Missão ASTER - Indo Aonde Ninguém Jamais Foi
Olá leitor!
Segue abaixo um interessantíssimo artigo publicado na edição de
Novembro/2012 da Revista Ciência Hoje, editada pelo Instituto Ciência Hoje e
postado no site dessa instituição ontem (13/11) dando destaque a fantástica “Missão
ASTER”, primeira missão brasileira de espaço profundo.
Duda Falcão
Astronomia – Exploração Espacial
Missão ASTER - Indo Aonde Ninguém Jamais Foi
Pesquisadores brasileiros preparam a primeira missão de
exploração espacial do país, cujo plano ambicioso é lançar, em
2017,
a sonda Áster e fazê-la orbitar um asteroide triplo dois anos
depois.
A missão Áster é o tema de capa da CH de novembro.
Por: Elbert Macau, Othon Winter,
Haroldo de Campos Velho e
Alexander Sukhanov
Revista Ciência Hoje
Edição 298 - Novembro/2012
Publicado em 13/01/2012
Atualizado em 13/11/2012
Foto: T. Pyle/ NASA JPL-Caltech
A missão Áster se apoia nos valiosos desenvolvimentos tecnológicos
sobre satélites espaciais que o Brasil acumulou nos últimos 30
anos.
O país terá a chance de colocar em prática esse amplo
conhecimento.
Áster deverá ser a primeira missão brasileira de exploração
espacial. Sua meta é ambiciosa: orbitar um asteroide triplo e descer no maior
deles. Batizado 2001-SN263, esse sistema é formado por um objeto central (2,8
km de diâmetro) e outros dois menores (1,1 km e 0,4 km de diâmetro) – os dois
últimos descrevem órbitas em volta do corpo central.
O 2001-SN263 dá uma volta em torno do Sol a cada 2,8 anos, em
trajetória que vai de uma região além da órbita de Marte (a meio caminho de
Júpiter) até perto da Terra. O plano da missão Áster é lançar a sonda em 2017 e
entrar em órbita do sistema de asteroides dois anos depois.
A missão se apoia nos valiosos desenvolvimentos tecnológicos que,
ao longo dos últimos 30 anos, o Brasil acumulou sobre satélites espaciais. O
país tem agora a chance de testar em voo esse amplo conhecimento, produto do
esforço e da dedicação de décadas de muitos especialistas.
A missão Áster visa não só fazer avançar a ciência, mas também
incrementar, no país, tecnologias sensíveis capazes de permitir outras missões
espaciais de igual complexidade e (principalmente) de gerar subprodutos que
possam trazer riqueza e bem-estar para a sociedade.
Essa iniciativa arrojada deverá esquentar seguramente o debate
sobre a questão espacial no Brasil, colocando o Programa Espacial Brasileiro na
ordem do dia, como política de estado prioritária, compatível com a vocação
espacial do país e com sua atual posição geopolítica e econômica no cenário
global.
A missão Áster visa não só fazer avançar a ciência, mas também
incrementar tecnologias capazes de gerar subprodutos que
possam trazer riqueza e bem-estar para a sociedade
Fósseis e Remanescentes
Entre os asteroides, há aqueles que se formaram a partir da nuvem
primitiva que deu origem ao sistema solar e não mais sofreram processos
radicais que os modificassem. Outros são os remanescentes do processo de
colisão entre objetos maiores.
Os primeiros são verdadeiros ‘fósseis’, pois nos permitem conhecer a
composição e a distribuição dos elementos que estavam presentes na nuvem
primitiva. Os segundos revelam pistas preciosas sobre os mecanismos que levaram
à formação dos objetos maiores de nosso sistema solar.
Centenas de milhares de asteroides já foram identificados, e os
principais dados de suas órbitas catalogados. A grande maioria deles tem
extensão na casa das centenas de metros. Estima-se que haja mais de 1 milhão
deles maiores que 1 km – alguns com centenas de quilômetros.
Grande parte dos asteroides se distribui na região entre as órbitas de
Marte e Júpiter. Mas vários têm trajetórias que se aproximam da órbita da
Terra: são os objetos próximos da Terra ou OPTs.
Surpresas: Duplos e Triplos
Surpreendentemente, em 1994, descobriu-se que o asteroide Ida tinha um
satélite, sendo, portanto, um sistema binário – até então, pensava-se nos
asteroides como corpos solitários.
Nos anos seguintes, dezenas de outros binários foram descobertos. Em
2005, outra surpresa: Sylvia, um asteroide com dois satélites. Hoje, é
conhecida cerca de uma dezena desses sistemas triplos.
Nosso interesse recai sobre o 2001-SN263, OPT descoberto em 2001 e que
somente em 2008 foi identificado como sendo um sistema triplo. Em 2019, chegará
a cerca de 150 milhões de km da Terra, a mesma distância que separa o Sol de
nosso planeta.
Imagens: Radiotelescópio Arecibo
Duas imagens do sistema triplo 2001-SN263, reproduzidas a
partir de dados obtidos pelo radiotelescópio de Arecibo,
Porto Rico, em fevereiro de 2008.
O 2001-SN263 é o alvo da missão Áster, que pretende não só colher
dados sobre a formação desse sistema triplo, mas também pousar na superfície de
seu objeto principal.
É uma missão ousada. Poucas nações fizeram algo similar. Apenas
três sondas espaciais foram enviadas para explorar asteroides: i) em 2000, a
norte-americana Near-Shoemaker pousou no asteroide Eros; ii) três anos depois,
a japonesa Hayabusa enviou imagens e coletou material do asteroide Itokawa;
iii) lançada em 2007, a sonda Dawn, da Nasa (agência espacial norte-americana),
visitou o asteroide Vesta em 2012.
No entanto, a Áster – igualmente uma missão de espaço profundo –
será a primeira a ter como alvo um sistema triplo. E, diferentemente do Eros,
Itokawa e Vesta, o 2001-SN263 tem características de um meteorito primitivo –
portanto, pode conter material orgânico, tema sempre relevante para o estudo da
vida.
Elbert Macau
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Othon Winter
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Haroldo de Campos Velho
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Alexander Sukhanov
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia
OBS: Você leu apenas o início do artigo publicado na CH
298. Para baixar a versão integral desse artigo em PDF clique aqui.
Fonte: Revista “Ciência Hoje” - Postado no site do Instituto
Ciência Hoje - http://cienciahoje.uol.com.br/
Comentário: Caro leitor, considero essa Missão ASTER um divisor de
água para o Programa Espacial Brasileiro e um passo importantíssimo para uma
maior interação da Astronomia Brasileira (em franco desenvolvimento) com a tecnologia
Astronáutica desenvolvida no país, caso realmente venha ser realizada. A missão
é fantástica e inacreditável se consideramos a atual situação do nosso PEB e os
de...loides que fazem carreira política em Brasília, mas a verdade é que a
missão não é só viável como importantíssima, pois permitirá o desenvolvimento
de diversas tecnologias sensíveis e estratégicas para o futuro do Programa Espacial
Brasileiro, fora a possibilidade de geração de subprodutos que possam trazer
riqueza e bem-estar para a nossa sociedade e também a imagem positiva que o
Brasil poderá alcançar a nível internacional resultada de uma bem sucedida
missão espacial como essa. Outro ponto importante que até então não havia sido
divulgado é que a missão não só prevê orbitar a sonda em torno do asteroide 2001-SN263,
como também descer no maior deles, o que é uma meta extraordinária, e se
realizada, resultará no primeiro artefato de origem brasileira a pousar na
superfície de outro astro.
Se a missão sair na data prevista será realmente um feito fantástico para o nosso PEB, principalmente se a sonda for ao espaço por um lançador nacional. Duda, qual a possibilidade de ambos acontecer?
ResponderExcluirOlá Carlos!
ExcluirA luta dessa galera capitaneada pelos pesquisadores que assinam esse artigo tem sido grande e eles acreditam que irão conseguir lançar a Sonda, mas pelo que sei tanto a plataforma como o lançador devem ser de origem russa, já os propulsores a plasma da sonda serão brasileiros, além dos equipamentos científicos.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Bom,
ResponderExcluirClaro que "no papel" tudo é lindo e maravilhoso. Estive lendo agora a pouco a descrição completa do projeto. Um item importantíssimo foi saber que essa sonda na verdade vai ser uma plataforma de sonda russa equipada com instrumentação e motores iônicos brasileiros.
Essa parte já me leveou a seguinte dúvida: vão colocar na sonda motores iônicos sem nenhuma história espacial? Ora para lançar em 2017, haveria tempo suficiente para certificar esses motores em apenas 5 anos? Quantos lançamentos seriam necessários para isso? A parte de instrumentação, me parece que o Brasil já domina o suficiente, e já mandou artefatos ao espaço, não muitos mas mandou... Já esses motores, são totalmente novos, inclusive na tecnologia empregada.
A segunda dúvida, é que absolutamente nada foi divulgado em termos de custo dessa missão. E salvo engano, essa é SEMPRE a primeira pergunta a ser feita por quem vai participar, patrocinar ou autorizar um projeto desse vulto.
Quem lê o título da matéria julga que já está tudo acertado e que o projeto já está em andamento. Está? Já virou lei? Só lembrando que no nosso regime legalista, os administradores públicos só podem tentar executar os projetos que já viraram lei...
De qualquer forma, apesar de na minha opinião ser mais um belo texto a ser colocado na nossa longa lista de promessas, desejo boa sorte aqueles que estão tentando fazer esse projeto andar.
Abs.
Vamos lá amigo. Os propulsores a plasma citado por você vem sendo desenvolvidos no Brasil a quase 10 anos em duas frentes, ou seja no INPE e na UNB, apesar de ainda não terem sido testados em vôo, mas acredito que o INPE deve ter uma missão prevista para teste em vôo desses propulsores antes do lançamento da Missão ASTER. Quanto o valor da missão ela foi anunciada que deverá ficar em torno de 35 a 40 milhões de reais. Já quanto a aprovação, creio que eles vem tentando realizar a missão pelas bordas, ou seja, conseguindo dinheiro através de projetos apresentando a FAPESP e a FINEP visando primeiro o desenvolvimento dos equipamentos, experimentos científicos e dos propulsores a plasma que cabem ao Brasil, para depois então comprar a plataforma e fechar o serviço de lançamento que cabem aos russos. Uma maneira que talvez seja mais fácil de conseguir a realizar esta missão. Além disso, talvez essa missão já esteja prevista pelo novo PNAE que ainda não foi divulgado pela AEB. Vamos torcer, pois ela é importantíssima para o futuro do Programa Espacial Brasileiro.
ResponderExcluirAbs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Só pra registrar, fiz uma pesquisa agora a pouco no Gg usando "PNAE" e só recebi "Programa Nacional de Alimentação Escolar"...
ResponderExcluirBem mais popular e pesquisado portanto.
É o problema de sempre. Enquanto nossas crianças continuarem indo às escolas para alimentar o estomago e não o cérebro, mais distantes estaremos do espaço, das estrelas, do fundo do mar, ou de qualquer outra área da ciência...
#triste
Bom, encontrei uma notícia de maio de 2011, dando conta que o nosso PNAE (o de atividades espaciais e não o de alimentação escolar) estava em revisão... É desse que estamos falando?
ResponderExcluirEntão estamos esperando as diretrizes que estão sendo revisadas a mais de um ano para tentar saber o que vamos fazer nos próximos anos? Se for isso mesmo, vou ser obrigado a procurar o meu "kit palhaço".
Como a garotada costuma usar nas redes sociais:
Huahuahuahuahua.
Busca a verdade por detrás desse programa. Até onde sei, a Rússia seria parceira, com circulação livre dentro do Brasil, mas tudo sendo uma cortina de fumaça para a criação da URSAL pela Dilma e seus aliados bandidos. Hoje a Venezuela recebe o apoio da Rússia = os aviões que pousaram lá é apenas o início. Parece que o impéachment da Dilma nos livrou desse destino
ExcluirDuda, porquê não utilizar a PMM?
ResponderExcluirOlá Carlos!
ExcluirSeria ótimo, né verdade? Entretanto, veja bem amigo, a PMM é uma plataforma para operar em órbita da Terra e o que precisamos é uma plataforma que opere em espaço profundo, ou seja, além da órbita da Lua. Assim sendo, ela precisa ser bem mais robusta e infelizmente ainda não temos tecnologia para fabricar uma dessas. Quem sabe um dia, né verdade?
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Sera que em termos de países emergentes poderíamos comparar esta missão a missão indiana Chandrayaan-?
ResponderExcluirQue logicamente teve destino e funções diferentes mas colocou a Índia em um outro patamar em pesquisa espacial, lembro que quando a Chandrayaan-1, chegou a lua, todas os jornais e sites de noticias destacaram em primeira pagina o feito, teve uma repercussão imensa no mundo, eu mesmo desconhecia o programa espacial da Índia depois deste fato que atiçou minha curiosidade passei a acompanhar o programa indiano mais de perto.
Abraços
Olá André!
ResponderExcluirEm minha opinião não. É preciso que todos entendam as implicações políticas para a imagem do Brasil caso essa missão se concretize. A Chandrayaan-1 se limitou a ir até a Lua, ou seja, operou no espaço sob influência orbital da Terra. A Missão ASTER é uma missão de espaço profundo, ou seja, além da órbita da Lua e fora de qualquer influência orbital de nosso planeta. Só para você ter uma ideia, somente os EUA, a ESA, a Rússia e o Japão realizaram até hoje missões de espaço profundo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Como levantaram o assunto do programa espacial Indiano, vale a pena lembrar alguns fatos. A India ficou independente em 1947 e se tornou república em 1950.
ResponderExcluirA grande diferença, é que lá, em 1966 a Sra. Indira Gandhi, tornou o programa espacial indiano um programa de estado, que vem sendo tratado dessa forma desde então.
Com um orçamento equivalente a cerca de um bilhão de dólares ao ano, e com a prioridade que um programa de estado merece, tem até sofrido críticas, pois devido ao sucesso, começam a questionar se vale a pena mandar uma sonda a Marte se existem tantos problemas sociais na India.
Sim eles tem problemas, mas não diretamente no programa espacial.
#refletir
Uma notícia do mês passado, mas vale a pena tomar conhedimento:
ResponderExcluirIndia steps up space program with big budget
Abs.
Nos anos 70 e 80, técnicos indianos chegavam a vir ao Brasil para "aprender" um pouco sobre nosso programa espacial. Agora, somos nós que devemos aprender o deles.
ResponderExcluir#triste!