ITA Recruta Professores de Olho em Expansão
Olá leitor!
Segue abaixo uma entrevista com o reitor do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Sr. Carlos Américo Pacheco, postada hoje (28/03)
no site da “Agência FAPESP”, dando destaque à expansão do instituto.
Duda Falcão
Entrevistas
ITA Recruta Professores de Olho em Expansão
Por Frances Jones
28/03/2013
(foto:E.Cesar)
Agência
FAPESP – O
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das mais tradicionais e
prestigiadas escolas de engenharia do país, está em plena expansão. À frente do
processo de reformulação da entidade vinculada ao Ministério da Defesa está o
engenheiro e economista Carlos Américo Pacheco.
No cargo há
pouco mais de um ano, Pacheco é o 19º reitor na linha de sucessão de Richard
Habert Smith, o professor e pesquisador do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, contratado pelo governo brasileiro
para ser o primeiro dirigente do ITA, criado em 1950.
O MIT,
aliás, será um parceiro importante no que Pacheco chama de “reposicionamento
global” do ITA dentro do processo de expansão da instituição. As metas de
dobrar a graduação e aumentar em 50% a pós-graduação já haviam sido traçadas na
gestão do antecessor de Pacheco, o brigadeiro Reginaldo dos Santos.
Os detalhes
da implementação ainda estão sendo fechados, embora o plano – e as novas
contratações – já tenha sido aprovado por lei. Enquanto isso, um concurso para
preencher vagas deixadas em aberto por aposentadorias representa uma
oportunidade para recrutar professores que participarão dessa nova fase do ITA.
São 13 vagas no momento, mas para cada uma
delas poderão ser homologados até cinco aprovados. No total, 65 docentes
poderão ser contratados à medida que as vagas novas forem abertas. As
inscrições para o concurso seguem até o dia 4 de abril.
Para atrair
uma nova safra de docentes excelentes, Pacheco conta com um diferencial, além
da própria reputação do ITA. A ideia é construir, em três anos, uma vila
residencial para os professores. “Acho que esse é um diferencial importante”,
disse. A seguir, os principais trechos da entrevista que o reitor concedeu à Agência
FAPESP.
Agência
FAPESP – De quando
é o plano para a expansão do ITA?
Carlos
Américo Pacheco – A ideia
de ampliação do ITA tem alguns anos. Formalmente, o plano foi consolidado em um
documento do ministro da Defesa de dezembro de 2011, que formaliza os recursos
necessários, as vagas e a ampliação do ITA.
Agência
FAPESP – Essa
contratação de 13 docentes faz parte desse plano?
Pacheco – Essa contratação é uma recomposição de
aposentadorias, mas, como temos novas vagas autorizadas por lei, poderemos
chamar, se houver bons candidatos, 65 deles. Podemos homologar até cinco
docentes para cada vaga e depois chamar na sequência usando as novas vagas da
ampliação do ITA.
Agência
FAPESP – O que
significa esse número para o instituto?
Pacheco – Vamos dobrar o ensino de graduação e aumentar em
50% a pós-graduação. A primeira ampliação significativa é a da graduação em
engenharia, que, sem dúvida, é aquilo pelo que o ITA é mais conhecido. Isso
também implica dobrarmos o número de docentes de 150 para 300. Temos esse
concurso agora, mas depois teremos mais 150 vagas. A carreira para o docente é
a mesma das instituições federais de ensino superior, mas a ampliação do ITA
prevê a construção de uma vila residencial para os professores, como era
inclusive na origem do ITA: os alunos estudam em tempo integral e os professores
também trabalham em tempo integral e têm residência dentro do campus.
Agência
FAPESP– Quando a
vila residencial começará a ser construída?
Pacheco – Até o fim do ano esperamos dar início às obras.
Estamos contratando os projetos arquitetônicos. Espero que, em abril, tenhamos
contratado uma parte grande e, em maio, tenhamos o resultado de outra
concorrência do restante da contratação. No começo, quando o ITA foi criado, os
professores moravam dentro do campus. Com os anos, o percentual de professores
residentes diminuiu, mas a ideia é ofertar, para todos que tenham interesse, a
possibilidade de ter uma residência dentro do campus. Ela não é gratuita, mas é
um diferencial, inclusive de qualidade de vida.
Agência
FAPESP – Qual a
importância da pesquisa no ITA e, nesse sentido, qual é na sua opinião o papel
da FAPESP nesse processo, uma vez que há dezenas de projetos do instituto
apoiados pela Fundação?
Pacheco – A pesquisa é essencial em uma instituição como o
ITA. Desde sua origem, o ensino foi concebido de forma articulada à pesquisa,
inclusive pela influência dos professores estrangeiros que criaram a escola.
Foi uma das pós-graduações pioneiras e a primeira escola a ter um trabalho de
fim de curso no seu currículo. Hoje, ela é uma agenda central e a FAPESP tem um
papel muito importante para o ITA, pelo diferencial que cria para fazer
pesquisa em São Paulo. Queremos estimular os professores a submeterem mais e
mais projetos à FAPESP. Não só pelos recursos, mas pelo diferencial que isso
cria em termos da qualidade do que se faz na instituição.
Agência
FAPESP – Quantos
cursos de graduação o ITA tem atualmente?
Pacheco – São seis: Mecânica-Aeronáutica, Eletrônica,
Civil-Aeronáutica, Computação, Aeroespacial e Aeronáutica. Estamos estudando
uma reforma do currículo, possivelmente com a criação do que estamos chamando
de minors, como se fosse um currículo norte-americano: majors e minors,
uma área principal e outro curso. Provavelmente, não vamos ampliar as
especializações em engenharia. Mas faremos uma reforma curricular que,
simultaneamente, manterá as áreas principais atuais e criará uma segunda opção
para os alunos, que é fazer um minor em outra área que não seja das
especialidades de engenharia. A ideia é que ele seja uma complementação ao
currículo, transversal.
Agência
FAPESP – Poderia
dar um exemplo de minor para o ITA?
Pacheco – Talvez engenharia de sistemas, engenharia física
ou engenharia de inovação. Mas isso é uma discussão que vai levar ainda alguns
meses.
Agência
FAPESP – O acordo
com o MIT já foi fechado?
Pacheco – Está em fase final de detalhamento. Deveremos
fechar em abril. Estamos detalhando os planos de implementação. É um acordo de
cooperação de cinco anos, que envolve muitas atividades na área de reforma do
ensino de engenharia, pós-graduação, pesquisa e inovação. É um acordo grande,
amplo, que pega praticamente todas as atividades que fazemos, um intercâmbio
muito importante com o MIT, com intercâmbio de professores e alunos. É um
reposicionamento global da escola.
Agência
FAPESP – Atualmente
o ITA tem quantos alunos?
Pacheco – São em torno de 600 na graduação e 1,2 mil na
pós. A ideia é, depois da ampliação, ficarmos com 1,2 mil na graduação e 1,8
mil na pós. Queremos aumentar 50% da pós e 100% da graduação em cerca de cinco
anos.
Agência
FAPESP – Quais são
os investimentos previstos em infraestrutura?
Pacheco – As obras físicas da expansão estão orçadas em R$
300 milhões, financiados pelo MEC. Esse investimento é importante, pois há um
déficit muito grande em engenharia no Brasil, ainda mais de excelentes
engenheiros. Apesar de o ITA ser pequeno, o custo de um engenheiro formado pelo
ITA é relativamente baixo, porque quase não há evasão – 10% em média. Como a
evasão é muito baixa, o custo de um aluno do ITA é menor do que o de um aluno
da Unicamp [Universidade Estadual de Campinas] ou da USP [Universidade
de São Paulo]. Nas escolas de engenharia, em média, a evasão está na faixa
de 50%. Por engenheiro formado, o ITA dá um retorno muito grande.
Agência
FAPESP– A baixa
evasão se deve a quê?
Pacheco – O vestibular do ITA é muito rigoroso e os alunos
que entram são excepcionalmente bons. Depois, têm todas as condições para o
estudo de alto nível, como bolsa integral, residência, alimentação, dedicação
direta ao curso. Todos os alunos moram no campus.
Agência
FAPESP – E o
centro de inovação que se pretende criar?
Pacheco – Esse projeto representa um pouco de mudança da
posição da escola em relação aos vários parceiros externos e também ajuda a
reformar o currículo de engenharia. No sentido de que trazemos para dentro da
escola uma agenda de desafios de médio e longo prazo das empresas para que os
alunos trabalhem nesses desafios ao longo de sua formação profissional. Estamos
fechando o conceito do centro de inovação para que possamos apresentar aos
nossos parceiros no segundo semestre.
Agência
FAPESP – O modelo
é o MIT?
Pacheco – Não, ainda que o MIT seja um grande parceiro do
ITA. Temos um respeito muito grande e uma admiração por eles. Mais do que isso,
o MIT teve um papel importante na criação do próprio instituto. O primeiro
reitor foi um professor do MIT. Eles também conhecem o ITA, receberam muitos
alunos formados no instituto ao longo dos anos. Mas temos vários outros
parceiros internacionais também.
Agência
FAPESP– A ideia é
dar mais ênfase na inovação agora?
Pacheco – Isso. Essa é a ideia. É uma necessidade do país,
não é? Formamos muita gente que segue vida acadêmica. Inclusive, entre os dez
maiores empregadores de formados no ITA está a Unicamp. Não só para as escolas
de engenharia do Brasil, mas também para os institutos de matemática, para os
institutos de física, há vários lugares que têm muita gente formada aqui.
Inclusive professores no estrangeiro. Então, temos uma responsabilidade muito
grande em formar gente para isso. Mas, sem dúvida, a grande agenda do Brasil é
a agenda de inovação. O ITA sempre foi mais um instituto tecnológico, com uma
forte vocação, ele foi criado não para ser uma universidade, mas para ajudar a
criar uma indústria aeronáutica no Brasil. Quer dizer, na sua origem, já teve
como desafio gerar uma indústria no país. Temos no nosso DNA essa preocupação
com relação à inovação, ao desenvolvimento tecnológico do país, essa agenda é
natural. Mas hoje é uma agenda essencial para o Brasil. Inovação é uma agenda
central para qualquer projeto de desenvolvimento do Brasil.
Agência
FAPESP – Será
criada uma nova pós-graduação?
Pacheco – O projeto é repensar um pouco a estrutura e
fazer uma pós-graduação nos moldes da graduação, muito seletiva e que ofereça
as mesmas condições que oferecemos aos alunos da graduação.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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