Revista Pesquisa FAPESP Publica Matéria Sobre a 'Operação Astrolábio' do Foguete Suborbital Sul-Coreano Hanbit-TLV. Confiram!
Olá
leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo
uma matéria postada ontem (01/06) no
site da ‘Revista Pesquisa FAPESP’, tendo
como destaque a Operação Astrolábio do Foguete suborbital
Hanbit-TLV da startup sul-coreana Innospace
lançado em março
passado do Centro de
Lançamento de Alcântara (CLA). Saibam mais pela matéria abaixo.
Pois então, a matéria em
si é composta por muito ‘enchimento de linguiça’ com informações por demais já
conhecidas dos entusiastas do PEB. Porém também traz algumas poucas notícias que
valem a pena dar uma conferida, isto é, levando-se em conta que tenham alguma credibilidade.
Brazilian
Space
ESPAÇO
Startup Sul-Coreana é a Primeira Empresa Privada a Operar na Base de
Alcântara
Foguete suborbital da Innospace levou como carga útil sistema de
navegação desenvolvido no Brasil
Por Rodrigo
de Oliveira Andrade
Publicado em: 01 jun 2023 - 16:40
Fonte: site
da Revista Pesquisa FAPESP - https://revistapesquisa.fapesp.br
Foto: Sargento
Frutuoso / DCTA
Lançamento
do foguete Hanbit-TLV, em março, do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão
Pela
primeira vez, uma empresa privada esteve à frente de uma operação no Centro
Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão. A startup sul-coreana Innospace
lançou seu foguete Hanbit-TLV, a partir da Área 1 do CEA, no último dia 19 de
março. O feito fez parte da missão Astrolábio, que pretende validar o primeiro
estágio do Hanbit-Nano, veículo lançador de dois estágios capaz de transportar
carga útil de até 50 quilogramas (kg). Estágio é o nome que se dá a cada um dos
segmentos de um foguete que possui motor ou propulsor e que se separa do
conjunto durante o voo; normalmente, foguetes com dois ou mais estágios são
empregados em voos orbitais. O lançamento também foi utilizado para testar uma
tecnologia espacial em desenvolvimento no Brasil, o Sistema de Navegação
Inercial (SISNAV).
O veículo
sul-coreano Hanbit-TLV é um lançador suborbital de estágio único, com 16,3
metros (m) de altura, 1 m de diâmetro e 8,4 toneladas (t). Nos voos
suborbitais, o foguete atinge altitudes superiores a 100 quilômetros (km) do
nível do mar, mas não tem capacidade de inserir uma carga útil na órbita da
Terra.
O foguete
utiliza uma tecnologia diferenciada de propulsão, que combina motores à base de
oxigênio líquido e parafina, o que simplifica sua estrutura e permite um melhor
controle de potência. O combustível, ao mesmo tempo, não é tóxico ou explosivo
— os gases emitidos se dissipam na atmosfera ao longo do voo.
A Innospace
está analisando os dados do voo, que durou 4 minutos e 33 segundos, para
verificar o desempenho do foguete. Em nota, a startup sul-coreana destacou que
“o lançamento mostra que a empresa possui recursos tecnológicos suficientes
para desenvolver foguetes de forma independente e se inserir no mercado global
de lançamentos espaciais”.
“Essa foi
uma demonstração da capacidade do CEA, do ponto de vista técnico, operacional e
administrativo, de realizar lançamentos com precisão e segurança”, destacou
Carlos Augusto Teixeira de Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira
(AEB).
Base Tem Posição Privilegiada
O CEA,
instalação que inclui o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e outras
infraestruturas, foi concebido com a ideia de abrigar operadores estrangeiros,
mas até hoje só havia hospedado missões nacionais.
“O CEA está
localizado em uma posição privilegiada para lançamentos em órbitas de baixa
inclinação”, destaca o engenheiro aeronáutico João Luiz de Azevedo, do
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), organização dedicada à pesquisa do
Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do Comando da
Aeronáutica. “É interessante para o país que ele possa ser operado também por
companhias privadas internacionais; além de recursos, essas parcerias tendem a
ser profícuas do ponto de vista tecnológico.”
A base de
Alcântara está posicionada próxima à linha do Equador. Para lançamentos de
satélites que visam à órbita equatorial, partir de Alcântara representa uma
economia de propelente de até 30% em relação a um lançamento de Cabo Canaveral,
nos Estados Unidos, situado mais de 3.000 km ao norte do Equador – menos
propelente, nome dado à mistura de combustível com comburente, substância que
fornece oxigênio para a reação, significa menos peso no foguete e,
consequentemente, maior capacidade de carga útil a ser transportada.
DCTA
Montagem do Sistema de Navegação Inercial (SISNAV) no foguete sul-coreano (no alto) e o dispositivo totalmente instalado. |
Carga Útil Brasileira a Bordo
Para
viabilizar a operação de março, a startup sul-coreana assinou com o DCTA um
acordo de cooperação tecnológica de 48 meses, o qual prevê outros voos de
teste. O acordo também previa o lançamento de uma carga útil brasileira, o
SISNAV, desenvolvido pelo IAE – foi a primeira vez que a Innospace prestou um
serviço de transporte de carga útil em seu foguete. Com 18 quilos, o SISNAV foi
a única carga útil levada ao espaço a bordo do veículo suborbital.
O SISNAV é
usado para estimar a posição de lançadores espaciais a partir da leitura de
sensores inerciais (acelerômetros e giroscópios). “Quando estiver pronto, o
SISNAV deverá ser capaz de estimar a posição de veículos de acesso ao espaço,
dando condições para o sistema de controle em terra comandar manobras para
corrigir eventuais erros de trajetória”, destaca o tenente-coronel Bruno
Távora, gerente do projeto, no IAE.
A equipe
técnica responsável pelo sistema agora irá verificar se ele opera bem em
ambiente real, sob condições extremas de vibração e temperatura, que ocorrem
durante a decolagem e o voo. Também serão avaliadas possíveis melhorias para
que o sistema atinja seu requisito de desempenho. “Está previsto mais um voo do
SISNAV como carga útil no foguete brasileiro VS-50, veículo suborbital em
desenvolvimento pelo IAE.”
Para Moura,
da AEB, a tecnologia desenvolvida no IAE é essencial para o desenvolvimento de
veículos de desempenho autônomo, que precisam de um sistema próprio de controle
e navegação. “Trata-se de uma tecnologia sensível. Os países que a dominam não
a compartilham com outras nações ou compartilham sob condições restritas”, diz.
“É importante que o Brasil a domine para que possa usá-la em seus próprios
projetos.”
DCTA
O foguete da Innospace momentos antes de ser transferido para a plataforma de lançamento da base de Alcântara. |
Operações Comerciais
O
lançamento do Hanbit-TLV é resultado de um esforço para viabilizar o uso do CEA
para além das instituições de pesquisa do DCTA e seus pesquisadores. A operação
foi a primeira feita por uma empresa privada no CEA, mas ainda não teve
finalidade comercial. Por se tratar de uma cooperação tecnológica, a base
brasileira não foi remunerada para prestar serviço de apoio à preparação e
lançamento do foguete.
Em 2020, a
AEB lançou um processo de chamamento público para selecionar quatro companhias
para uso comercial conjunto da base ‒ cada uma deveria operar em uma área
específica do CEA. As empresas C6 Launch, do Canadá, Virgin Orbit, Orion AST e
Hyperion Rocket Systems, dos Estados Unidos, foram as escolhidas (ver Pesquisa FAPESP nº 307). Esta última, no entanto,
retirou-se da negociação e seu lugar foi ocupado pela Innospace, que também se
habilitou a fazer lançamentos comerciais.
“Queremos
explorar essa vertente [comercial] em Alcântara, já que é cada vez maior a
demanda por lançamentos de satélites de médio e pequeno porte por empresas
privadas, e não há no mundo bases de lançamento em número suficiente para
atendê-la”, diz Moura.
O próximo
lançamento internacional na base de Alcântara deverá ser efetuado pela empresa
canadense C6 Launch, que deve começar a montagem de seus equipamentos no CEA no
segundo semestre ‒ a preparação de um foguete para o voo costuma levar entre um
e dois meses. As outras duas companhias selecionadas na primeira chamada
pública – as norte-americanas Virgin Orbit e Orion AST – ainda estão em fase de
negociação. A expectativa da AEB é atingir uma cadência em torno de um
lançamento por mês depois que as empresas selecionadas qualificarem seus
projetos.
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