Como Pesquisadores Brasileiros Descobriram Quase Por Acaso Três Novos Aglomerados de Estrelas
Olá leitor!
Tão logo as imagens em alta definição capturadas pelo satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, foram divulgadas publicamente no ano passado, o físico mineiro Filipe Andrade Ferreira, de 27 anos, baixou os arquivos e começou a usar uma técnica elaborada por ele para identificar objetos em ambientes muito densos do espaço.
Segue abaixo uma notícia postada dia (15/03) no site “G1”
do globo.com, descrevendo como pesquisadores brasileiros da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriram quase por acaso três novos Aglomerados de Estrelas.
Duda Falcão
CIÊNCIA E SAÚDE
Como Pesquisadores Brasileiros Descobriram
Quase Por Acaso Três Novos
Aglomerados de Estrelas
Cientistas da UFMG são os primeiros brasileiros a
descobrirem aglomerados
de estrelas a partir de imagens capturadas pelo
satélite Gaia, lançado em 2013
pela Agência Espacial Europeia e que criou um
mapa em 3D da Via Láctea.
Por BBC News
15/03/2019 - 16h28
Atualizado há um dia
Foto: Mike Read (WFAU), UKIDSS/GPS and VVV
Pesquisadores do departamento de Física da UFMG
identificaram três novos aglomerados de estrelas em
movimento na Via Láctea e
os batizaram em
homenagem à universidade.
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Tão logo as imagens em alta definição capturadas pelo satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, foram divulgadas publicamente no ano passado, o físico mineiro Filipe Andrade Ferreira, de 27 anos, baixou os arquivos e começou a usar uma técnica elaborada por ele para identificar objetos em ambientes muito densos do espaço.
Para a surpresa de Ferreira, que é doutorando em
astrofísica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a ferramenta não
apenas funcionou como lhe permitiu um feito inédito: descobriu três novos
aglomerados - clusters - de estrelas em movimento na Via Láctea.
Segundo o cientista, é a primeira vez que pesquisadores
brasileiros descobrem aglomerados a partir das imagens do Gaia, lançado em 2013
e que, desde o ano passado, permite acessar imagens em 3D da galáxia da qual o
sistema solar faz parte.
Ferreira conta que a descoberta foi quase por acaso.
"Estava em casa numa tarde mexendo nos dados, não estava procurando
aglomerados. Primeiro vi dois montinhos desconhecidos, o terceiro descobri
depois. Fiquei empolgado, mas logo pensei que não podia ser possível. Perguntei:
será mesmo que ninguém mais achou esses caras?", recorda o pesquisador
que, depois de consultar bases de dados, mandou uma mensagem para o telefone do
orientador. "Acho que descobri uns carinhas novos", escreveu.
Assim que recebeu a mensagem do aluno, o professor Wagner
Corradi mobilizou a equipe do laboratório de astrofísica da UFMG para conferir
se "os carinhas" eram mesmo novos aglomerados até então não
identificados.
Além de Ferreira, que tem se dedicado a explorar áreas
densas do Universo, e Corradi, que estuda onde nascem as estrelas, o
laboratório conta com pesquisadores como Mateus Angelo e Francisco Maia, que
estudam as estrelas mais jovens e as muito velhas, respectivamente - os quatro
assinam a publicação junto com o também professor da UFMG João Francisco
Santos.
Confirmada a descoberta, os pesquisadores correram para
dar nome aos três aglomerados e para publicar os resultados do estudo.
Foto: Cortesia/Wagner Corradi
Os aglomerados foram batizados em homenagem à universidade
e os cinco pesquisadores da UFMG assinaram um artigo na edição de março da
conceituada revista científica inglesa Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society.
"É uma descoberta importante porque foi de uma
equipe de brasileiros totalmente radicados no Brasil, e mostra como
investimento em pesquisa é fundamental", afirma Corradi, acrescentando que
achados como o desses três aglomerados ajudam a entender melhor a evolução das
galáxias bem como de onde viemos.
Centenas de Estrelas
Corradi diz que a descoberta não foi meramente golpe de
sorte. Salienta que o laboratório, a partir dos estudos de Filipe, criou uma
metodologia que permite avaliar deslocamento de objetos e medir distâncias
percorridas em zonas densas do Universo.
Além disso, afirma o professor, o aluno tem o mérito de
ter "mergulhado" numa área considerada mais jovem para os parâmetros
estelares, que normalmente é mais difícil de ser analisada.
Cada um dos aglomerados identificados pelos pesquisadores
brasileiros reúne mais de 200 estrelas ligadas por meio da gravidade.
O UFMG 1 tem cerca de 800 milhões de anos e está a 5,2
mil anos luz do Sol. Já o UFMG 2, o maior e mais velho dos aglomerados, existe
há aproximadamente 1,4 bilhão de anos, tem 600 estrelas e está a uma distância
de 4,8 mil anos luz. O UFMG 3, por sua vez, tem idade estimada em 100 milhões
de anos e está a uma distância do Sol similar a do UFMG 2.
Um aglomerado é formado por estrelas que nasceram
simultaneamente na mesma região, têm características físicas semelhantes e se movimentam
de forma muito parecida.
Com o tempo, estrelas de aglomerados tendem a perder a
conexão.
Foto: Cortesia/Wagner Corradi
Pesquisadores do departamento de Física da UFMG
identificaram três novos aglomerados de estrelas em
movimento na Via Láctea e
os batizaram em
homenagem à universidade.
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Próximos Passos
Depois da descoberta, os pesquisadores da UFMG pretendem
explorar duas novas frentes.
Além de buscar mais detalhes desses três aglomerados,
eles pretendem aplicar o método para procurar e catalogar novos grupos de
estrelas que permanecem escondidos e sem identificação.
"Temos 40 possíveis candidatos", diz o
professor Wagner Corradi, salientando a importância do trabalho do satélite Gaia
para a astrofísica.
O satélite Gaia foi lançado com a missão de fazer uma
espécie de "censo estelar" da Via Láctea. Durante cinco anos, coletou
dados que estão sendo considerados como o mais completo catálago de estrelas já
feito, segundo a Agência Espacial Europeia.
Trata-se do maior mapa em três dimensões da nossa galáxia
feito a partir de informações recebidas por um satélite que já está provando
ser revelador.
Segundo Corradi, apesar de pesquisadores de todo o mundo
estarem debruçados sobre as imagens coletadas pelo Gaia, estima-se que apenas
1% das estrelas registradas serão medidas.
O equipamento mediu com alta precisão cerca de 1,7 bilhão
de estrelas e revelou, de acordo com a ESA e, conforme indica a descoberta dos
pesquisadores braisleiros, coletou detalhes da nossa galáxia nunca antes
vistos.
Além de permitir novas descobertas de objetos no espaço,
a astronomia, afirma o professor da UFMG, tem contribuído para avanços em
outras áreas.
Por exemplo, câmeras de altíssima resolução com grande
capacidade de processamento, desenvolvidas para a astronomia, foram usadas como
base tecnológica para criar câmeras de celular de que hoje milhões de pessoas
usufruem.
"Sabemos das dificuldades de financiamento, mas para
avançar é preciso investir. Não teremos condições de evoluir na pesquisa sem
apoio. O esforço da equipe que se dedicou ao Gaia é prova disso", avalia
Wagner Corradi.
Fonte: Site “G1” do globo.com - 15/03/2019
Comentário: Pois é, mais uma vitória da Comunidade Astronômica
Brasileira e o Blog BRAZILIAN SPACE parabeniza os pesquisadores da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) por esta conquista.
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