Por Que Alcântara é Um Lugar Estratégico Para Lançar Foguetes e Satélites
Olá leitor!
Segue abaixo mais uma matéria postada ontem (19/03) no
site da “Revista Superinteressante” tendo como destaque o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST)
assinado recentemente com os EUA.
Duda Falcão
Ciência
Por Que Alcântara é Um Lugar Estratégico
Para Lançar
Foguetes e Satélites
Em visita a Washington, o presidente Jair Bolsonaro
aprovou acordo
que empresta a base nacional para o governo americano.
Por Guilherme Eler
Publicado em 19 mar 2019, 20h21
(Força Aérea Brasileira/Wikimedia Commons)
O Brasil acertou com os Estados Unidos a liberação do uso
comercial da base militar de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de
satélites e foguetes. A decisão, que foi acertada na visita do presidente Jair
Bolsonaro a Washington, ainda precisa ser aprovada pelo Congresso e pode encerrar
um processo de negociação iniciado há quase 20 anos.
A primeira versão de um “acordo de salvaguardas
tecnológicas”, nome do documento que permite a entrada de pesquisadores
estrangeiros na base brasileira, chegou a ser assinada
com os EUA no começo dos anos 2000. A ideia, porém, foi rejeitada pelo
congresso à época por conter pontos considerados controversos. O principal
deles era a criação de uma área cedida aos pesquisadores americanos com total
sigilo, onde brasileiros não poderiam entrar – algo visto como prejudicial
à soberania nacional.
O novo tratado limita o uso estrangeiro da base “para
fins pacíficos” e estabelece que o Brasil não
poderá ter acesso a equipamentos com tecnologia americana. Segundo o
acordo, o dinheiro recebido pelo Brasil poderá ser usado para financiar o
desenvolvimento do programa espacial nacional.
O valor do pagamento recebido pelo aluguel ainda não foi
revelado. Segundo
o Ministério da Defesa, alugar a base para lançamentos de satélites pode
resultar em ganhos de R$ 37 milhões. Em setembro de 2018, a FAB (Força
Aérea Brasileira) estimou que seria possível arrecadar até R$
140 milhões por ano com concessões do tipo. Espera-se que outros
países se juntem aos EUA e formem parcerias como essa com o Brasil no futuro.
Segundo a Administração Federal da Aviação dos
Estados Unidos (FAA), o mercado espacial de satélites e foguetes movimenta
mais de R$ 3 bilhões ao ano. Estima-se que 80% dos
artefatos espaciais possuem algum componente produzido em solo americano.
Ou seja, sem o acordo, o Brasil deixava de explorar uma parcela importante
do setor.
Em seu perfil do Twitter, Bolsonaro declarou que o País
estava “perdendo dinheiro” ao não aproveitar a oportunidade.
O Ministro do Ciência e Tecnologia, @Astro_Pontes , destacou que o ato respeita a soberania do Brasil, já que a base fica no Maranhão, e que o governo brasileiro buscará firmar acordos com outros países, permitindo lançar outros foguetes e outras espaçonaves de outros países.— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 18 de março de 2019
Já o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes,
defendeu que o novo acordo não implica riscos à soberania nacional. Em
entrevista, comparou o modelo de exploração com o funcionamento
de um hotel.
“Imagina que você trouxe alguma tecnologia para dentro do
seu quarto que, logicamente, você controla. Você tem a chave do quarto, mas eu,
como dono do hotel, posso entrar a hora que precisar. É algo mais ou menos
nesse estilo”, explicou,
em comentário sobre os detalhes da relação com os cientistas americanos.
O foco de Alcântara atualmente está em pequenos foguetes
nacionais, chamados
de veículos de sondagem. Entre eles, estão os modelos da família Sonda
(Sonda II, III e IV). Entram na conta, também, os suborbitais VS-30, VSB-30,
VS-40 e o veículo lançador de satélites (VLS).
Foi durante o primeiro lançamento do VLS brasileiro, em
2003, que aconteceu a maior tragédia do programa espacial nacional, quando 21
técnicos e cientistas brasileiros morreram em um incêndio. Desde então, houve
tentativas de aproximação do Brasil com o governo da Ucrânia para o lançamento
de satélites – mas as conversas finalizaram sem acordo em 2015.
Geografia Favorável
A posição geográfica do Centro de Lançamento de Alcântara
faz dele uma das bases mais estrategicamente privilegiadas do mundo. E essa
vantagem se reflete no aspecto financeiro. Mandar algo para o espaço a partir
de Alcântara pode significar uma economia de combustível de até 30%.
A explicação para isso é relativamente simples: a
velocidade de rotação da Terra é maior nas áreas próximas ao Equador do que no
restante do planeta, o que serve para dar um impulso extra ao satélite ou
foguete que será lançado. E a base de Alcântara, distante 32 km de São Luís,
capital maranhense, está numa latitude ao 2º18′
ao sul da linha imaginária que divide o planeta ao meio. Bem mais
próximo do que São Paulo, por exemplo, cuja latitude é 23º5′ sul.
A velocidade que satélites e foguetes têm que atingir
para conseguir escapar da atmosfera e chegar ao espaço é de 40
mil km/h. Um satélite que é lançado da base brasileira, onde a rotação da
Terra é de 1.668 km/h, tem um impulso maior do que teria se saísse de São
Paulo, que gira a uma velocidade
de 1.535 km/h.
“São apenas 133 km/h”, você, leitor, deve estar pensando.
Mas essa diferença singela, a longo prazo, pode representar uma vantagem
considerável. Poupando mais combustível, satélites podem ter mais peso – ou
levar mais equipamentos, por exemplo.
Além da proximidade com o Equador, Alcântara é
privilegiada também por características únicas do nordeste brasileiro, como
regime climático e de chuvas bem definido.
Outro fator favorável é a estabilidade geológica da
região. Comparada a outras regiões de latitude baixa do planeta, como a área
central do continente africano e ilhas do oceano pacífico, o nordeste não sofre
com problemas como vulcanismo e tremores de terra. Você pode ver um mapa
com a localização de todos as bases para lançamentos de satélites do
mundo neste
link.
Fonte: Revista da Superinteressante -
https://super.abril.com.br/
Comentário: A matéria contem erros, mais vale pelo registro, já que o PEB tem muito pouco espaço na mídia.
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