Segundo Matéria do 'Jornal O VALE', o Brasil Retoma Investimentos no Programa Espacial 20 Anos Depois da Tragédia do VLS

Olá leitores e leitoras do BS!
 
Segue abaixo uma matéria postada ontem (04/06) no site da ‘sampi.net.br’, que foi publicada pelo Jornal O VALE de São José dos Campos (SP), tendo como destaque o Programa Espacial Brasileiro (PEB).
 
Em minha opinião esta matéria foi composta por muita falácia e muito enchimento de linguiça que não trás nada que não já se saiba e se lamente (como no caso no novo acordo sobre o CBERS), tendo apenas a parte que trata do acidente com o VLS e da atual situação dos familiares dos 21 heróis de Alcântara como algo positivo.
 
Brazilian Space
 
ESPAÇO
 
Brasil Retoma Investimentos no Programa Espacial 20 Anos Depois da Tragédia do VLS
 
Maior acidente da história espacial brasileira, explosão no VLS-1 vitimou 21 profissionais do CTA e interrompeu o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites no país
 
Por Débora Brito e Xandu Alves
04/06/2023
Fonte: Jornal o VALE de São José dos Campos-SP
Via: site Sampi.net.br - https://sampi.net.br
 
Fonte: Divulgação
Brasil quer retomar investimentos em lançadores de satélite e conquistar autonomia para acesso ao espaço.
 
Um desafio de décadas. Vinte anos depois da explosão do VLS 1 (Veículo Lançador de Satélites), na base de Alcântara, no Maranhão, o país ainda busca autonomia no acesso ao espaço. 
 
O acidente, ocorrido em 22 de agosto de 2003, vitimou 21 profissionais do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), vinculado ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial), em São José dos Campos, e deixou marcas profundas não somente na vida dos familiares, mas também no PEB (Programa Espacial Brasileiro).
 
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Carlos Moura, analisa o impacto do acidente em pelo menos três aspectos, que contribuíram para enfraquecer a vertente de acesso ao espaço do PEB e atrasar a retomada da atividade de lançamento de veículos de satélite. “O primeiro fator sério foi humano e psicossocial, ainda mais com a perda de tantos profissionais de longa data do IAE. Isso teve uma repercussão muito forte para as famílias, os amigos, todo o IAE e as pessoas que trabalham nesse tipo de atividade”, comentou Moura.
 
O segundo impacto foi no projeto do VLS em si, que acabou perdendo credibilidade diante das dificuldades de investigação da causa da falha e de como poderia ficar mais seguro. “Exatamente numa área tão desafiante quanto a de foguetaria, você perder a confiança num projeto é realmente muito grave”, disse Moura.
 
E o terceiro foi a perda de prioridade das atividades de acesso ao espaço, com a supressão de recursos financeiros e humanos. “As equipes se desdobraram o máximo para manter o projeto ativo, mas fica insustentável você manter um projeto que demanda tanto conhecimento, tanta tecnologia sem ter os meios compatíveis”, completou o engenheiro.
 
A execução orçamentária brasileira nos últimos anos mostra que, pelo menos desde 2016, houve queda contínua nos valores previstos para o setor espacial. Fora um respiro em 2020, o declínio se acentuou em 2021 e 2022. Para 2023, o valor planejado para o setor é de R$ 168 milhões e sinaliza uma retomada. Desse total, porém, apenas R$ 11 milhões são destinados para ações de acesso ao espaço, como o desenvolvimento de veículos lançadores de satélite.
 
RETOMADA.
 
A AEB trabalha agora com foco no PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) para o período 2022-2031. O programa surgiu em 2012, quando previu para a década que se encerrou em 2021 a aplicação de R$ 5,75 bilhões para as atividades espaciais. Mas ao final de dez anos, o programa recebeu cerca de R$ 2 bilhões. Para a próxima década, o programa prevê diferentes cenários de investimentos, sendo que no melhor cenário, as aplicações poderiam chegar a R$ 13,2 bilhões até 2031.
 
O Ministério de Ciência e Tecnologia ressaltou que o programa terá um novo impulso com o desenvolvimento do satélite CBERS-6 em parceria com a China e com os recursos de subvenção econômica no valor de R$ 360 milhões para projetos da indústria aeroespacial, firmados recentemente com empresas de São José dos Campos. “Essas iniciativas promovem ganhos tecnológicos e estimulam a indústria nacional, assegurando a autonomia e a soberania do país. Possuem, ainda, diversas aplicações, como o monitoramento do território, da safra agrícola e dos desastres naturais, e constituem instrumentos para a geração de emprego de alta qualidade e a fixação de talentos no país”, informou o Ministério a OVALE.
 
A pasta destacou ainda que a indústria nacional é um ator relevante do programa espacial. “Para se ter uma ideia, aproximadamente 70% dos recursos investidos no desenvolvimento do satélite Amazônia 1 foram aplicados na indústria nacional, permitindo o avanço tecnológico, o que também deverá ocorrer com o satélite CBERS-6, no qual o Brasil investirá US$ 51 milhões para a construção e lançamento”, completou.
 
Considerando que o Brasil é um dos poucos países que podem atuar em todos os segmentos da atividade espacial, Carlos Moura reitera que o programa espacial vive hoje um momento muito positivo e de atualização com as novas tecnologias e abordagens de acesso ao espaço, com o chamado New Space. "Existem hoje muito mais possibilidades de acesso ao espaço do que nos anos 70, 80, quando o Brasil lançou o projeto do VLS. A AEB vem se esforçando para aproveitar esse legado e as novas circunstâncias que permitem ao Brasil, por exemplo, aproveitar um nicho preferencial de atuação, que seria o de lançadores para pequenos nanossatélites, órbitas baixas, órbitas inclinadas, lançamentos dedicados”, disse Moura.
 
Para atender a nova demanda, a agência aposta no espaçoporto de Alcântara, que ainda é um ativo reconhecido mundialmente como o mais bem localizado geograficamente e com altíssimo potencial.
 
Moura destacou que o centro acabou de demonstrar muita proficiência no primeiro lançamento privado, em março deste ano. “Foi o lançamento de número 500 do centro e o primeiro de uma empresa privada, uma sul-coreana que efetuou o lançamento de testes de um veículo ainda em desenvolvimento. Isso provou que temos condições operacionais de atuar, agora para manter a qualidade e a disponibilidade dos serviços. Há melhorias que têm que ser feitas, sem dúvida, no aprimoramento de sistemas, na disponibilidade de pessoal e no arranjo de negócios”, destacou Moura.
 
A AEB também lançou o programa para acoplar o desenvolvimento tecnológico às necessidades socioeconômicas e culturais de Alcântara, que ainda é muito carente de serviços logísticos. Entre as possibilidades de negócio, está o desenvolvimento do turismo cultural, arquitetônico, de aventura e espacial na região.“A gente acredita que a Alcântara pode realmente ter um salto muito grande de desenvolvimento humano e ser um exemplo de como a atividade espacial pode ser um dos ingredientes para um desenvolvimento integrado, que possa repercutir não só na cidade, mas em toda a região de São Luís e do estado do Maranhão”, reitera Moura.
 
MEMÓRIA
 
Mantendo a tradição, as famílias das vítimas farão no próximo dia 22 de agosto um evento em homenagem aos profissionais que faleceram no acidente do VLS. No exato horário do acidente, haverá a soltura de 21 rojões no MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), uma missa e a exibição de um vídeo com imagens dos eventos dos anos anteriores. A ideia é mostrar como os familiares mudaram e os filhos cresceram.
 
Duas décadas depois, algumas famílias ainda aguardam o pagamento da indenização. “A maioria das famílias entrou com pedido de indenização. Algumas receberam, cada uma está numa situação diferente. 20 anos depois já reorganizamos a vida, estamos em paz com tudo o que aconteceu. Mas é uma questão de justiça. Eu pensei nos meus filhos, nos meus netos, no meu futuro. E quero receber logo, porque estou com 63 anos. Sem o meu esposo aqui, a vida mudou muito”, disse Dóris Maciel.
 
Mas para Dóris e os outros familiares também é importante dar continuidade ao legado deixado pelos profissionais. “A maior homenagem seria recuperar o programa espacial", disse João Oliveira, irmão de uma das vítimas.

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