ON Deposita 1º Registro de Patente na Área de Astronomia
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante notícia postada ontem (14/11) no site do
“Observatório Nacional (ON)” divulgando que o ON depositou o seu primeiro pedido de Registro de Patente na Área de Astronomia.
Duda Falcão
ON Deposita Primeiro Registro de
Patente na Área de Astronomia
O invento é o heliômetro
anular, usado para
medir o diâmetro
solar com alta precisão
14/11/2011 – 07:31
O Observatório
Nacional depositou seu primeiro pedido de registro de patente na área de
astronomia. O invento é chamado “Dispositivo para medidas angulares”, e
trata-se de um heliômetro anular, um telescópio refletor desenvolvido para
medir o diâmetro solar com alta precisão, superior ao heliômetro convencional.
O pesquisador
Victor D’Ávila, um dos responsáveis pelo invento, explica que o Sol não
apresenta um comportamento estável. Além disso, embora sejam registrados alguns
ciclos na sua dinâmica, não é possível prever suas variações, que se manifestam
no seu campo magnético, na sua luminosidade e no seu diâmetro. Como o Sol
determina o clima da Terra e define, portanto, a possibilidade de existência de
vida no planeta, compreender seu comportamento é de grande importância.
O princípio de
um heliômetro é combinar num mesmo tubo dois telescópios apontando para duas
direções próximas. “Dessa forma, os efeitos e defeitos dos dois instrumentos se
cancelam quando medimos a posição relativa de dois pontos no céu, nesse caso,
dois pontos opostos no disco solar”, explica D’Ávila.
A vantagem do
heliômetro anular desenvolvido no ON é que ele utiliza um sistema de espelhos,
que apresentam maior estabilidade mecânica que as lentes empregadas no
heliômetro convencional. A opção pelos espelhos em vez de lentes também
permitiu criar uma configuração nova para a óptica do instrumento,
possibilitando que ele tome medidas angulares de alta precisão em qualquer
direção. “Podemos dizer que, com a concepção do heliômetro anular, conseguimos
materializar o ideal de efetuar medidas angulares com a mais completa
independência da estabilidade óptica e mecânica do instrumento”, diz o
pesquisador.
Os procedimentos
de apoio ao processo do pedido de patente de invenção foram realizados pelo
Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-RIO), e o depósito do pedido foi feito no
último dia 19 de outubro. Em março deste ano, o ON depositou o registro de
patente do “dispositivo e método para simular a compensação de bússola
náutica”, desenvolvido na área de geofísica.
Confira abaixo a entrevista
com o pesquisador Victor D’Ávila.
ONews: Por
que o diâmetro do Sol muda? Com que frequência?
Victor D’Ávila:
O Sol não é em absoluto uma estrela imutável. Pelo contrário, desde a invenção
do telescópio, por Galileu, são observadas manchas que evoluem na superfície do
Sol. Logo se percebeu que essas manchas apareciam em ciclos de 11 anos,
aproximadamente. Os astrônomos costumam avaliar um parâmetro, chamado de
atividade solar através do número e tamanho das manchas. O que é mais
estimulante no estudo desses ciclos solares é o fato de que esses ciclos não
são sempre iguais entre si, mas sim apresentam variações de um ciclo para outro
e que essas variações na atividade solar são impossíveis de se prever.
Em pouco tempo
também se aprendeu que esse ciclo de 11 anos se manifesta em muitos outros
parâmetros solares tais como seu campo magnético, sua luminosidade e seu
diâmetro.
Sabe-se que a
amplitude das variações do diâmetro solar é muito pequena, de uns poucos
milionésimos do seu valor médio e, por isso mesmo, sua medida representa um
verdadeiro desafio para os astrônomos.
ONews:
Que importância isso tem?
Victor D’Ávila:
O Sol determina o clima da Terra e, assim, a possibilidade de existência de
vida no nosso planeta. Sabemos também que o Sol não se comporta de forma
estável. Como já dissemos, o Sol apresenta um ciclo de variações de 11 anos. E
o que é mais preocupante, é que mesmo esse ciclo não é estável nem previsível.
Assim, por exemplo, em torno de 1680, durante cerca de 70 anos, o nosso Sol
praticamente não apresentou aquele ciclo de 11 anos das manchas solares. Ou
seja, sua atividade praticamente se extinguiu. Esse período ficou conhecido na
astronomia como Mínimo de Maunder. Nessa época, durante longos anos, o Sol nem
mesmo apresentou manchas! Será que isto afetou o clima terrestre? Bem, isso não
se sabe com certeza, mas, coincidência ou não, os meteorologistas registraram
uma abrupta queda de temperatura em toda a Europa por alguns séculos por volta
de 1600 ou 1700 e que ficou conhecida como a Pequena Idade do Gelo.
Por outro lado,
para que seja possível calibrar e avaliar os modelos teóricos sobre o interior
do Sol e seu funcionamento, é muito importante comparar as previsões dos
modelos com as observações astronômicas, entre elas, a medida da evolução do
diâmetro solar.
ONews: Para
que serve o heliômetro?
Victor D’Ávila:
O heliômetro é um instrumento desenvolvido para medir o diâmetro solar.
ONews: Qual a
diferença do convencional para o anular?
Victor D’Ávila:
O heliômetro anular, objeto do pedido de patente do Observatório Nacional, é um
novo tipo de heliômetro que é capaz de medir o diâmetro solar com uma precisão
ainda maior que o heliômetro convencional.
ONews:
Quais são as vantagens do instrumento proposto em relação aos já
existentes?
Victor D’Ávila:
A ideia básica por trás de um heliômetro é combinar num mesmo tubo dois
telescópios apontando para duas direções próximas. Dessa forma, os efeitos e
defeitos dos dois instrumentos se cancelam quando medimos a posição relativa de
dois pontos no céu, nesse caso, dois pontos opostos no disco solar.
No heliômetro
convencional essa configuração de dois telescópios num mesmo tubo é realizada
fazendo com que cada telescópio seja dotado de uma lente objetiva (a grande
lente frontal) na forma de um semicírculo, ou meia-lua. As duas lentes
objetivas são dispostas lado a lado na frente do tubo do heliômetro
convencional. O ponto fraco do heliômetro convencional vem do fato de que
qualquer medida angular ao longo da direção que une as semiluas é
dependente da estabilidade mecânica e óptica do instrumento.
Já no heliômetro
anular utilizamos espelhos no lugar de lentes para, com isso, tirar proveito da
reconhecida estabilidade mecânica dos materiais com que são feitos os modernos
espelhos.
Além disso, e
precisamente por utilizarmos espelhos, e não lentes, nos foi possível criar uma
configuração nova para a óptica do instrumento através do uso de espelhos
objetivos anulares concêntricos. Note-se que não é possível confeccionar lentes
anulares. O mesmo não ocorre com espelhos objetivos anulares concêntricos, que
são de manufatura relativamente fácil.
Por uma questão
de simetria, espelhos anulares concêntricos são perfeitos para realizar medidas
angulares de alta precisão em qualquer direção.
Podemos dizer
que com a concepção do heliômetro anular conseguimos materializar o ideal de
efetuar medidas angulares com a mais completa independência da estabilidade
óptica e mecânica do instrumento.
Fonte: Site do Observatório Nacional
E dizer que isso tudo começou com o fato de o ON tão ter mais céu noturno para observar devido a poluição luminosa da cidade do Rio de Janeiro, que os obrigou a transformar o observatório num observatório Solar.
ResponderExcluirFantástico! Impressionante! Bem ao estilo brasileiro, suplantando todas as dificuldades.
Parabéns a todos do ON.
Olá Marcos!
ResponderExcluirEndosso as suas palavras, realmente o ON está de parabéns.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Parabéns ao Victor D'Avila, o idealizador da nova configuração da ótica deste telescópio.
ResponderExcluirParabéns também aos demais colaboradores como o Sandro Coletti que fabricou a ótica.
Oi Ricardo,
ResponderExcluirMeu chará, se você tem contato com essas pessoas, poderia sugerir a publicação de um histórico, se possível com fotos para que possamos divulgar aqui e em outros sites e redes sociais. Seria muito ineressante saber como funciona isso tudo por lá.
Grande Abraço.
Parabens à todos que participaram deste projeto...
ResponderExcluirEnobrecem a pátria e nossa atividade na astronomia...