Maranhão, Centro Espacial do Mundo

Olá leitor!

Um artigo/opinião foi escrito pelo ex-presidente José Sarney e publicado em sua coluna na edição dos dias (23 e 24/03) do jornal “O Estado do Maranhão” de São Luís, tendo como destaque a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os EUA.

Duda Falcão

COLUNA DO SARNEY

Maranhão, Centro Espacial do Mundo

Por José Sarney
O Estado do Maranhão
23 e 24/03/2019

A viagem do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos consolidou o nosso sonho de ver Alcântara como um dos grandes centros espaciais do mundo.

Quando, em 1980, iniciaram-se os estudos para a Missão Espacial Completa Brasileira, criada em 1979, eles incluíam a localização de nova base de lançamentos de foguetes, satélites e monitoramento de naves espaciais. Era ministro da Aeronáutica Délio Jardim de Matos, meu amigo, que me disse que Alcântara, no Maranhão, estava entre os possíveis locais. Suas condições técnicas eram imbatíveis. Mais tarde, o Brigadeiro Délio me procurou para dizer que tinha batido o martelo e Alcântara tinha sido escolhida.

Em 1º de março de 1983, foi criado formalmente o Centro de Lançamento de Alcântara. Era a vitória da nossa batalha. Devemos fazer justiça ao governador João Castelo, que ofereceu todo o apoio do Estado para a sua construção.

Presidente da República, pude efetivar o esforço de implantação, e, em 21 de fevereiro de 1990, num dos meus últimos atos de governo, inaugurar as instalações do seu centro de operações e assistir ao lançamento de um foguete meteorológico. Foi com orgulho que apertei o botão para que subisse em céus do Maranhão. Destinei, como presidente, os maiores recursos de nossa História ao nosso sonho espacial.

Alcântara foi escolhida. Na minha cabeça, eu já via o Maranhão tendo um ITA e rivalizando com Cabo Canaveral e Kourou. Daí em diante, só tivemos decepções.

Em minha visita oficial à China, em 1988, fizemos um convênio de cooperação espacial, no qual estava previsto um programa de lançamentos conjuntos: os chineses lançariam um foguete em Alcântara e nós, um satélite em seu similar, o deserto de Gobi. Infelizmente, no Brasil, um governo não dá continuidade ao que o outro fez, e Alcântara ficou no esquecimento. Depois, com lágrimas e lamento, fui enterrar os corpos das vítimas da explosão do foguete brasileiro VLS-1 V03, cujo fracasso enterrou o sonho nacional de um programa próprio do CTA. Com Lula, demos um suspiro tentando um acordo com a Ucrânia, que foi uma perda de tempo e um fracasso completo.

Alcântara renasce agora, com o acordo firmado com os Estados Unidos, e vamos retomar o sonho de lançar foguetes, satélites e participar da aventura espacial do mundo. Ficar contra esse acordo seria um crime contra o Brasil, que não teve, e não tem, recursos para realizar esse sonho. Esse acordo nos dá a oportunidade de sermos referência mundial de tecnologia de ponta e de a nossa juventude entrar na modernidade.

Saudemos a ressurreição de Alcântara. Ela pode ser um grande passo para aumentar o patamar de desenvolvimento do Maranhão e participarmos do Futuro.


Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - 23 e 24/03/2019 – Capa

Comentário: Bom leitor, vale aqui ressaltar que, mesmo que não tenha sido por razões nobres, o ex-presidente Sarney foi realmente o único dos presidentes civis que contribuiu de alguma forma positiva com o PEB, e varias das infraestruturas hoje existentes tanto no INPE, bem como no IAE e no CLA, foram frutos da iniciativa de seu governo, como também alguns projetos espaciais da época. Quero aqui agradecer ao nosso leitor Edvaldo Coqueiro pelo envio deste artigo.

Comentários