Estudo de Pesquisadores Brasileiros Indica Potencial de Vida em Outros Planetas da Via Láctea
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada hoje (18/03) no site da
Agência FAPESP, destacando que Estudo de pesquisadores brasileiros indica
potencial de vida em outros planetas da Via Láctea.
Duda Falcão
Notícias
Estudo Indica Potencial de Vida
em Outros Planetas da Via
Láctea
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
18 de março de 2019
(Imagem: R. Hurt / NASA)
Pesquisadores encontraram indícios da existência de
exoplanetas rochosos com alta probabilidade de
apresentarem tectonismo, o que
aumenta a
chance de também serem habitáveis
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Uma das condições que permitiram o surgimento e a
manutenção da vida na Terra é o fato de o planeta ser geologicamente ativo, com
terremotos e vulcões.
A atividade vulcânica, gerada pela movimentação das
placas tectônicas sobre o manto terrestre (tectonismo) possibilita reciclar
gases, como o dióxido de carbono, através do manto, da crosta, da atmosfera e
dos oceanos. Dessa forma, contribui para tornar a Terra habitável ao manter a
temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres
vivos, explicam os cientistas.
Um estudo feito por pesquisadores do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) sugere a existência de outros planetas rochosos
na galáxia em que se encontra a Terra – a Via Láctea – com altas probabilidades
de apresentarem tectonismo, o que aumenta a chance de também serem habitáveis.
Os resultados do trabalho, apoiado pela FAPESP, foram publicados no Monthly
Notices of Royal Astronomical Society (MNRAS). O estudo tem a
participação de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e de outras universidades e
instituições de pesquisa no Brasil e no exterior.
“Verificamos que há condições geológicas favoráveis para
o surgimento e a manutenção da vida em exoplanetas rochosos, e que ela [a vida]
pode estar espalhada por todo o disco da galáxia e ter se originado em qualquer
época da evolução da Via Láctea”, disse Jorge Luis
Melendez Moreno, professor do IAG-USP e um dos autores do estudo,
à Agência FAPESP.
Os pesquisadores determinaram os parâmetros superficiais,
as massas e as idades de 53 gêmeas solares, situadas em diferentes pontos da
Via Láctea. Além disso, analisaram a composição química dessas estrelas gêmeas
solares – chamadas assim por terem temperatura, gravidade e composição química
superficiais parecidas com as do Sol –, a fim de avaliar a possibilidade de
existência de outros planetas rochosos em torno delas.
As análises foram feitas por meio de um espectrógrafo
chamado HARPS, instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório de La
Silla, do European Southern Observatory (ESO), no Chile. O equipamento registra
o espectro eletromagnético de “cores” dos corpos celestes, dos comprimentos de
onda mais curtos (ultravioleta) aos mais longos (infravermelho).
As análises indicaram que as estrelas apresentam grande
abundância de tório – elemento radioativo com isótopos instáveis que, ao se
romper, em razão da instabilidade atômica, se divide em isótopos menores que
emitem energia, processo conhecido como decaimento radioativo.
A energia liberada pelo decaimento de isótopos instáveis,
tanto de tório como de outros elementos radioativos, como urânio e potássio, dá
origem à movimentação de magma (convecção do manto) e à atividade tectônica da
Terra. Parte do calor interno do planeta é resquício do calor primordial da
formação da Terra, mas pelo menos a metade da energia é devida ao decaimento
radioativo.
Dessa forma, as concentrações iniciais desses elementos
radioativos em um planeta rochoso contribuem de modo indireto para a habitabilidade
em sua superfície, especialmente devido ao longo tempo de decaimento, em
escalas de bilhões de anos, explicam os pesquisadores.
“As concentrações de tório nas estrelas gêmeas indicam
que há uma grande quantidade de energia disponível pelo decaimento desse
elemento radioativo para manter a convecção do manto e o tectonismo em
potenciais planetas rochosos que possam existir em torno de gêmeas solares”,
afirmou Rafael Botelho, doutorando em Astrofísica no Inpe e primeiro autor do
estudo.
A abundância inicial de tório nas gêmeas solares foi
comparada com as de ferro, silício – um indicador da espessura e massa do manto
convectivo em planetas rochosos – e mais dois elementos pesados: o neodímio e o
európio. As medidas indicaram que a razão tório-silício em gêmeas do Sol
aumenta com o tempo, e que foi maior ou, no mínimo, igual ao valor solar desde
a formação do disco da galáxia da Terra.
“Há indícios de que o tório também é abundante em gêmeas
solares velhas. Isso significa que o disco da Via Láctea pode estar repleto de
vida”, disse André Milone, pesquisador do Inpe e orientador da pesquisa de
Botelho.
O artigo Thorium in solar twins: implications for
habitability in rocky planets, de R. B. Botelho, A. de C. Milone, J.
Melendez, M. Bedell, L. Spina, M. Asplund, L. dos Santos, J. L. Bean, I.
Ramirez, D. Yong, S. Dreizler, A. Alves-Brito e J. Yana Galarza, pode ser lido
em academic.oup.com/mnras/article-abstract/482/2/1690/5134163?redirectedFrom=fulltext.
Fonte: Site da Agência FAPESP - http://agencia.fapesp.br
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