Radiotelescópio BINGO Poderá Mapear Lixo Espacial e Até Asteroides; Entenda
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia publicada ontem (03/04) no
site “Canaltech”, destacando que o ‘Radiotelescópio BINGO’ (já abordado
aqui em outras oportunidades), resultado de uma colaboração multinacional e que
está sendo construído no ‘Sertão da
Paraíba’, poderá Mapear Lixo Espacial e até Asteroides.
Pois então, este é mais um radiotelescópio que o Brasil conquista para
o seu território que ainda é pobre nestes equipamentos, sendo então muito bem
vindo.
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Radiotelescópio BINGO Poderá Mapear Lixo Espacial e
Até Asteroides; Entenda
Por Danielle Cassita
Editado por Patrícia Gnipper
03 de Abril de 2022 às 08h30
Fonte: Web Site Canaltech - https://canaltech.com.br
Fonte: Divulgação
O radiotelescópio BINGO, sigla para “Baryon Acoustic Oscillations in
Neutral Gas”, é um grande projeto em construção no sertão da Paraíba que poderá
mapear lixo espacial e até asteroides.
Pensado para desvendar segredos do universo através da detecção de ondas de rádio,
o BINGO poderá passar por um aumento de capacidade após concluir sua fase
atual, que permitirá observar objetos na órbita da Terra.
Idealizado em 2010, o BINGO é um radiotelescópio projetado para
desvendar segredos do universo de diferentes formas. Entre elas, estão a
detecção de oscilações acústicas de bárions (uma partícula subatômica), as
emissões por trás das misteriosas
rajadas rápidas de rádio e até da radiação vinda dos pulsares, objetos
nascidos da evolução estelar. No momento, o radiotelescópio está na etapa de
construção de sua estrutura.
(Imagem: Divulgação)
Quando avançar de fase, uma extensão poderá fazer com que o BINGO
produza mapeamentos detalhados do lixo espacial e até de asteroides. Chamada
“BINGO High Resolution” (ou apenas BINGOHR), a extensão permitirá, como o nome
indica, que o observatório conduza observações em alta resolução. “A princípio,
essa extensão vai poder ser bastante dedicada a lixo espacial e a essas
questões mais finas”, explicou o professor Élcio Abdalla, um dos coordenadores
do projeto, em entrevista ao Canaltech.
Observando o
Lixo Espacial Com o BINGO
Há objetos que se movem pelo céu "invisíveis" para nós, por
não estarem iluminados. “Mas você sabe que há uma frequência que este objeto
emite”, ressaltou o professor. A frequência eletromagnética não é visível para
os telescópios ópticos, mas no caso dos radiotelescópios, permite que os
cientistas determinem informações importantes sobre objetos que não podem ser
observados na luz visível. É aí que entram as futuras observações do lixo
espacial na órbita terrestre.
A Corrida
Espacial, disputada entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos,
teve seu início marcado pelo lançamento do satélite Sputnik I. Abdalla conta
que algumas estimativas colocam que, daquela época até hoje, a órbita terrestre
já abriga alguns milhões de pequenos pedaços de lixo espacial, com até 20 cm de
extensão — mas vale lembrar que há também objetos maiores, como os estágios de
foguetes usados em lançamentos.
(Imagem: Domínio público)
Ele acredita que estes objetos, com dimensões maiores, seriam melhor
rastreados pelo BINGO. “Os pequenos é difícil dizer, mas aqueles não muito
pequenos, que você consegue pegar na mão, suponho que seja possível rastrear”,
sugeriu, acrescentando que ainda são necessários mais estudos dos receptores do
telescópio, para saber o quão bem eles vão funcionar para este tipo de tarefa.
Apesar das dimensões, a preocupação
com os grandes objetos não é tão grande quanto aquela com os menores. “É
muito difícil que haja um lixo espacial tão grande que possa cair no meio de
uma cidade ou causar algum problema”, observou Abdalla. Já no caso de objetos
pequenos, a situação é outra. “Os menores podem interferir muito negativamente
em satélites artificiais importantes”, alertou ele, ao Canaltech.
Devido às altas velocidades com que se movem, estes pequenos objetos
podem causar danos sérios a naves tripuladas, satélites e outros objetos em
órbita. Por isso, diversas instituições de pesquisa e empresas da indústria seguem
investigando meios para mitigar o problema — e a tarefa não é fácil, já que
os milhões de detritos estão espalhados em grandes áreas. “Para pegar todos
eles, você tem que mapear primeiro; depois que os tem mapeados, fica mais
simples.”, comentou Élcio.
(Imagem: Reprodução/ESA)
Antes de capturá-los para removê-los da órbita, é preciso saber onde
estão. É aí que o BINGO entra, através de mapeamentos da posição deles. “Uma
vez que o mapeamento é estabelecido, ele não precisa parar”, explicou. “O que
nós podemos fazer é observar. A questão de recolher,
destruir ou seja lá o que for, já não é uma questão que nós possamos
decidir, porque é uma questão mais estratégica, que depende inclusive dos
elementos que existem para fazer isso.”
Próximas
Etapas Para o Projeto do Radiotelescópio
O radiotelescópio BINGO conta com duas estruturas parabólicas. A
primária recebe as ondas eletromagnéticas e as reflete para a segunda que, por
sua vez, as direciona para um painel com aproximadamente 50 cornetas. Estes
componentes enviam sinais para um transistor e, em seguida, as informações vão
a um receptor. Por fim, os dados associados aos sinais são analisados e
coletados por um computador.
No momento, a equipe do projeto está trabalhando nas cornetas em um
processo complexo, que depende também da indústria. “Já alcançamos um progresso
tecnológico na construção dos cornetas, uso dos filtros e da eletrônica, que
são ganhos também razoáveis”, contou, ao Canaltech. Já a equipe do projeto
principal está na etapa da construção, em que o terreno que abrigará o
radiotelescópio é preparado para receber um tapete de concreto.
(Imagem: Divulgação)
O BINGO é um projeto conduzido em parceria com outros países, como a
França, Itália, África do Sul e Inglaterra — mas
o principal deles, inclusive em termos financeiros, é a China, país que vem
construindo os componentes metálicos. Além disso, a expectativa é grande para o
retorno que o telescópio poderá oferecer. “Vamos ter muito retorno sobre isso —
não só o retorno científico, esse é básico e vai ser de grande monta”, disse o
professor. “Mesmo economicamente, estamos formando gente que já está indo
trabalhar na economia.
Resultado da colaboração multinacional, o BINGO é um observatório
ramificado também em território nacional: o centro do projeto fica na Paraíba,
mas a equipe pensa em ter outros observatórios espalhados pelo Brasil. “Há
vários lugares que estão sendo pré-contratados para que tenhamos uma visão maior
de todo o céu do hemisfério sul”, disse o professor. “Em princípio, esse BINGO
HR consegue ver metade do céu; então, se você colocá-lo em vários lugares
diferentes, pode ver maior parte do céu ao mesmo tempo”, concluiu.
Contudo, um dos grandes desafios para o avanço do projeto hoje é a
questão orçamentária. “Tivemos um apoio muito grande da Fapesp [Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] desde o início, e agora temos um
apoio muito grande do governo da Paraíba.” Foi há pouco tempo que a equipe
recebeu um apoio anterior vindo do Ministério de Ciência e Tecnologia, mas sem
suplementações. “Se não fosse este aporte grande do governo da Paraíba, não
teríamos o dinheiro para montar as fundações e a estrutura metálica que vai
reter o telescópio", ressaltou ele.
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