'Ocupação' de Alcântara Marcaria Início do Fim da Soberania Brasileira?
Olá leitor!
Segue abaixo uma mais uma matéria publicada ontem (19/03)
no site do Sputnik News Brasil tendo como destaque o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas
(AST). Nesta matéria dois profissionais do setor dão sua opinião sobre essa
iniciativa do Governo Bolsonaro. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
BRASIL
'Ocupação' de Alcântara Marcaria Início
do Fim da Soberania
Brasileira?
Sputnik News Brasil
19/03/2019 – 18:59
Atualizado 19/03/2019
– 19:30
Foto: © AFP 2018/ EVARISTO SA
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está desde o
último domingo em visita aos Estados Unidos, com o objetivo de aprofundar os
laços bilaterais. Entre as metas mais concretas de sua viagem está o
estabelecimento de um acordo para que os americanos utilizem a base brasileira
de Alcântara, no Maranhão, medida que tem gerado notória polêmica.
Desde que desembarcou em Washington, Bolsonaro repetiu
inúmeras vezes a forte admiração que sente pelos EUA e seu povo, algo que fazia
questão de ressaltar desde o período de campanha eleitoral. Movido por uma
agenda de alinhamento automático ao chamado hegemon, adotou o discurso
norte-americano em relação à Venezuela, acabou com a necessidade de vistos para
turistas dos Estados Unidos no Brasil, prometeu facilitar o ambiente de
negócios para empresários do norte e fechou uma parceria que permitirá a
empresas americanas realizar lançamentos ao espaço a partir do território
brasileiro. Mas o que o Brasil ganhará de efetivo com isso?
De acordo com o engenheiro aeroespacial Oswaldo Loureda,
professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), o
acordo referente ao uso da base de Alcântara representa um compromisso
brasileiro de preservação e proteção de segredos e tecnologias norte-americanas
que possam vir a entrar em território nacional, tanto na forma de satélites
como de foguetes e plataformas, que sejam construídos integralmente por
empresas norte-americanas ou que contenham partes ou subsistemas fabricados nos
Estados Unidos. Ou seja, o documento dá aos EUA o direito de usar
as instalações brasileiras sem que haja transferência de tecnologias para
o Brasil.
"A menos que seja feito um outro acordo, é isso que
o tratado prevê. Uma proteção. Que é algo natural, que é feito entre todos os
países. Todos os países que possuem bases de lançamento operacionais no mundo,
hoje, comerciais, assinam esse tipo de acordo, esse tipo de protocolo",
disse o especialista em entrevista à Sputnik Brasil.
Do ponto de vista brasileiro, Loureda explica que o país
ganha ao expandir a possibilidade de uso da sua base, que estava limitado ao
lançamento de artefatos brasileiros. Com o novo compromisso, o Brasil viabiliza
negócios com várias nações, uma vez que "90% da tecnologia espacial"
teria algum componente de fabricação norte-americana, segundo ele.
"Em geral, o acordo firmado com os Estados
Unidos, digamos assim, traz uma liberdade muito maior para a gente negociar com
outros países, que fariam, de certa forma, exigências similares."
Para Loureda, ao contrário da primeira tentativa de
acordo realizada no passado, o atual documento apresenta características
técnicas mais elaboradas, com menos lacunas que poderiam ser interpretadas como
algo de interesse político ou como "riscos" à soberania, opinião
rebatida pelo cientista político Antonio Marcelo Jackson, professor do
Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro
Preto.
Segundo Jackson, assim como foi na época do presidente
Fernando Henrique Cardoso, a "cessão" de um domínio estratégico, como
é a base de Alcântara, para uma potência estrangeira segue sendo um problema
muito sério para a política brasileira. Ele acredita que, da mesma forma que
ocorreu no passado, a tendência seria o Congresso Nacional vetar essa parceria
com os EUA, que, mesmo com alguns ajustes, continua representando uma ameaça à
soberania brasileira.
"O que esse acordo estaria dizendo é o seguinte: nós
estamos abrindo mão da única coisa que temos. Isso é absurdo", disse ele
em declarações à Sputnik. "É inacreditável o que tentou fazer Fernando
Henrique e o que está tentando fazer Jair Bolsonaro", acrescentou. "É
prejudicial porque envolve uma coisa muito séria. Disse e repito: uma parte do
domínio espacial envolve ter uma boa localização para lançamento de foguete, e
nós temos. Nós não vamos abrir mão então da única coisa que temos. Isso é
incompreensível."
Fonte: Site Sputniknews Brasil - http://br.sputniknews.com/
Comentário: Pois é leitor, assino embaixo do que disse o Eng. Oswaldo Loureda, mas repito, como não tive acesso ao texto deste novo acordo, prefiro assim esperar para fazer uma analise embasada, ou seja, não adianta colocar a carroça na frente dos bois. Porém apesar disto, não há como negar a necessidade de se realizar este acordo, hoje ou amanhã, ou então desistir de vez de fazer parte deste mercado de lançamentos de cargas uteis comerciais. Sem este AST não há como participar deste mercado, entretanto o mesmo não precisa ser exatamente um acordo CANDIRU, a Europa, o Japão, a Rússia, a India que o digam.
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