Relatório da ESA Revela Preocupação Com o Acúmulo de Lixo Espacial em Órbita
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia publicada ontem (26/04) no
site “Canaltech”, destacando que um Relatório
da Agencia Espacial Europeia (ESA) revela preocupação com o acúmulo de lixo
espacial na órbita da Terra.
Pois é leitores do BS,
este é mais uma assunto preocupante para ser abordado no dia de amanhã (28/04) com muita propriedade pelo Prof. Rui Botelho,
durante a realização da nossa coluna ‘Espaço
Semanal’. Fiquem atentos!
Brazilian Space
Home - Ciência - Espaço
Relatório da ESA Revela Preocupação Com o Acúmulo de Lixo Espacial em Órbita
Por Wyllian Torres
Editado por Rafael Rigues
26 de Abril de 2022 às 13h00
Fonte: ESA
Via: Web Site Canaltech - https://canaltech.com.br
Fonte: NASA
Um novo relatório da Agência Espacial Europeia (ESA),
publicado em 22 de abril, revela como a órbita da Terra encontra-se
extremamente congestionada, seja por satélites ativos ou fragmentos de foguetes
lançados há décadas. O documento detalha o crescimento de constelações de
satélites comerciais e os esforços para tornar o espaço próximo à Terra
sustentável a longo prazo.
Parte da vida moderna é sustentada graças ao aparato
tecnológico estabelecido em órbita de nosso mundo. É a partir desse espaço que
monitoramos as mudanças climáticas e estabelecemos os sistemas de comunicação e
navegação, além de ajudar a responder questões fundamentais da ciência.
(Imagem: Reprodução/ESA)
O crescente número de satélites e detritos espaciais em órbita ameaça cada vez mais o uso do espaço próximo à Terra no futuro. |
No entanto, todo esse suporte tecnológico está cada vez
mais ameaçado de ser destruído pelo crescente número de lixo espacial — sobras
de satélites ou foguetes extintos que viajam a altas velocidades. Se nada for
feito para resolver este problema, o uso do espaço será insustentável.
Em 2002 o Comitê Interagências de Coordenação de Detritos
Espaciais (IADC, na sigla em inglês) estabeleceu as Diretrizes de Mitigação de
Detritos Espaciais. O documento traz uma série de normas sobre como projetar,
lançar e descartar missões espaciais sem poluir o espaço próximo à Terra.
As diretrizes iniciaram a proteção da órbita e foram a
base para políticas espaciais voltadas a esse propósito nos últimos 20 anos.
Desde 2016, o Space Debris Office, da ESA, fornece um relatório anual
informando sobre o que tem acontecido no espaço próximo à Terra e o que tem
sido feito para torná-lo sustentável a longo prazo.
A seguir, você confere os pontos mais importantes do Relatório
Ambiental de Detritos Espaciais deste ano.
Mais Satélites, Mais Lixo Espacial
Segundo o relatório, o atual número de detritos espaciais
já é bem grande, mas ele não para de aumentar. Estima-se que existam mais de 30
mil fragmentos espaciais na órbita da Terra, todos registrados e monitorados
com frequência por redes de vigilância espacial.
(Imagem: Reprodução/ESA)
Embora o avanço da tecnologia permita rastrear esses detritos
com maior precisão, o número de objetos sem identificação também aumenta, ou
seja, não há como estimar o evento que gerou esses fragmentos. Quando objetos
maiores que 1 cm são considerados, o número de detritos pode superar um milhão.
O relatório também destaca o crescimento no número de
voos espaciais desde 2020. O suporte tecnológico para a criação de constelações de satélites não apenas se tornou mais
confiável, mas também compacto. Nos últimos dois anos, o número de satélites
lançados à órbita cresceu bastante e a maioria deles pesa de 100 a 1.000 kg.
(Imagem: Rprodução/ESA)
A construção de constelações de satélites comerciais na órbita contribuiu bastante para este aumento. |
Outra fator que contribuiu para este crescimento foi o
número recorde, observado no ano passado, de foguetes lançando diversos satélites ao mesmo tempo. Isso
reduziu bastante os custos de lançamento, mas também tornou mais desafiador
monitorar esses objetos de maneira individual.
Órbita Congestionada
Antes mesmo do número de satélites em órbita crescer, a
quantidade de lixo espacial já era bem grande. Com isso, nos últimos anos os
encontros próximos entre satélites ativos e detritos, chamados “conjunções”,
também se tornaram mais frequentes.
(Imagem: Reprodução/ESA)
O gráfico acima demonstra o número de vezes que um
satélite comum, em variadas altitudes, passou por um alerta de colisão durante
2021. Em baixas altitudes, os satélites se deparam com outros pequenos
satélites, enquanto em altitudes mais elevadas eles encontram com maior
frequência detritos espaciais.
Esses alertas nem sempre significam uma colisão
inevitável, mas com mais objetos orbitando a Terra, torna-se mais difícil para
os operadores de satélites administrá-los manualmente. A ESA tem trabalhado em
um sistema automático capaz de realizar manobras para prevenir colisões e reduzir os alarmes falsos.
Descarte Seguro de Satélites Avança, Mas Ainda Há
Muito a Fazer
O relatório destaca que, atualmente, a maior parte dos
foguetes usados para lançamento de satélites têm sido descartada de maneira
adequada. Enquanto uns queimam em uma “reentrada controlada” na atmosfera, outros são
colocados em uma órbita "cemitério" para caírem gradualmente em 25
anos.
(Imagem: Reprodução/Astroscale)
Outro apontamento é que um número crescente de satélites
que chegam ao final de suas missões na baixa órbita tem sido descartado de
maneira adequada, mas ainda há muito o que fazer. Há um aumento nas tentativas
de descarte bem-sucedido, mas muito satélites são largados à deriva na órbita.
Embora hoje exista uma maior conscientização a respeito
do uso sustentável do espaço próximo à Terra, os atuais
esforços são insuficientes. Se a maneira como lançamos e descartamos objetos
espaciais não mudar imediatamente, o número de colisões catastróficas no futuro
será extrapolado.
A ESA teme que as atuais práticas insustentáveis levem à Síndrome de Kessler, que descreve uma órbita tão
congestionada de objetos que qualquer colisão, por menor que seja, pode
produzir um efeito em cascata: uma colisão leva à outra, que leva à outra e
assim por diante.
(Imagem: Reprodução/ESA)
A linha em vermelho demonstra o crescimento das colisões a longo prazo caso nada seja feito para lidar com este problema. |
Para a agência europeia, a melhor alternativa para
responder a este problema é que mais instituições e políticas se voltem às
diretrizes estabelecidas pelo IADC há anos. Outro passo fundamental, é começar
a limpar o espaço próximo à Terra e alguns esforços já caminham nessa direção.
A missão ClearSpace-1, prevista para ser lançada em 2026,
será a primeira a remover um pedaço de lixo espacial da órbita. Uma sonda será
usada para capturar e derrubar, em segurança, um objeto de 112 Kg que é parte
de um foguete lançado em 2013. O objetivo é se assegurar de que a reentrada do
objeto na atmosfera seja totalmente controlada.
Comentários
Postar um comentário