Chile (apesar de o
país não ser membro do consórcio, tem direito de usar os equipamentos por ter
cedido o território). A sede do ESO está localizada em Garching, na Alemanha. A
participação brasileira no consórcio já teve aprovação dos ministérios da
Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores. O gabinete da presidente Dilma
Rousseff encaminhou o projeto ao Congresso Nacional, onde está sob análise.
Vozes Favoráveis
"Sozinho, o Brasil faria muito menos. É praticamente
impossível fazer ciência como país isolado. É preferível ter uma parcela de um
grande instrumento (telescópio) a ter apenas para si um instrumento menor",
defende Jacques Lepine, que também é professor do Departamento de Astronomia da
USP.
O Brasil já participa de dois consórcios internacionais,
o Gemini e o SOAR. O Gemini foi criado em 1993, com a intenção de operar dois
telescópios de 8 metros de diâmetro, no Havaí e no Chile. Pelo diâmetro, os
espelhos do telescópio conseguem absorver uma gigantesca quantidade de luz, e
com isso geram imagens mais nítidas do espaço. Em 1996, o Consórcio SOAR foi
criado para construir e operar um telescópio de 4 metros no Chile.
"Apoio a ideia integralmente. A comunidade
astronômica brasileira possui qualidade e astrônomos em quantidade suficiente
para fazer um bom uso do ESO", acredita o astrônomo Luiz Paulo Ribeiro
Vaz, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Para ele, o Brasil já possui cientistas e técnicos de
expressão internacional em várias áreas, e o consórcio possibilitará
avanços para as possibilidades observacionais dos astrônomos brasileiros.
"A adesão do Brasil ao ESO será benéfica para a
comunidade astronômica brasileira e para o país", acredita Patrícia
Feigueiró Spinelli, astrônoma e pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências
Afins (MAST). No entanto, ela acredita que é preciso justificar ao cidadão o
dinheiro investido. "A adesão ao ESO deve vir acompanhada de ações de
divulgação e popularização da astronomia."
Considerada uma das cientistas mais influentes da
astrofísica brasileira, Beatriz Barbuy, também da USP, acredita que ao entrar
no ESO o Brasil terá futuro na astronomia mundial. "Caso contrário,
ficaremos com pequenos projetos aqui e acolá, desordenadamente, e com esforços
gigantescos para obter cada um deles", defende.
Área em Ascensão
Ao todo, existem no Brasil 290 astrônomos com doutorado,
contratados em diversas instituições. O país forma cerca de 35 mestres e 20
doutores por ano. São 19 programas de pós-graduação que oferecem mestrado ou
doutorado em astronomia. A maior parte é vinculada à área da Física.
"A procura aumentou. Só neste ano houve 14
candidatos por vaga no curso, mais que a grande maioria dos cursos da
USP", conta Lepine.
Segundo ele, a Sociedade Astronômica Brasileira reúne 663
pesquisadores (mestres e doutores de universidades de todo o país).
Especialistas consideram o momento bastante favorável à astronomia brasileira.
A USP, o Observatório Nacional no Rio de Janeiro e as universidades federais de
Minas Gerais e do Rio Grande do Sul estão entre os principais centros de
pesquisa do país.
Steiner comenta que a astronomia brasileira viveu um boom
entre 1970 e 2000, período em que cresceu a uma média de 11% ao ano.
"Depois veio uma estagnação, entre 2000 e 2008, quando expandiu apenas 1%
ao ano. Hoje voltamos a crescer, graças aos telescópios Gemini e SOAR",
analisa.
A última grande descoberta da astronomia foi à expansão acelerada
do universo, que garantiu o Prêmio Nobel da Física em 2011 aos americanos Saul
Permutter e Adam Riess e ao australiano-americano Brian Schmidt.
"O número de planetas descobertos também vem
crescendo. Sempre se pensa em encontrar um planeta parecido com o nosso, com a
mesma massa e temperatura", diz o professor Eduardo Cypriano, da USP.
Grupos Amadores
Um dos fenômenos comuns nesta área de estudo é
proporcionar o acesso de leigos ao tema. "A astronomia é ímpar nesse
sentido. Raramente vai se ouvir falar de grupo amador de Física, Biologia,
Química ou de Filosofia. Mas é muito comum encontrar grupos amadores de
Astronomia", observa Cypriano.
Para ele, esta é uma ciência que desperta muito a atenção
das pessoas e propicia o aparecimento desses grupos. "O observador amador
contribui para a popularização e divulgação da ciência", analisa o
professor.
Fonte: Portal Terra -22/06/2013 -
http://noticias.terra.com.br/
Comentário: Bom caro leitor, como você mesmo pode notar
as opiniões são divergentes entre o grupo que é contrário, liderado pelo
astrônomo da USP João Steiner, que parecer ser bem menor, e o grupo a favor
dessa iniciativa, liderado pela astrônoma Beatriz Barbuy, também da USP.
Confesso que estou ainda em dúvida quanto quem está com a razão, mas teremos de
esperar primeiro o fim dessa novela política, para então, caso haja a adesão,
acompanhar os acontecimentos, pois só mesmo o tempo poderá dizer de que lado a razão estava inicialmente.
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