De Post no Facebook a Reunião em Bar: Os Bastidores da Nave Israelense Rumo à Lua
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo postado ontem (12/03)
no site “UOL Notícias”, tendo como destaque a inspiradora história da criação da
startup israelense ‘SpaceIL’, a mesma que enviou recentemente uma espaçonave a
Lua.
Duda Falcão
ASTRONOMIA
De Post no Facebook a Reunião em Bar: Os
Bastidores da Nave Israelense Rumo à Lua
Tudo começou em 2010 com um post do Facebook. "Quem
quer ir à Lua?",
escreveu o engenheiro de computação Yariv Bash
Por Kenneth Chang
The New York Times
12/03/2019 - 04h00
Imagem: Terry Renna/AP
Foguete SpaceX Falcon 9 decola com o Lunar Lander
de
Israel e um satélite de comunicações indonésio.
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Dois amigos, Kfir Damari e Yonatan Winetraub,
responderam, e os três se reuniram em um bar em Holon, cidade israelense ao sul
de Tel Aviv. Aos 30 anos, Bash era o mais velho.
"Conforme o nível de álcool em nosso sangue aumentava,
fomos ficando mais determinados", lembrou-se Winetraub.
Eles formaram uma organização sem fins lucrativos, a
SpaceIL, para realizar a tarefa. Mais de oito anos depois, o produto de seus
sonhos, uma pequena espaçonave chamada Beresheet, foi lançada no início de
março em um foguete Falcon 9, da SpaceX, na Estação da Força Aérea no Cabo
Canaveral, na Flórida.
Se a missão for bem-sucedida, será a primeira vez que uma
empresa privada chega à Lua. Também será motivo de orgulho para Israel. Até
agora, apenas as agências espaciais governamentais de três superpotências - os
Estados Unidos, a antiga União Soviética e a China - realizaram pousos na
superfície lunar.
O objetivo original era participar da competição Google
Lunar X Prize, que estava oferecendo um prêmio de US$ 20 milhões para o
primeiro empreendimento com financiamento privado que pousasse uma nave
espacial robótica na Lua. Os fundadores inicialmente imaginaram algo pequeno,
que pesaria apenas uns cinco quilos, custaria apenas US$ 10 milhões e faria a
viagem até o fim de 2012.
O desafio acabou sendo muito mais difícil e muito mais
caro.
"Não imaginamos, acho, quanto tempo levaria",
disse Damari.
Depois de vários adiamentos, o prazo do Google Lunar X
Prize, no ano passado, não teve um vencedor. Mesmo sem o prêmio de US$ 20
milhões, a SpaceIL persistiu. Ao contrário de muitas das outras equipes
concorrentes que queriam construir negócios rentáveis, a SpaceIL tinha se
imposto uma missão: inspirar os estudantes em Israel a se interessar por
ciência e engenharia.
"Essa é nossa visão maior", disse Damari. A
SpaceIL construiria a primeira espaçonave israelense a viajar para longe da
Terra, mas para os estudantes de hoje. "É trabalho deles construir a
próxima", afirmou.
Como parte da abordagem parcimoniosa da SpaceIL, a
Beresheet, que significa Gênesis ou "no início" em hebraico, foi
posta a bordo do foguete SpaceX com um satélite de comunicações indonésio e um
pequeno satélite experimental da Força Aérea dos EUA.
A Beresheet não vai fazer o caminho mais rápido e direto
para a Lua. Isso exigiria um motor grande e muito combustível para sair da
órbita da Terra, e depois outro motor, para desacelerar na Lua. Em vez disso, a
espaçonave vai ajustar lentamente sua órbita, atingindo o ponto mais externo
até que a gravidade da Lua a puxe para sua órbita.
Essa é uma viagem longa e sinuosa de quase sete milhões
de quilômetros para chegar a um destino que fica a 400 mil quilômetros de
distância.
Em abril, a espaçonave vai pousar em uma planície de lava
chamada Mare Serenitatis, ou Mar da Serenidade. Um instrumento construído pelo
Instituto de Ciências Weizmann vai medir os campos magnéticos da Lua à medida
que for se aproximando, e esses dados podem ajudar a dar uma ideia do núcleo de
ferro lunar.
A Beresheet também está carregando um backup do
conhecimento da humanidade na forma de um disco fornecido pela Fundação Arch
Mission, contendo 30 milhões de páginas de informação, bem como uma cápsula do tempo
com símbolos culturais israelenses e uma Bíblia.
Após alguns dias do pouso, espera-se que a Beresheet
pereça no calor do meio-dia lunar. Então, sua missão termina.
O preço para construir e lançar a Beresheet acabou
ficando em US$ 100 milhões, não US$ 10 milhões, e o peso final da nave chegou a
quase 590 quilos, incluindo o combustível. Os fundadores da SpaceIL afirmam que
isso ainda é muito mais barato e menor do que o que uma agência espacial como a
NASA construiria.
"É bem melhor de muitas maneiras", disse Opher
Doron, gerente-geral da divisão espacial da Israel Aerospace Industries, que se
juntou ao SpaceIL. "Isso também coloca muita pressão e responsabilidade na
equipe do projeto."
Os Estados Unidos e a ex-União Soviética começaram
a enviar as naves robóticas à Lua a partir de 1966, parte da corrida espacial que
culminou com os astronautas da Apollo 11 pisando na superfície lunar em 1969.
Em 2013, a China se tornou a terceira nação a enviar uma nave espacial à Lua e,
este ano, foi a primeira a pousar outro dispositivo no lado escuro do satélite
natural.
Em novembro de 2010, os fundadores da SpaceIL se
apressaram para chegar à linha de partida. A competição do Google tinha sido
anunciada três anos antes. Cerca de 30 equipes já haviam entrado e o prazo para
inscrição era até o fim do ano. De amigos e familiares, Bash, Damari e
Winetraub conseguiram a taxa de inscrição de US$ 50 mil, e em 31 de dezembro
enviaram o dinheiro e a papelada duas horas antes do fim do prazo.
Desde o início, venderam sua ideia a filantropos, não a
capitalistas de risco.
"É uma história bem diferente da de uma empresa
comercial tentando explicar como vai devolver o dinheiro dos investidores. Foi
uma das melhores decisões que tomamos no início", disse Bash.
Uma das pessoas que ouviram sua apresentação foi Morris
Kahn, bilionário israelense de telecomunicações. "Dei a eles US$ 100 mil,
sem perguntas, e lhes disse: 'Comecem'", contou Kahn.
Ele disse no início que só queria ajudar. "No fim,
não só fui fisgado, mas também quis que isso acontecesse. Fiquei entusiasmado
com o projeto."
Kahn se tornou o presidente da SpaceIL e recrutou outros
investidores, incluindo Sheldon Adelson, bilionário de cassinos de Las Vegas e
principal doador do Partido Republicano nos Estados Unidos.
Como uma organização sem fins lucrativos, a SpaceIL
também contou com a energia de voluntários.
"Se você estivesse interessado
no espaço e quisesse fazer algo além do seu trabalho normal, poderia se
voluntariar e doar um pouco de seu tempo", disse Winetraub.
Quando o desenvolvimento propriamente dito começou, Kahn
trouxe Eran Privman, que havia sido executivo de suas empresas, para
administrar a organização.
Mas, conforme o prazo de 2018 do Lunar X Prize ia se
aproximando, a missão parecia estar condenada. A SpaceIL ainda precisava de
mais US$ 30 milhões. No fim de 2017, Kahn renunciou. A tentativa de
levantamento de fundos feita por Privman no encerramento daquele ano não deu em
nada.
Alguns meses mais tarde, Kahn retornou, substituindo
Privman por Ido Anteby, gerente de longa data da Comissão de Energia Atômica de
Israel, para acompanhar a construção final e os testes da Beresheet.
Kahn concordou em fornecer o dinheiro restante necessário.
E agora a SpaceIL chegará a seu fim em alguns meses.
"No dia seguinte, todos nós precisaremos procurar um emprego", disse
Eran Shmidt, gerente da SpaceIL.
Winetraub brincou: "Esse é um dado importante em
nosso currículo. Se for bem-sucedido, então você será demitido."
No entanto, o interesse comercial na Lua renasceu na
administração Trump. Em novembro, a NASA anunciou a seleção de nove empresas,
incluindo vários concorrentes do Lunar X Prize, que vão competir por contratos
para levar pequenas cargas à Lua. A Agência Espacial Europeia está considerando
um programa semelhante.
A Indústria Aeroespacial Israelense assinou um acordo com
a OHB System, fabricante alemã de satélites, para disputar a vaga europeia, e
Doron disse que a empresa estava discutindo a colaboração com algumas das companhias
selecionadas pela NASA.
Os fundadores da SpaceIL prosseguiram. Winetraub é agora
aluno de pós-graduação em Stanford, fazendo doutorado em pesquisa do câncer.
Bash é executivo-chefe da Flytrex, empresa que desenvolve drones para entregas.
Damari é diretor de produto e estratégia da Tabookey, startup de
cibersegurança.
Quando começaram a SpaceIL no bar, eram todos solteiros.
"Nossa vida era muito diferente naquela época", disse Damari.
Na quinta-feira, ele estava na Flórida com sua esposa e
dois filhos para assistir ao lançamento. "Nunca imaginei meu filho com
cinco cinco anos, uma idade da qual ele
sempre vai se lembrar", disse Damari.
Fonte: Site do UOL Notícias - https://noticias.uol.com.br
Comentário: Pois é
leitor, está é uma inspiradora história para nossos jovens que pretendem trabalhar
no setor espacial. Leiam com atenção galerinha. Aproveito para agradecer ao nosso leitor Bernardino Silva pelo envio desse inspirador artigo.
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