País Prioriza Ciência, Reestrutura Agência Espacial, Planeja Nova Base e Vai Lançar Foguetes em 2021
Olá leitor!
Trago agora uma interessante matéria publicada dia (21/03)
no site “meiobit.com” destacando que o
país prioriza Ciência, reestrutura agência espacial, planeja nova base e vai
lançar foguetes em 2021.
Duda Falcão
Ciência
País Prioriza Ciência, Reestrutura
Agência Espacial, Planeja Nova Base
e Vai Lançar Foguetes em 2021*
Por Carlos Cardoso
Meio Bit
21/03/2019 às 18:22
* Eu não disse qual país.
Mesmo que o brasileiro felizmente não tenha aquele ranço
de colonizado, e por mais que gostemos de nossos patrícios do outro lado da
poça, séculos de piadas (ironicamente importadas de lá mesmo) fazem que seja
difícil associar Portugal com alta tecnologia, mas o pequeno país ibérico já
foi a Wakanda de seu tempo, e quer voltar a ser.
As caravelas portuguesas dominaram os mares nos Séculos
XV e XVI, eram embarcações ágeis, versáteis, capazes de se defender sozinhas e
navegar em alto-mar ou em áreas bem rasas. Seu desenho era Segredo de Estado,
era crime capital, punido com morte revelar detalhes de sua construção.
Estrangeiros não podiam comprar caravelas, e durante
viagens ao exterior se um marinheiro português desse muitas informações ou
deixasse um estrangeiro vistoriar a embarcação... dedo no pescoço, que como até
o Drax sabe, significa morte.
Portugal já foi uma potência mundial, hoje é uma sombra
do império que foi, basicamente uma Inglaterra que gosta de bacalhau, mas os
Estados Unidos deles somos nós então um pouco de empatia, galera.
Mesmo assim eles investem o que podem em ciência e
tecnologia, e desde 2000 são membros da Agência Espacial Européia, e enquanto
o Brasil estava
dando calote e sendo expulso da Estação Espacial International e do telescópio
ESO, Portugal em 2016 aumentou sua
contribuição para a Agência Espacial Européia.
Esse desejo de não ficar para trás resultou na
iniciativa Portugal Espaço 2030,
onde o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e
a Fundação para a Ciência e a Tecnologia escreveram o mapa para a criação
e auto-suficiência de toda uma indústria espacial.
Hoje Portugal produz muitos cérebros, mas que acabam em
outros países, com o programa eles pretendem ter pelo menos 1000 novos empregos
especializados na área até 2030, e angariar investimentos corporativos na casa
dos €400 milhões.
Inicialmente foi
criada a Agência Espacial Portuguesa, ou Portugal Space. Já estão em fase
de escrita dos estatutos e toda a burocracia envolvida, mas já foram tomadas
duas decisões importantes: A primeira, que no Brasil daria urticária aos nacionalistas
xenófobos, é que o Diretor da agência será um estrangeiro com experiência no
setor.
A segunda é que a sede da Agência Espacial Portuguesa
será nos Açores, na Ilha de Santa Maria:
Com pouco menos de 100km2 e 15km em sua
maior extensão, a Ilha de Santa Maria é lar de 5500 pessoas, e embora não
esteja em uma latitude ideal, ficando a 1400km de Portugal tem espaço
suficiente para lançar foguetes sem que eles caiam na Espanha. E antes que
alguém sugira, não faz sentido lançarem do Brasil se a sede vai ficar por lá
mesmo, e mandar os burocratas e cientistas pra cá seria crueldade, eles ainda
lembram que isso aqui era terra de degredo em pior grau.
A Nova Base
O projeto prevê um aporte de verba de diversas fontes,
inclusive €320 milhões da Agência Espacial Européia, no período entre 2021
e 2027. Inicialmente Portugal vai colocar entre 500 mil e um milhão de Euros
para o pontapé inicial.
A idéia é construir na Ilha, além da sede da agência uma
base de lançamento de
micro-satélites, com toda a infraestrutura necessária, incluindo radares,
sistemas de comunicação, prédios para montagem de foguetes, tanques de
armazenamento de combustível, alojamentos, escritórios, salas de controle, plataformas
de lançamento e um botequim, afinal de contas nenhum português que se preza
trabalharia em um lugar onde não tivesse aonde no final do expediente tomar uma
cerveja comendo uma sardinha frita.
Base
de Lançamento da Rocket Lab, na Nova Zelândia. Não exatamente Cabo Canaveral, e nem precisa. |
A beleza dos micro-satélites é que a cada dia eles se tornam
mais capazes e poderosos, a eletrônica evolui sem cessar, hoje com um
equipamento muito pequeno podemos fazer muita coisa. Pense na quantidade de
sensores e câmeras em um celular comum, imagine isso no espaço.
A tecnologia de foguetes também evoluiu de forma
impressionante. O Electron, da Rocket Lab tem 17 metros de comprimento, pesa
12,5 toneladas e consegue colocar cargas de 225Kg em órbita. O VLS, aquela
porcaria que o Brasil nunca conseguiu construir sem explodir pesava 50 toneladas,
media 19,7 metros e sua carga máxima em órbita era de 380Kg.
Faz todo o sentido biológico Portugal investir na
construção de uma base para lançamento de micro-satélites, o mercado está
bombando, há literalmente dezenas de empresas construindo foguetes que podem se
beneficiar de uma base próxima da Europa, longe de regiões habitadas e com
clima bom.
Portugal vai ganhar muito dinheiro alugando
os serviços da base, seus cientistas e engenheiros irão ganhar conhecimento
inestimável e a Agência Espacial Européia pode no futuro pensar seriamente em
trazer para Santa Maria o lançamento de foguetes menores, como o Vega.
Claro, isso seria uma idéia excelente para o Brasil, mas quer
saber? NÃO VAI ACONTECER. Nossa mentalidade vira-lata nos torna pobres mas
orgulhosos, nossa "soberania" jamais aceitaria um estrangeiro
comandando uma agência espacial, sendo realista não aceitamos estrangeiros nem
como técnicos de futebol.
Se Neil Armstrong e Werner Von Braun se oferecessem pra
trabalhar de graça a gente botaria pra correr com cartazes YANKEE GO HOME.
Alugar plataformas de lançamento para gringos? Nem pensar também, só com a
assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os EUA já há histéricos
acusando o Governo de se vender aos Americanos, acabar com nosso programa
espacial e -sério, eu vi- dar aos EUA uma base de onde irão atacar a Venezuela.
Eu já expliquei
em detalhes neste texto aqui que ninguém grande vai investir em
Alcântara, não há incentivo ou justificativa pra uma SpaceX vir pra cá. A
solução seria achar investidores para construir uma estrutura de
micro-satélites ou lançadores médios, Israel é um excelente candidato, já que
eles precisam lançar em órbita retrógrada, o que consome muito combustível,
vindo pra cá seus foguetes como por mágica ficaria 60% mais eficientes.
Vai acontecer? De novo, duvido. A única certeza é que
todas as nossas piadas do foguete português agora tem prazo de validade, depois
de 2021 elas perderão a graça e a piada seremos -ok, continuará sendo- nós
mesmos.
Fonte: Site Meio Bit - http://meiobit.com
Comentário: Você pensou que era o Brasil que a matéria se
referia? Pois é, não é não amigo leitor, é Portugal. Incrível não? Pois é, mas isso
é fruto da iniciativa de um pais que tomou a decisão politica de olhar para o futuro
de seu povo, e apesar dos poucos recursos de sua sociedade, vem lutando como
pode e com seriedade para realizar seus objetivos no espaço. Convido você leitor a acompanhar as atividades
do Programa Espacial Português através do site de sua Agencia pelo link: https://www.ptspace.pt. Enquanto isso, temos
no Brasil uma Agencia Espacial que nunca funcionou direito, agora sob a gestão do
Sr. Carlos Moura, este subordinado as decisões
do Ministério C&T dirigido pelo nosso Ministro-Astronauta Marcos Pontes. A expectativa
de toda Comunidade Espacial do país é e continua sendo que a partir de agora
esse órgão venha realmente cumprir sua função como jamais o fez, e para tanto o
resgate de sua importância politica dentro da maquina governamental seria de suma
importância, coisa que em nossa opinião só seria alcançado caso as atividades espaciais
brasileiras fossem realmente alçadas ao nível de Programa de Estado, e a AEB transferida
para ficar diretamente subordinada a Presidência da Republica, como alias foi
sugerido pela Comunidade Espacial em carta entregue (naquela época) ao futuro
ministro Marcos Pontes durante a realização do “I Congresso Aeroespacial
Brasileiro (I CAB)”, realizado que foi em Foz do Iguaçu no final do ano
passado. Entretanto leitor, as sugestões da Comunidade Espacial nesta carta
histórica que deveria ser seguida a risca pelo governo, pois são esses
profissionais que realmente conhecem o setor e não políticos burocratas,
parecem até o momento não estarem sendo levadas em conta e, com isso, a boa expectativa
de parte da Comunidade começa a diminuir, afinal erros continuam sendo cometidos
e a importância politica da AEB que já era uma tremenda piada (vale dizer diferentemente
do que vem ocorrendo com a Agencia Portuguesa continuamente fortalecida pelo
seu governo, parabéns ao povo português), parece seguir um caminho de desmonte em médio e longo prazo,
quando na verdade deveria estar sendo fortalecida, a começar pela sua mudança de
casa e o reconhecimento do PEB como Programa de Estado. Que Deus nos ajude
leitor, pois como eu disse durante a campanha eleitoral do ano passado, o
Brasil não pode errar mais no setor espacial, e infelizmente é o que parece está acontecendo. Vou torcer para está errado. Sarava meu pai. Aproveitamos para agradecer ao leitor Rui Botelho pelo envio dessa notícia.
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