Rumo à Conquista Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na “Revista Inovação
em Pauta” da FINEP (edição de Jan, Fev, Mar e Abril de 2013) destacando que o
Brasil fabricará pela primeira vez uma ‘Mesa Inercial’ com tecnologia nacional.
Duda Falcão
TECNOLOGIA
Rumo à Conquista Espacial
O Brasil fabricará, pela primeira vez, uma mesa inercial
com
tecnologia nacional. O instrumento é fundamental para
testar
sensores que agem como verdadeiros guias para diversas
atividades, como a
navegação em águas profundas e o
lançamento de satélites no espaço.
Fabíola Bezerra
Revista Inovação em Pauta
Jan, Fev, Mar e Abril de 2013
Imagine
a rotina de um cego ao se movimentar dentro de sua própria casa. Para chegar,
por exemplo, à geladeira, é preciso que ele saiba exatamente quantos passos
serão necessários e em qual direção seguir. Uma vez colocado em outra posição,
ele perde seu referencial. O mesmo acontece com um submarino, que se locomove
embaixo d’água. Ou com um foguete que precisa lançar um satélite no espaço.
Através de sensores altamente precisos, a principal função da tecnologia inercial
é encontrar um caminho ou, pelo menos, ajudar a não perdê-lo. Presente nas indústrias
robótica, aeronáutica, automobilística e de eletrônicos de consumo, o estudo da
engenharia inercial também é considerado estratégico para as indústrias
espacial e de artefatos de defesa.
Existem diversos tipos de sistemas inerciais, com aplicações civis
e militares. Na indústria automobilística, eles são usados para regular os robôs
que aplicam freios ABS, air-bags
e controles de
estabilidade nos veículos, e garantem que, após um determinado número de carros,
a solda não erre a posição. Os sistemas inerciais também têm ampla utilização
na prospecção de petróleo, principalmente em águas profundas. São eles os
responsáveis por guiar a broca perfuradora e os robôs utilizados neste tipo de
operação.
Já no âmbito militar, a tecnologia inercial tem papel importante
em projetos de lançadores – sejam de foguetes ou de mísseis – no direcionamento
a um determinado alvo. Segundo Marcos Pinto, da Divisão de Sistemas Inerciais
do Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM), o domínio da tecnologia inercial é importantíssimo
para a soberania de qualquer nação. “Ela é altamente estratégica, fortemente
embargada pelos países que a possuem. É fundamental para quem pretende ser um ‘player’
internacional, como o Brasil deseja”, afirma. Foi por uma demanda da Marinha
que o primeiro projeto de apoio à pesquisa em sistemas inerciais foi aprovado
no Brasil, em 1981, através do financiamento da FINEP.
Para garantir o alto grau de precisão destes sensores, é
necessária uma mesa inercial, composta de múltiplos eixos, para a realização de
testes e a calibração. Este instrumento passará a ser fabricado pelo Brasil,
através do programa de subvenção lançado pela FINEP, no valor de 3 milhões e
356 mil reais. As mesas utilizadas, até então, eram, em sua grande maioria, importadas
de uma empresa da Suíça e, consequentemente, muito caras.
Sistemas Integrados
Novas tecnologias, como a MEMS (Microeletromecânico Systems), a
base de silício, foram integradas aos sistemas inerciais com o intuito de
baixar seus custos. No entanto, elas deixavam a desejar em termos de qualidade.
Para contornar este problema, surgiram os sistemas integrados com sensores
externos, como magnetômetros, altímetros, sensores de imagem e o mais popular
de todos, o GPS, para auxiliar nos cálculos dos dados de navegação. De acordo
com Waldemar de Castro, doutor em Sistemas de Controle pela UFRJ e coordenador do
projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), estas tecnologias
não concorrem com o sistema inercial propriamente dito e apenas são complementares.
O projeto SIA, uma parceria entre o Comando-geral de Tecnologia
Aeroespacial (CTA) da Aeronáutica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), é uma das principais iniciativas brasileiras para o desenvolvimento da
engenharia inercial. O programa, que já recebeu mais de 30 milhões de reais em
investimentos, tem objetivos ligados à instalação, no Brasil, de uma capacidade
de produção de sistemas de navegação inercial (inertial navigation system –
INS). O INS é um dos principais componentes para um lançamento espacial de sucesso,
pois realiza o controle da altitude e da trajetória do veículo, essenciais para
a correta estabilização do satélite em órbita.
Essencial para o Brasil
A mesa inercial, cujo nome técnico é Mesa Simuladora de
Movimentos Angulares, tem a função de testar os sensores e plataformas
inerciais. “Sua velocidade angular e ângulo controlados têm altíssima precisão,
o que permite calibrar os sensores e sistemas de navegação inercial”, explica
Waldemar de Castro, do projeto SIA. De acordo com a Infax, empresa vencedora do
programa de subvenção para a fabricação da mesa, ela foi desenvolvida com o uso
de ligas de aço e alumínio. Com um peso aproximado de 600 kg, ela gira em torno
de dois eixos de movimento, podendo dar infinitas voltas, tanto em sentido horário
quanto anti-horário e também de forma independente.
Segundo o Instituto de Pesquisas da Marinha, a tecnologia inercial
nos países que a detêm já migrou dos institutos de pesquisas e da academia há
pelo menos 25 anos. “O desenvolvimento da tecnologia inercial hoje no Brasil
restringe-se apenas no esforço das Forças Armadas em manter suas equipes de
pesquisadores trabalhando em alguns projetos, com financiamentos próprios ou
com auxílio da FINEP, e de algumas empresas da área de defesa que precisam da navegação
inercial em seus produtos. Mesmo assim, estas empresas são em geral usuárias de
sistemas e sensores inerciais importados”, aponta Marcos Pinto, do IPqM.
Atualmente, três projetos que envolvem a tecnologia inercial
estão sendo desenvolvidos na Marinha e recebem financiamento da FINEP.
Estabilização de uma plataforma para câmeras de vídeo, construção de protótipo
de navegador inercial de baixo custo para veículos submarinos autônomos e
navegador inercial para um míssil de superfície antinavio.
Foto: Divulgação
Nelson Monnerat, da Infax (esq.) e Marcos Pinto do IPqM - Instituto de Pesquisa da Marinha |
Fonte: Revista “Inovação
em Pauta” - Núm. 15 - Págs. 26,27 e 28 - Jan, Fev, Mar e Abril de 2013
Comentário: Pois é leitor, essa é uma grande notícia e vamos
comemorar muito essa vitória. Entretanto, é mais uma empresa que se utiliza de
recursos públicos (recursos do povo brasileiro) para desenvolver uma tecnologia
visando atender a demanda de nossas Forças Armadas e de outras áreas. Portanto
é uma empresa estratégica, e como tal deve se manter sob controle acionário brasileiro.
Pelo menos assim é que deveria ser.
" Estava eu neste fim de semana, conversando com meu Instrutor Prof. Felix e o Diretor presidente do CEFEG (Sro. Luiz) de Goiânia, sobre este tipo de tecnológia, aproveitando para matar saudades do enusitado grupo de Goiânia. Parabenizo ao corpo de Engenheiros que desenvolveram este importantíssimo equipamento. Espero que todo este sacrifício não sejam em vão, transferindo a direção para outros países. este é o grande momento do Brasil em muitas áreas científicas e pode vir a ser também respeitada de todo seu direito 100% nacional. O Brasil experimenta um pequeno crescimento científico, robusto e sustentável e, apesar dos obstáculos dos americanos egoistas, muitos brasileiros dos ramos da pesquisa, educação e finanças estão cada vez mais comprometidos com as verdadeiras necessidade para melhorar o país".
ResponderExcluirExelente comentarista, compartilho de seus temores e frustrações quanto ao des-governo de nosso país .
ResponderExcluirPrecisamos iniciar uma campanha para re-nacionalizar ou ao menos cobrar ROYALTIE,s das ex-empresas nacionais .
Por produtos desenvolvidos com dinheiro público ( por tanto , do povo Brasileiro).
Já que será muito caro re-nacionalizar as empresas , vamos re-nacionalizar os produtos !!
Saudações